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segunda-feira, 6 de março de 2017

Dica de livro: "1889"

1889: Como um imperador cansado, um marechal vaidoso e um professor injustiçado contribuíram para o fim da Monarquia e a Proclamação da República no Brasil, Laurentino Gomes, São Paulo, 1ª ed., editora Globo, 2013, 416 páginas.
 
Prêmio Jabuti de livro do ano de 'não-ficção', em 2013. Último livro da trilogia do autor, que faz questão de considerar esses trabalhos como "livros-reportagens", jornalista que é, e não historiador. A insatisfação dos militares com o governo levou ao golpe de 15 de novembro, do qual o povo não só não participou, como esteve alheio e confuso. Ao mesmo tempo, não houve reação em defesa da monarquia. Mesmo entre os soldados, a grande maioria não tinha consciência de que se pretendia a derrubada da Monarquia. O próprio marechal Deodoro da Fonseca, doente em casa, demorou a aceitar tomar parte do movimento, e ainda assim acreditando no início se pretender apenas a substituição do ministério.
 
A abolição da escravatura provocou enorme insatisfação à aristocracia rural, inconformados com o prejuízo com a perda de suas 'posses', os escravos, sem qualquer indenização. Além disso, acreditava-se que a princesa Isabel, destinada a substituir o imperador após sua morte, seria dominada pelo marido, o francês conde d'Eu, um estrangeiro, portanto. Os militares, por sua vez, sentiam-se desprestigiados e desrespeitados pela monarquia, por conta de acontecimentos que compõem a chamada 'Questão Militar'. D. Pedro II estava cansado, aos 65 anos incompletos era um velho, sem grande motivação para liderar o país.
                        
Dia 9 de novembro, a monarquia organizou um baile na Ilha Fiscal em homenagem à tripulação do navio chileno Almirante Cochrane, em visita ao Rio de Janeiro. Ao chegar, D. Pedro II teria se desequilibrado e caído no chão. Ao levantar-se, dissera: "A Monarquia tropeçou, mas não caiu...". Seis dias, no entanto, o imperador foi derrubado do poder, e obrigado a se exilar com a família na Europa.
 
Entre as lideranças civis de 1889, o autor considera o professor Benjamin Constant o "cérebro" do movimento, enquanto Deodoro da Fonseca foi o seu aglutinador no meio militar, sem quem o golpe não teria ocorrido. O período posterior à proclamação foi bastante tumultuado. Os militares adotaram um governo repressor e intolerante, recorrendo à censura à imprensa, ao estado de sítio e à violência para sufocar qualquer oposição. O número de mortos no período chegou a 35 mil pessoas.
 
Após renunciar em 1891, Deodoro da Fonseca foi substituído pelo vice, Floriano Peixoto, que radicalizou ainda mais o governo e a violência, ficando conhecido como o "marechal de ferro". Por conta disso, até hoje muitos em Florianópolis defendem a troca do nome da cidade, batizada em sua homenagem. Em poucos anos, essa República militar frustrou as expectativas daqueles que a apoiaram. Recomendo a todos os que gostam de História a lerem a trilogia: 1808, 1822 e 1889. fr

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