SEJA ÉTICO

SEJA ÉTICO: Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução do conteúdo deste blog com a devida citação de sua fonte.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Real Gabinete Português de Leitura

Em maio de 1837, um grupo de 43 emigrantes portugueses resolve criar uma biblioteca voltada para os portugueses residentes no Brasil (país há menos de 15 anos independente). Em 1900, ela passa a ser pública, todos podem frequenta-la, não apenas os portugueses. Em 1906, o Rei D. Carlos atribui-lhe o título de “Real”: Real Gabinete Português de Leitura.
.
Em 1935, o governo de Portugal determina que ele receba um exemplar de cada obra publicada no país, e atualmente é a instituição que possui a maior coleção de obras portuguesas fora de Portugal, algumas delas raras. O edifício da atual sede, localizada na Rua Luis de Camões nº 30, no Centro do Rio de Janeiro, foi construído entre os anos de 1880 e 1887. A sua fachada é inspirada no Mosteiro dos Jerônimos, em Lisboa. 
Consta que o Real Gabinete Português de Leitura recebe a visita de algo em torno de 150 pessoas por dia. Tenho ido lá nos últimos dias por conta de uma pesquisa sobre mosaico em pedra portuguesa. O lugar é muito bonito e atrai mesmo a ida de muitos visitantes, principalmente turistas. Apesar de muito bonito e muito interessante, o RGPL tem alguns problemas. Os turistas entram, na maioria das vezes, em grupos e munidos de máquinas fotográficas. Ficam menos de cinco minutos e saem sem saber nada mais do que sabiam sobre o lugar antes de lá chegar, até porque não há visitas guiadas. Mas para quem está pesquisando, toda essa movimentação de turistas é muito ruim.
.
São várias pessoas conversando, mesmo que em voz baixa (alguns às vezes se excedem, o que provoca logo o pedido para que diminuam o tom de voz através de um shhhhhhhh! de uma das bibliotecárias). É o som das máquinas, o andar de lá para cá, e às vezes a curiosidade de alguma turista que procura ver por cima dos seus ombros o que você está pesquisando. Ou mesmo querendo tirar uma foto sua, como que para contextualizar a foto. Afinal, se é uma biblioteca tem que ter alguém pesquisando, lendo, não é mesmo? Tudo isso eu sei por experiência própria! rsrs E isso desconcentra bastante. Se fosse uma vez ou outra, tudo bem, mas não o tempo todo.
.
Não há um sistema de ar condicionado, apenas um ventilador de coluna, que fica localizado em uma das extremidades do salão. Quem estiver longe, passa calor, principalmente no verão. Há mais dois ventiladores de mesa, mas estes estão direcionados apenas às bibliotecárias. A iluminação é insuficiente. Há uma claraboia e um enorme candelabro, mas se o dia estiver nublado, fica difícil prosseguir na leitura e pesquisa. Muito provavelmente por isso o horário de funcionamento termine às 18 horas, antes do anoitecer.
Um outro problema tem a ver com a segurança do acervo. Os visitantes podem entrar com todos os seus pertences, isto é, bolsas, mochilas, sacolas etc. Eu vi uma mãe que entrou com o carrinho de bebê e circulou livremente pelo salão. Como há apenas duas bibliotecárias para trabalhar nos seus afazeres e tomar conta de tantas pessoas, sendo apenas uma quando elas se revezam para almoçar, há sempre o perigo que alguém mal intencionado se aproveite de um momento de distração delas para subtrair algum livro. É proibido que as pessoas mexam nos livros, mas furtos em bibliotecas acontecem no mundo todo, ainda mais onde houver facilidade. E, além disso, os visitantes não são obrigados a apresentar nenhum documento para entrar, somente assinam um livro de presença. Apenas quem vai pesquisar preenche os seus dados, mas também eles não são conferidos.
.
Até mesmo a Biblioteca Nacional já foi vítima de furtos, mas ela vem adotando cada vez mais medidas para evitá-los. Por exemplo, identificação do visitante, inclusive com fotografia através de uma web cam; proibição de entrada com qualquer tipo de bolsa, mochila e similares, que são deixados na recepção. Sejam visitantes ou pesquisadores. Não é para se desconfiar da honestidade das pessoas, claro, mas, também, não há como diferenciar visualmente os corretos dos desonestos, não é mesmo? Fica a dica para a administração do RGPL, que deve ter as suas dificuldades para implementar todas essas medidas (recursos financeiros, espaço físico etc.), mas, alguma coisa deve ser feita. E todos nós vamos gostar de saber que o valioso acervo desta importante instituição estará mais protegido. 
fr

Nenhum comentário: