SEJA ÉTICO
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segunda-feira, 30 de abril de 2018
Arco do Telles
O Arco do Telles tem grande relevância histórica
como um pequeno pedaço do que sobrou da época do tempo colonial do Rio de
Janeiro. Atualmente, é usado como cenários para filmes e produções da TV, como
recentemente foi pela Rede Globo. E à noite a Travessa do Comércio e as
proximidades vivem tomadas pelos frequentadores dos bares e casas de shows da
região. Como se pode ver das fotos que tirei, abaixo, o Arco contrasta com os
modernos prédios construídos à sua volta. Foi tombado em 1938 como bem cultural
pelo IPHAN (Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), assim como o prédio nº 34 da
Praça 15 de Novembro. fr
domingo, 29 de abril de 2018
sábado, 28 de abril de 2018
sexta-feira, 27 de abril de 2018
Encontro histórico das duas Coreias anima o mundo
Os dois líderes
coreanos fizeram ontem um encontro histórico. O ditador norte-coreano Kim
Jong-um atravessou a fronteira e visitou a vizinha Coreia do Sul, sendo
recebido pelo presidente Moon Jar-in. A pauta da reunião foi sobre a
desnuclearização da região. É a primeira vez que um líder norte-coreano pisa no
solo vizinho, desde o fim da Guerra da Coreia (1950-1953). Apesar do fim
daquele conflito, até hoje os dois países não assinaram formalmente um acordo
de paz, estando apenas vivendo em um armistício,
ou seja, em uma interrupção dos confrontos. Vivem até hoje em estado de guerra,
apesar de todas as transformações pelas quais o mundo passou desde então,
inclusive o fim da Guerra Fria. Esta é a retomada das conversações de paz,
interrompidas em 2008. O mundo inteiro comemorou o encontro, e países como Rússia,
China e Japão manifestaram o interesse em participar dos esforços para
encontrar a paz na região. Pelo menos no discurso... Os Estados Unidos, por
terem participado da Guerra da Coreia, devem participar e aprovar os termos do
tratado entre os dois países. Vamos torcer! fr
quarta-feira, 25 de abril de 2018
Dica de filme: "Olhar Estrangeiro"
Brasil, 2006, Documentário
Direção: Lúcia Murat
Com: Michael Caine, Jon Voight, Larry Gelbart,
Hope Davis
Assisti na videoteca do CBBB ao filme
“Olhar Estrangeiro”, documentário que expõe a visão estereotipada que o cinema
e as pessoas em geral nos Estados Unidos e na Europa têm do Brasil e dos
brasileiros. O filme cita 16 produções estrangeiras que usam o Brasil como
cenário ou tema; e entrevistas com 15 atores, diretores e produtores. É muito
curioso, e até um pouco revoltante, constatar como é grande a ignorância no
exterior acerca do Brasil, dos nossos costumes e cultura. Até mesmo por conta
dos profissionais responsáveis pela produção dos filmes, que seriam os
responsáveis pela pesquisa sobre o país do qual estão retratando. Um absurdo!
Os filmes cometem erros ridículos, como passar a ideia que o povo fala
espanhol, as mulheres andam sem a parte de cima do biquíni naturalmente nas
praias, as pessoas praticam, em sua maioria, rituais da Umbanda ou Candomblé, e
por aí vai. Os entrevistados mostravam-se surpresos quando informados que o que
era mostrado em seus filmes não correspondiam com a verdade, o que mostra o
pouco caso em procurar conhecer um pouco que fosse sobre o Brasil e os brasileiros.
Vale a pena uma conferida! fr
segunda-feira, 23 de abril de 2018
Brasil conquista 7º título em 8 edições da Copa América de futebol feminino
De forma invicta, o Brasil conquistou ontem, no Chile, o sétimo título
em oito edições da Copa América de futebol feminino (1991, 1995, 1998, 2003, 2010, 2014 e 2018). Venceu neste domingo, por
3x0 a Colômbia, e já entrou em campo com a taça garantida, já que a Argentina,
única rival que poderia encostar em pontos, se o Brasil perdesse seu último
jogo, perdeu por 4x0 para as chilenas, vice-campeãs. A campanha vitoriosa: 3x1 Argentina, 8x0 Equador,
4x0 Venezuela, 7x0 Bolívia, 3x1 Chile, 3x0 Argentina e 3x0 Colômbia. Uma
superioridade inquestionável: sete vitórias em sete jogos, 31 gols marcados e
somente dois sofridos, 29 gols de saldo a favor (a vice-campeão, o Chile, teve
um saldo a favor de apenas oito gols). As brasileiras
garantiram vaga na Copa do Mundo do
ano que vem, na França, e nos Jogos Olímpicos de 2020, em Tóquio. fr
domingo, 22 de abril de 2018
sábado, 21 de abril de 2018
quinta-feira, 19 de abril de 2018
Cuba escolhe sucessor de Raúl Castro
Em decisão histórica, a Assembleia Nacional
de Cuba aprovou o nome de Miguel Díaz-Canel como o novo presidente cubano,
interrompendo a sequência dos revolucionários irmãos Fidel e Raúl Castro no
poder, há quase 60 anos. Candidato único, ele foi eleito pelos 604 deputados e
garantiu que a mudança de comando não representa o distanciamento dos ideais
revolucionários:
-
Para aqueles que por ignorância ou má-fé duvidam de nosso compromisso, devemos
dizer-lhes que a revolução continua e continuará. O mundo recebeu a mensagem
errada de que a revolução termina com seus guerrilheiros.
Ontem, os
parlamentares haviam aprovado uma lista de 31 nomes para o Conselho de Estado O
atual líder Raúl Castro permanecerá ainda como o secretário-geral do Partido
Comunista de Cuba (PCC) até 2021, chefe das Forças Armadas e deputado nacional.
A mudança já era esperada, e foi anunciada por Raúl quando ele assumiu o poder,
em substituição a seu irmão Fidel Castro, afastado por problemas de saúde. Amanhã,
dia 20, Díaz-Canel completa 58 anos de idade.
Díaz-Canel nasceu em 1960, ano seguinte à
Revolução Cubana, liderada pelos irmãos Castro, e tem em sua trajetória
política ter sido líder da União de Jovens Comunistas na província central de Villa Clara, onde nasceu;
líder da Juventude Nacional do PCC; ministro do Ensino Superior e
vice-presidente do Conselho de Ministros para a Ciência, Educação, Esportes e
Cultura. A mudança é interpretada como uma necessária substituição política,
tendo em vista Raúl Castro já estar às vésperas de completar 87 anos.
A tendência do novo governo é levar adiante a
abertura econômica, de forma lenta e controlada, e a reaproximação com os
Estados Unidos, apesar do seu atual presidente, Donald Trump, continuar a
demonstrar não ter o mesmo interesse. O mandato do presidente Díaz-Canel será
de cinco anos, podendo ser reeleito por apenas mais um período igual de tempo. Eu
torço para que Cuba promova uma grande abertura política e econômica, sem
resvalar para o capitalismo selvagem que conhecemos no Brasil e no restante da
América Latina e para a subserviência aos Estados Unidos ou a qualquer outro país.
fr
domingo, 15 de abril de 2018
Dica de livro: "Helena"
Li recentemente mais este livro de Machado de
Assis (1839-1908), e gostei muito.
Lançado em 1876, ele faz parte da chamada fase
romântica do autor. É ambientado no Brasil Colônia, quando o país ainda
convivia com a escravidão e o patriarcado. Em 1859, com a morte do conselheiro
Vale, sua família é surpreendida pela inclusão como herdeira em seu testamento
de uma filha desconhecida até então - Helena, de cerca de 17 anos. E pela
solicitação de que ela fosse aceita por todos como se fosse filha de sua
esposa, já falecida e que aceitava com resignação sua aventuras extraconjugais.
Na chácara do conselheiro, localizada no
bairro do Andaraí, moravam a irmã do conselheiro, dona Úrsula, e o filho,
Estácio, de 27 anos, e viúvo, que aceita a chegada da irmã à família de
imediato. Dona Úrsula, no entanto, mostra alguma resistência no início em
receber na família uma “intrusa”, concordando somente em que fosse paga a sua
parte na herança, mas, aos poucos, vai aceitando Helena como sobrinha.
Frequentadores habituais da casa, o médico da família, doutor Camargo, e o
padre Melchior, têm posturas diferentes. O primeiro não aceita bem a chegada da
jovem, que até então ninguém sabia que existia, porque tinha esperanças que
Estácio viesse a se casar com sua filha, Eugênia. A chegada de mais um parente
significava para ele a diminuição do patrimônio do pretendido futuro genro. Estácio
não tinha muita convicção se deveria casar com a ela, mas sabia que era a
decisão que esperavam que ele tomasse:
“O amor de Estácio tinha a particularidade de
crescer e afirmar-se na ausência e diminuir logo que estava ao pé da moça. De
longe, via-a através da nuvem luminosa da imaginação, ao pé era difícil que
Eugênia conservasse os dotes que ele lhe emprestava.”
O religioso, ao contrário, recebe muito bem
Helena, que perdera a mãe quando ela tinha 12 anos e levou à residência da
família uma alegria e uma descontração que encantaram a tia e o irmão. Entretanto,
ao apresentar a irmã a um antigo colega da juventude, Luis Mendonça, recém-chegado
da Europa, Estácio não aceita bem que este se apaixone por Helena, e se recusa
a abençoar a união dos dois. Helena, por sua vez, não demonstra muito
entusiasmo pelo casamento, mas o aceita por convicção:
“Paixões de largos anos, chegando ao
casamento, acabam muitas vezes pela separação ou pelo ódio, quando menos pela
indiferença. O amor não é mais que um instrumento de escolha; amar é eleger a
criatura que há de ser companheira na vida, não é afiançar a perpétua
felicidade de duas pessoas, porque essa pode esvair-se ou corromper-se. Que
resta à maior parte dos casamentos, logo após os anos de prisão? Uma afeição
pacífica, a estima, a intimidade. Não peço mais ao casamento, nem lhe posso dar
mais do que isso.”
A descoberta de um segredo mantido
por Helena acaba por mudar o sentimento de todos a seu respeito. Próximo da
residência da família, havia uma casa pobre, onde residia um homem misterioso,
a quem Helena visitava frequentemente. A descoberta gerou desconfianças entre
os familiares, conflitos com conceitos morais da época e acabou levando a um
desfecho inesperado.
Lendo sobre o livro na internet, encontrei a
informação de que a “crítica moderna” consideraria o livro “Helena” “o mais
"fraco romance de Machado de Assis”, voltado apenas para mulheres
românticas e muito sensíveis. Vai entender... eu o considero um dos seus
melhores livros! Como
todos os outros que já li do autor, seus textos se utilizam de expressões do
século 19 e da mesóclise (“vexar-me-ia...”), mas a leitura é agradável e Machado
de Assis consegue prender a atenção do leitor, mantendo um clima de expectativa
e de suspense sobre o final da estória.
“Helena” é narrado na primeira pessoa, e, em determinadas passagens, o autor conversa com o leitor, característica que eu já identifiquei em outros de seus livros. Três curiosidades constatadas no livro me chamaram a atenção. Uma pessoa com 60 anos, idade do padre Melchior, por exemplo, já se considerava um “ancião”, que podia morrer a qualquer hora. E o casamento era o caminho natural que se esperava das pessoas, mesmo que sem amor. Os homens para serem vistos com mais respeito, e as mulheres, desde cedo, preparadas para ter filhos, cuidar da casa e da família, e para não ficarem “para titias”. À época, as pessoas utilizam as correspondências para se comunicar, entregues pelos seus escravos. “Helena” foi adaptado para a televisão, no gênero de novela, em algumas oportunidades. Eu indico, é um ótimo livro, um dos melhores de Machado de Assis. fr
“Helena” é narrado na primeira pessoa, e, em determinadas passagens, o autor conversa com o leitor, característica que eu já identifiquei em outros de seus livros. Três curiosidades constatadas no livro me chamaram a atenção. Uma pessoa com 60 anos, idade do padre Melchior, por exemplo, já se considerava um “ancião”, que podia morrer a qualquer hora. E o casamento era o caminho natural que se esperava das pessoas, mesmo que sem amor. Os homens para serem vistos com mais respeito, e as mulheres, desde cedo, preparadas para ter filhos, cuidar da casa e da família, e para não ficarem “para titias”. À época, as pessoas utilizam as correspondências para se comunicar, entregues pelos seus escravos. “Helena” foi adaptado para a televisão, no gênero de novela, em algumas oportunidades. Eu indico, é um ótimo livro, um dos melhores de Machado de Assis. fr
sábado, 14 de abril de 2018
Dica de livro: "Quincas Borba"
Machado de Assis retoma ao livro
“Memórias Póstumas de Brás Cubas”, através do personagem Quincas Borba, 10 anos
depois. No prólogo da terceira edição de “Quincas Borba”, ele comenta que “um
amigo e confrade ilustre” “teimava” para que o autor viesse a dar continuidade
a ele, através da personagem Sofia, fechando, assim, uma trilogia. Machado
chegou a considerar essa possibilidade, mas decidiu que não o faria: “A Sofia
está aqui toda. Continuá-la seria repeti-la, e acaso repetir o mesmo seria um
pecado”. E acrescenta que foi tachado justamente de ser repetitivo em seus
livros, e terminou o prólogo agradecendo àqueles que o defenderam. Mesmo assim,
o autor voltaria a retomar um personagem de um livro para o outro, com o
conselheiro Aires, em “A Mão e a Luva”, de 1874, e “Memorial de Aires”, de
1908, seu último romance. Estes dois livros eu já comentei aqui, no meu blog.
Em “Quincas Borba”, apesar do
título é o professor Rubião que tem sua estória contada. Ele cuidou de Quincas
durante seis meses, quando este apresentava problemas mentais, e recebeu dele
uma fortuna de herança, com a condição no testamento de que cuidasse de seu
cachorro, que levava o nome do dono. Rico, Rubião resolve deixar sua cidade,
Barbacena, e ir para a Corte, no Rio de Janeiro. No caminho, na estação de
trens de Vassouras, conhece o casal Cristiano Palha e sua esposa, Sofia. Com o
tempo, Rubião apaixonou-se pela esposa do amigo, e acreditava que o interesse
era recíproco, já que ela não o afastava, chegando a ser atrevido com ela em
determinado momento, mostrando o seu interesse. Ela denuncia ao marido o
comportamento de Rubião, mas ele pede que o tolere, já que devia muito dinheiro
ao amigo mineiro.
Com o tempo, Rubião e Palha se
aproximam mais e mais, chegando a se tornar sócios. Rubião tentou, mas não
conseguiu indicação para ser deputado; àquela época, como atualmente, na
política contava mais a influência do que o preparo. Ele vivia cercado de
falsos amigos, que frequentavam sua casa para comer e lhe pedir dinheiro
emprestado, e passou a demonstrar confusão mental. Gastava muito, e sem
controle. Atenção, a seguir vou escrever
informações sobre o final do livro, então, quem não quiser saber
antecipadamente, pare aqui!
Palha soube aproveitar-se da
amizade, e, com o tempo, conseguiu ascender socialmente; quando não precisou
mais do amigo, inventou uma desculpa e desfez a sociedade, passando a evitá-lo,
assim como Sofia, que acreditava que ele perdera a razão pelo amor que lhe
tinha. Para dar um ano ao período da estória, no início de 1870 Rubião deixava
claro às pessoas estar com problemas mentais; assim como o homem que lhe fez
herdeiro. Alternava momento de lucidez com outros em que acreditava ser
Napoleão III. Com a perda de grande parte da fortuna, mesmo ainda restando uma
boa soma, mas, principalmente, da razão, as pessoas o abandonaram, passando a
trata-lo com frieza e indiferença. Somente uma pessoa interessava-se em ajudá-lo,
mesmo sem ter muita proximidade a ele, mas por compaixão, D. Fernanda. E por
insistência dela, Rubião acabou internado por Palha para se tratar.
Apesar do otimismo do médico, e
que dizia estar confiante em curá-lo em mais algum tempo de internação, Rubião
foge da casa de saúde e retorna para sua cidade, Barbacena. Assim como aconteceu
com Quincas Borba, ele passa a viver na rua, acaba doente e em poucos dias
morrendo. Sem nunca ter casado. O cachorro, novamente sem dono, morre três dias
depois. Curioso ler que à época dos acontecimentos do livro, que se passam no final
do século 19, as mulheres pouco mostravam do corpo em público, os braços estavam
quase sempre cobertos, que diferença de hoje em dia! rsrs As mulheres tinham
por objetivo um bom casamento, mesmo sem amor ou afinidades com o noivo, e
preocupavam-se quando se aproximavam dos 30 anos solteiras. As pessoas se
locomoviam de charretes e aqueles com mais condições financeiras, passeavam de
cavalo pela cidade. A estória foi inicialmente publicada na revista “Estação”,
de 1886 a 1891, quando passou ao livro. Em “Quincas Borba”, Machado de Assis
não usa a figura de um personagem como narrador, como em outras de suas obras,
é ele próprio, o autor, que narra a estória. Mas mantém o uso de capítulos,
neste caso, 201 capítulos. Recomendo! fr
sexta-feira, 13 de abril de 2018
Chaves & Chapolin Colorado
Em
meio a uma programação dominada por seriados vindos sempre do mesmo país, os
Estados Unidos, a televisão brasileira tem a rara, mas brilhante, opção de
programas de origem mexicana que alegram os brasileiros há décadas. São as
criações de Roberto Gómez Bolaños (1929-2014), entre as quais eu vou destacar
“Chaves” e “Chapolin Colorado”, exibidos pelo SBT. Bolaños exerceu várias
atividades: ator, diretor, humorista, compositor, cantor, produtor de
televisão, publicitário, roteirista, além de ser formado em Engenharia
Elétrica, sem ter seguido a carreira. Ele é conhecido em seu país natal como
‘Chespirito’, derivação em espanhol de Shakespeare, comparação que recebeu pela
sua capacidade e talento de redigir textos.
Os
programas de Bolaños foram exibidos em diversos países pelo mundo,
fazendo enorme sucesso na América Latina e, principalmente, no Brasil. Em Los Angeles, EUA, Chaves chegou a
ganhar um dia comemorativo em sua homenagem, celebrado todo dia 8 de setembro. Vários
produtos surgiram em função dos seriados: discos musicais, desenho
animado, quadrinhos, licenciamento para uso da imagem dos personagens em brinquedos, roupas,
alimentos, material escolar etc.
O curioso é que o SBT comprou os seus
direitos de exibição, na década de 1980, como contrapeso a um pacote de novelas
mexicanas, e os programas não agradaram a seu proprietário, o
apresentador e empresário Silvio Santos, nem aos demais diretores, mas todos
acabaram descobrindo que eram justamente esses os principais produtos a serem
exibidos. Em 1990, a emissora comprou novo pacote de episódios. Os programas
contavam com uma produção modesta, as roupas dos personagens muitas vezes eram
dos próprios atores, como as do seu Madruga. A primeira exibição no SBT foi em
1984, apenas três anos após a inauguração da emissora paulista.
“Chaves”
(“El Chavo del Ocho”, por conta do canal mexicano que o exibia inicialmente era
o Canal 8, da Televisión Independiente de México, e a casa onde ele
supostamente morava era a casa 8, apesar de nunca ter sido visto nela) é o
programa principal e o mais querido. É a estória de um menino órfão, de 8 anos,
que vive com fome e sempre vestido com a mesma roupa, rasgada, interpretado por
Bolaños. O seu nome verdadeiro nunca foi revelado; “chaves” é uma gíria em
espanhol, que significa garoto, menino. Eu lembro que em um episódio, Chaves ia
dizer o seu nome, mas foi interrompido, acho que pelo Quico.
Desde
sua estreia, os episódios de “Chaves” vêm sendo repetidos pelo SBT, sempre com
muito sucesso, e quando a emissora o tira do ar recebe uma enxurrada de
reclamações dos chamados ‘chavemaníacos’. O seriado conquistou admiradores em
várias faixas de idade, sejam crianças ou adultos, e vem mantendo o interesse,
apesar de já passado tanto tempo de sua exibição original e das repetições já
terem ocupado vários horários da programação, de manhã, de tarde e à noite. O
seu público não cansa, e, apesar das piadas serem hoje consideradas bobas,
ingênuas e, mesmo, conhecidas, ainda agradam, tanto que o SBT não deixa de exibir
o programa. A emissora, aliás, tem se beneficiado muito dessas séries,
responsáveis pela sua popularização na década de 1980.
E
justamente por causa de tanto sucesso, o Multishow, das organizações Globo, anunciou
em janeiro a compra dos direitos de exibição para TV por assinatura e internet
dos seriados “Chaves” e “Chapolin Colorado”. A emissora pretende, inclusive,
exibir episódios ainda inéditos no Brasil, os chamados “episódios perdidos”,
que não foram exibidos devido à sua baixa qualidade técnica, produzindo a sua própria
dublagem. Mas, segundo a imprensa divulgou, o SBT ainda detém os direitos para
a TV aberta até o fim de 2020. Eu lembro que há um tempo atrás o canal de TV a
cabo Boomerang chegou a exibir os dois programas, em diferentes horários,
inclusive a partir da meia-noite.
As
estórias se passam, em sua maioria, em uma vila pobre, propriedade do sr. Barriga (Edgar Vivar). Chaves (Roberto Bolaños) supostamente
morava na casa de nº 8, mas ela nunca foi mostrada, nem esclarecido com quem
ele moraria, pelo menos que eu saiba, e sempre que ele se aborrecia ou apanhava
do seu Madruga, ele entrava em um barril, que ficava no pátio da vila. Seus
amiguinhos eram o Nhonho, filho do
sr. Barriga, que não morava na vila, e também era interpretado por Edgar Vivar;
Quico (Carlos Villagrán), menino
também órfão de pai, de grandes bochechas,
mimado pela mãe e que costumava se gabar dos seus brinquedos mais caros; e a Chiquinha (Maria Antonieta de las
Nieves), a mais madura e esperta das crianças, e que tinha uma paixão não
correspondida por Chaves.
Os
moradores adultos eram igualmente problemáticos. O sr. Madruga (Ramón Valdés), viúvo, pai da Chiquinha, vivia
desempregado, procurava de todas as maneiras fugir do trabalho, apesar de às
vezes acabar fazendo algum serviço para conseguir pagar os 14 meses de alugueis
atrasados ao sr. Barriga, seja como sapateiro, leiteiro, carpinteiro, vendedor
dos churros da dona Florinda etc. Dona
Florinda (Florinda Meza), uma senhora que vivia com bobes no cabelo e
sempre se lamentava por ter que morar com vizinhos tão desqualificados. Um dos
momentos mais engraçados era justamente quando, depois de bater no seu Madruga,
ela chamava o filho para dentro de casa, e dizia para ele: “Venha, Quico, não
se junte com essa gentalha!”. Ela era apaixonada pelo professor Jirafales (Rubém Aguirre), professor das crianças, em uma
relação com muita insinuação e pouca atitude, e que vivia sendo chamado de
“professor Linguiça”, por conta de sua altura.
Outra
vizinha da vila era a Dona Clotilde
(a espanhola Angelines Fernández), mais conhecida como a Bruxa do 71, uma senhora solteira e que tentava de todo o jeito se
casar com o sr. Madruga, e era temida pelas crianças, que a viam como uma
bruxa. Aliás, um dos episódios mais legais que eu lembro ter assistido foi o “A
Casa da Bruxa do 71”, em que os meninos acreditam ter entrado no seu “castelo”,
na realidade, era a sua casa. O nome da personagem faz menção a um costume da
década de 1970, no México, onde as misses eram conhecidas como “Musa de 1968”,
“Musa de 1969” etc., e Roberto Bolaños fez a adaptação para o inverso, como
brincadeira, usando o ano de 1971. Jaiminho (Raúl ‘Chato’ Padilla) era o carteiro que fazia
tudo bem devagar, para “evitar a fadiga”, vivia falando de sua cidade natal,
Tangamandápio, pequeno município do estado de Michoacán, no México, e que
acabou homenageando o personagem com uma estátua em 2012.
Dona Neves,
interpretada pela própria Maria Antonieta de las Nieves, era a avó da
Chiquinha. Pópis, sobrinha da dona
Florina, era uma menina fanha, vivida também pela atriz Florinda Meza; lembro
do Roberto Bolaños dizer em uma entrevista no programa do Ratinho, no SBT, que
um dia ele recebeu uma carta de um pai dizendo que toda vez que a Pópis aparecia
na televisão, seu filho sofria com deboches dos coleguinhas por ser gago, e ele
diz ter sofrido muito com isso. Outros personagens, considerado secundários,
completam o elenco. Carlos Villagrán, Edgar Vivar e Maria Antonieta de las
Nieves já vieram várias vezes ao Brasil, participando de programas de televisão
e fazendo shows, sempre com muito
sucesso. Rubém Aguirre, pelo que pude pesquisar, veio uma vez, em 1996;
Florinda Meza, em 2015, e Roberto Bolaños, em 1981, quando estava a caminho do
Paraguai, em turnê com o elenco de “Chaves”, tendo ficado dois dias em Foz do
Iguaçu.
Os
programas de “Chaves” e “Chapolin Colorado” foram antecedidos por outros, com
os mesmos atores vivendo curtas situações de humor, tais como “Chespirito” e "Los Supergenios de la Mesa Cuadrada".
Foi entre esses quadros que surgiram os personagens do Chaves e do Chapolin
Colorado, que viriam a ter seus próprios programas depois. Os dois programas começaram
a ser exibidos no México em 1970-1971, pelo Canal 8, da Televisión Independiente de México. Em 1975, Roberto Bolaños os
levou para o Canal 2, da Telesistema Mexicano, mas no mesmo ano os dois canais
se uniram, dando origem à Televisa. Durante o período em que foram gravados,
alguns atores deixaram os seriados.
Em
1973, Maria Antonieta de las Nieves foi para o Canal 13, e a maneira encontrada
por Bolaños foi dizer que a Chiquinha tinha ido estudar no interior (a tradução
optou pela cidade paulista de Presidente Prudente), e morar com uma tia. No ano
seguinte ela retornou. Mas em 2002, Bolaños a processou por uso da imagem da
personagem sem autorização; anos depois a atriz venceu a disputa, sendo
autorizada a interpretar a Chiquinha, mas a amizade nunca mais foi
restabelecida. A adaptação de “Chaves” para desenho animado, em 2006, excluiu o
personagem da Chiquinha.
Em
1978, Carlos Villagrán também saiu, interpretando o personagem Quico em shows,
o que acabou gerando uma desavença com Roberto Bolaños, inclusive uma disputa
judicial pelos direitos do personagem. Para contornar a ausência de Quico na
série, dona Florinda abriu um restaurante, onde passava a maior parte do tempo.
Bolaños morreu em 2014, sem falar com Villagrán há anos. Em 1979, foi a vez de
Ramón Valdés deixar os programas, passando a trabalhar com Villagrán em
programas de TV na Venezuela, em que o nome do personagem Quico foi alterado
para “Kiko”. Carlos Villagrán diz que o sucesso do seu personagem o tornava
mais querido e com mais destaque no programa “Chaves”, o que teria causado
ciúmes a Bolaños. Além disso, dizem que o fato dele ter namorado com a atriz
Florinda Meza, antes de ela casar com Roberto Bolaños, em 2004, teria
contribuído para o afastamento dos dois.
Entre
os atores principais, somente Florinda Meza, Carlos Villagrán e Maria Antonieta
de las Nieves estão vivos. Roberto
Bolaños faleceu em 2014, aos 85 anos de idade. “Chaves” é um programa
repleto de situações “politicamente incorretas” para os dias atuais. O Seu
Madruga bate nas crianças; a Dona Florinda esbofeteia o Seu Madruga; todos
fazem bullying uns
com os outros o tempo todo; e por aí vai... Mas também procura inserir críticas
sociais no contexto dos episódios, como a situação das crianças pobres e os
desníveis sociais da sociedade mexicana, bem semelhantes aos existentes nos
países latino-americanos em geral. Em várias oportunidades eu já ouvi o ator Edgar
Vivar dizer que todos os textos e diálogos de Chaves e Chapolin Colorado eram
criação do próprio Roberto Bolaños.
“Chapolin
Colorado” (“El Chapulín Colorado”) surgiu em 1970, e é uma paródia de Bolanõs
aos super-heróis famosos dos Estados Unidos, com muitas tiradas sobre a
situação política da época. Ele é um anti-herói, como o próprio criador o
define: “Chapolín não tem as propriedades extraordinárias dos super-heróis: é
tonto, desastrado e medroso. Mas também é um herói porque supera o medo e enfrenta
os problemas e é aí que estão o heroísmo e a humanidade.”
Os
atores participantes são os mesmos do programa “Chaves”, com a diferença que
Bolaños é o único com um personagem fixo, o próprio Chapolin, enquanto os
demais podiam fazer vários outros diferentes, apesar de alguns vilões
aparecerem mais vezes, como o Tripa Seca e o Quase-Nada. Ramón Valdez
interpreta o Super Sam, uma mistura do ‘Super Man’ com o Tio Sam; uma
caricatura de um herói com forte sotaque inglês e sempre segurando um saco de
dinheiro.
A
palavra “chapulín” significa grilo, gafanhoto. O herói aparecia de repente,
sempre que alguém, em desespero, perguntava: “Oh! E agora... quem poderá me
defender?”, e suas aventuras podiam se passar em qualquer época da História, na
Idade Média, no Velho Oeste, ou mesmo no espaço. O programa terminou em 1979, praticamente
ao mesmo tempor que “Chaves”, mas ambos retornaram na década seguinte como quadros no programa “Chespirito”, batizado no Brasil como “Clube do Chaves”, parando de vez em
1992. Em 2015, a série também foi adaptada para o desenho animado na TV.
Chapolin Colorado tem
sido homenageado pelo mundo dos quadrinhos. Em “Os Simpsons”, por exemplo, tem o
personagem Bumblebee Man, criado após Matt Groening, o criador da família
amarela, ter assistido o programa mexicano em um motel na fronteira dos EUA com
o México. A Marvel também criou um personagem inspirado no Chapolin. Ano
passado, o mexicano Humberto Ramos e o estadunidense Mark Wais criaram a
heroína Red Locust (“Gafanhoto Vermelho”). [Informações pesquisadas na
internet.] fr
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