17/12/2014: um dia histórico. Os presidentes cubano e
estadunidense anunciaram, ontem, a decisão dos Estados Unidos de restabelecer
as relações diplomáticas com Cuba. Às vésperas de completar 54 anos do rompimento
decidido pelo então presidente Dwight
D. Eisenhower, a 3 de janeiro de 1961, Barack Obama, em Washington, e Raúl
Castro, em Havana, anunciaram a reaproximação. Até o anúncio ao mundo, os dois
países mantiveram encontros secretos no Canadá e no Vaticano, mostrando também
a importante participação do papa Francisco. Houve uma troca de cidadãos de
lado a lado, presos há anos sob a acusação de espionagem: dois em Cuba, por três
nos Estados Unidos. Cuba será retirada de uma lista estadunidense de nações que
apoiariam o terrorismo, permitindo, assim, que passe a receber financiamentos
no exterior. Serão abertas embaixadas de Cuba em Washington, e dos Estados
Unidos em Havana. Além de tudo isso, há mais mudanças. Os Estados Unidos
facilitarão as viagens de seus cidadãos a Cuba, desde que não seja a turismo, e
a remessa trimestral de parentes residentes naquele país a cubanos passará de
U$ 500 para U$ 2.000. Cuba se comprometeu a ampliar o acesso da internet à
população; libertar 53 pessoas consideradas por Washington como 'presos políticos';
e permitir a atuação de organismos internacionais em seu território, como a ONU
e a Cruz Vermelha. O restabelecimento de relações, porém, não interfere, pelo
menos por enquanto, no fim do bloqueio imposto pelos Estados Unidos a Cuba,
vigorando desde 7 de fevereiro de 1962. Este somente pode ser extinto com
autorização do Congresso estadunidense. O restabelecimento de relações diplomáticas
foi comemorado por muitos como mais um resquício da Guerra Fria que se vai, mas
outros condenam a decisão de Obama por criticarem a falta de liberdade em Cuba.
Eu desejo que as relações dos dois países se normalizem, e que o bloqueio, que
já causou tanto prejuízo ao povo cubano, venha a ser derrubado de vez. O ideal
seria que os Estados Unidos também devolvessem a base naval de Guantánamo a
Cuba, mantida por eles por conta de um tratado que lhe deu domínio indefinido
no período pós-independência cubana. E que parassem de interferir na política
interna de Cuba. Ao mesmo tempo, os cubanos pudessem conduzir o país a uma
democracia, com as liberdades individuais garantidas. Mas, infelizmente, tudo
isso é muito difícil de vir a ocorrer. Até porque, pela proximidade de Cuba aos
Estados Unidos, estes sempre vão se achar no direito de ingerir-se na política
cubana, assim como fazem na América latina como um todo. De qualquer maneira,
fico feliz pela reaproximação dos dois países. Torço pela paz e harmonia nas
relações dos seus governos, porque, no final das contas, quem sofre com a
radicalização política é sempre o povo, principalmente do lado mais fraco. fr
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