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quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Desculpas...

MINHAS SINCERAS DESCULPAS
Ricardo Freire

Desculpe o atraso, chefe. É que o meu despertador não está quebra­do, eu não acordei tarde, hoje não é meu dia de rodízio, eu não fui ao dentista, minha filha não está doente, eu não precisei passar antes em lugar ne­nhum, não furou o pneu do meu carro, nem aconteceu nenhum acidente da minha casa até aqui. Foi por is­to que eu me atrasei.
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Desculpe ligar a essa ho­ra na sua casa. Mas, co­mo você manda a sua secretária dizer o tem­po todo que está em reunião, só deu para falar com você aqora.
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Ai, descuuuullllpaaaa! Eu não queria pisar no seu pé... Na verdade eu queria queimar seu braço com cigarro, mas, como eu não fumo, não deu.
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Desculpe a insistência. Mas, como a senhora é um pouco lenta, eu vou precisar repetir isso pela 18ª vez, que é pra ver se a senhora entende.
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Desculpe, mas agora não vou po­der atender você. Aliás, acho que eu não vou poder atender você nunca.
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Não repara, não. É só uma lembrancinha, viu? Se você parar pra pensar, vai ver que a gente não é amigo o su­ficiente para eu gastar mais do que isso num presente.
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Desculpa a bagunça. É que quando eu fui na sua casa estava muito pior, en­tão resolvi não esquentar muito.
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Desculpa a demora de retor­nar a sua ligação. Mas eu posso explicar: é que nesse meio-tempo ligaram quatro pessoas bem mais importantes do que você.
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Puxa vida. Desculpa. Sinceramente, nunca me aconteceu isso antes. Também, você é muito melhor de roupa.
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Desculpe por eu ter furado a fila bem na sua frente. É que isso já aconteceu tantas vezes comigo, que um dia eu ti­nha de fazer isso também.
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Desculpe os meus trajes, por favor. É que eu acho muito cafona o jeito que vocês se vestem em festas, e não achei nada no meu guarda-roupa que combinasse.
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Perdão. Esqueci seu nome. Aliás, eu acho que nunca cheguei a aprender o seu nome.
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Desculpa o mau jeito. Foi sem que­rer, mas eu adorei.
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Desculpe por eu ter atrasado o pa­gamento. Mas eu descobri que o juro do cheque especial do seu banco é bem menor que o do meu.
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Mil desculpas por a gente não ter ido a sua festa. É que tinha paredão no Big Brother, e a gente não con­seguiu sair de casa.
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Desculpe atrapalhar sua hora do al­moço, mas você está tão fora do peso que no fim das contas vai me agradecer.
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Desculpe tocar nesse assunto de no­vo, mas... Quando você vai procurar ajuda psiquiátrica, mesmo?
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Desculpa por eu não ter ido à es­tréia da sua peça. É que a última foi tão ruim que eu resolvi esperar pelas críticas primeiro.
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Desculpa qualquer coisa. Foi de pro­pósito, viu?
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Você vai ter de me perdoar. Porque de outra forma a gente nunca mais vai poder se falar mesmo.
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Olha, eu queria te pedir desculpa por todas aquelas coisas que eu te fa­lei hoje de manhã. Eu não devia ter sido tão sincero.
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Vou beijar-te agora, não me leve a mal, isso é assédio sexual.

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