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segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Dica de filme: "O Pagador de Promessas"

O PAGADOR DE PROMESSAS
Brasil, 1962, Drama, preto e branco
Direção: Anselmo Duarte
Com: Leonardo Villar, Gloria Menezes, Dionisio Azevedo, Geraldo Del Rey, Othon Bastos, Norma Bengell, Antonio Pitanga.
Maravilhoso filme brasileiro, baseado em peça teatral homônima de Dias Gomes. Vencedor do prêmio Palma de Ouro, em Cannes, e indicado ao Melhor Filme Estrangeiro do Oscar. Uma crítica ao atraso do país, mergulhado na ignorância, na exploração religiosa e política do povo. Zé do Burro, interpretado por Leonardo Villar, sai de seu povoado, no interior da Bahia, a pé, carregando uma cruz de madeira, para entrar com ela na Igreja de Santa Bárbara, em Salvador. O esforço é para cumprir uma promessa feita à santa, por conta de seu burro, Nicolau, ter sido atingido na cabeça por um pedaço de árvore, derrubado por um raio. O animal sofreu hemorragia, e quase morreu, o que fez com que, desesperado, Zé do Burro fizesse uma promessa a Inhansã, em um terreiro de Candomblé, isto porque na capela de seu povoado não havia uma imagem da santa. Pelo sincretismo religioso, ela é Santa Bárbara. Após a recuperação do melhor amigo, Zé do Burro, então, passou a cumprir a promessa: dividiu suas terras com lavradores pobres e partiu para Salvador com a cruz, e com sua esposa, Rosa (Gloria Menezes), apesar dela não ter sido incluído na promessa. Ao chegar à capital, no entanto, tudo passou a dar errado. O padre Olavo (Dionisio Azevedo, o ‘seu’ Portuga da novela ‘O Meu Pé de Laranja Lima’, da TV Bandeirantes, na década de 1980), não permitiu sua entrada em sua igreja por ele ter feito a promessa no Candomblé. E o acusou de querer ser comparado a Jesus Cristo pelo sacrifício que fazia, além de estar sendo usado por Satanás, que o estaria ‘tentando’. Sem entender direito toda a situação, Zé do Burro apenas insistia em cumprir sua promessa, enquanto as demais pessoas à sua volta o ridicularizavam ou o usavam em proveito próprio. Um repórter de jornal sensacionalista passa a retratá-lo como sendo um revolucionário, defensor da reforma agrária e contra a exploração do pobre. O dono de um bar lucra com o aumento de pessoas, atraídas pela confusão. E um gigolô acaba se aproveitando da ingenuidade e fraqueza de Rosa, que depois se arrepende. Até um político tenta se aproveitar da imagem de Zé do Burro para fortalecer sua campanha eleitoral, como candidato do governo. O simplório Zé do Burro é explorado por todos por sua simplicidade e ignorância. Infelizmente, o filme permanece atual em um Brasil ainda sofrendo com a exploração da fé do povo, agora ainda mais também com denominações evangélicas; políticos e empresários desonestos e uma mídia muitas vezes sensacionalista. Acredito que valeria uma adaptação para o cinema hoje para o momento atual brasileiro. Em 1988, foi adaptado para a televisão, em minissérie da Rede Globo. fr

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