Amanhã, volto para Amadora, onde durmo no hotel, para pegar
o avião de retorno ao Rio de Janeiro no dia seguinte. Minha mãe ainda fica aqui
em Portugal por mais dois meses com a nossa família. Fiz uma pequena lista com
20 observações interessantes sobre o período em que estive em Portugal. É um país
lindo, tem muito o que conhecer, tem também problemas, como é natural de
qualquer país, mas que vale à pena ser visitado, e eu indico para todo mundo.
Conforme for, eu mesmo pretendo voltar um dia.
1. Quando cheguei a Lisboa, quis pedir um Uber para ir do aeroporto para o
hotel, mas não consegui. Uma das funcionárias me informou que em Portugal o
Uber não aceita dinheiro (!).
2. Somente no hotel eu percebi que o identificador da minha mala tinha
sido retirado, e o da minha mãe, que era formado por vários quadrados, estava
todo riscado à caneta, com xis e bolas. Nós tínhamos comprado os dois
identificadores para a viagem, eram novos. Não dá para saber se foi no
aeroporto do Rio de Janeiro ou no de Lisboa. Seja como for, é uma vergonha a
gente saber que os funcionários de aeroporto se prestam a esse papel. Pelo
menos não demos por falta de nada de mais valor, ainda bem!
3. Estamos no verão, e os dias com sol são longos, e escurece bem tarde,
por volta de umas oito da noite, o que é muito bom, principalmente para quem
está passeando. As pessoas nem dizem “boa noite” enquanto está sol, só “boa
tarde”.
4. Estávamos em Lisboa durante a Copa do Mundo da Rússia. Eu notei que as
pessoas com quem eu conversava não estavam muito empolgadas, mesmo tendo o
melhor jogador do mundo, segundo a FIFA, o Cristiano Ronaldo. Somente pela
televisão eu via a animação, principalmente dos jovens, nos dias dos jogos de
Portugal. Telões foram instalados em pontos de muita concentração de pessoas. Mas
não é igual ao Brasil. Tudo funciona mesmo nos dias dos jogos da seleção
portuguesa, ninguém sai mais cedo, não escutei fogos de artifício, e as ruas em
geral não estavam enfeitadas, quando muito eu vi umas poucas bandeiras de
Portugal nas janelas.
5. Os portugueses podem não mudar sua rotina por conta do Mundial, mas
muitos torcedores de clubes são fanáticos e violentos, como no Brasil. E brigam
seja pelo futebol ou por outro esporte, para “defender” o clube do coração. Vi
na televisão cenas de brigas de torcidas após um jogo de handebol, em Lisboa.
Bom, para mim, seja no Brasil ou em Portugal, lugar de bandido, mesmo vestido
de torcedor, é na cadeia. Assim os estádios ficam livres para nós, os
verdadeiros amantes do esporte.
6. Aqui em Portugal, os autocarros (ônibus) não têm catracas, e as pessoas
respeitam o motorista, pagando suas passagens. E usa-se muito os comboios
(trens), que levam as pessoas para todos os lugares, são limpos e passam em
intervalos curtos, sem grandes atrasos. Eu estive em Lisboa durante alguns dias
de paralisações dos funcionários dos comboios, e elas eram avisadas com
antecedência à população. Quando terminavam, houve, sim, atrasos no retorno das
atividades.
7. Os motoristas em Portugal são obrigados a parar quando alguém está na
passadeira, ou seja, na via de pedestre, aguardando para atravessar a rua. Mas
se você estiver fora dela, nem adianta que os carros vão continuar o seu
caminho, e estão certos. Mas, vi muitos motoristas se estressando uns com
outros quando estavam em cruzamentos.
8. Eu vi pobreza em Lisboa, com alguns mendigos pedindo esmola, mas, nem
de longe, nada que se aproxime do que existe no Brasil, onde tem pobreza e
miséria, e muita gente dormindo na rua, consumindo drogas e cometendo crimes,
inclusive menores de idade.
9. Enquanto estive em Portugal, vi na imprensa notícias de assaltos, e até
crimes violentos, como um homem que foi morto e teve o corpo queimado dentro do
carro, no Algarve. Mas no Brasil, infelizmente é muito pior.
10. Um dia, andando com minha mãe pelo Rossio, passei por um rapaz
oferecendo drogas (parecia maconha) à luz do dia, muito à vontade. Infelizmente
isso é algo que pode acontecer em qualquer grande cidade do mundo, inclusive no
Brasil.
11. É evidente que quem viaja não é para ficar no hotel vendo televisão,
mas em algum momento você vai ligar a TV. E a programação aqui em Portugal é
inferior à da TV brasileira. No Brasil, a gente reclama, mas ainda assim é mais
variada e melhor do que aqui. Em Portugal, tem mais programas e canais
dedicados ao esporte, principalmente ao futebol, mas durante o tempo em que
estive aqui se falava o tempo todo no Sporting, nas agressões sofridas pelos
seus jogadores por parte de “torcedores”, e se o presidente deveria ou não ser
afastado. Chega um momento que cansa. Aqui passa a Globo e a Record
Internacionais.
12. Para quem curte História, como eu, Portugal é nota 10. Aonde se vá tem
lugares históricos, e muitos deles relacionados à História do Brasil.
13. Os portugueses, em sua maioria, não são muito abertos, mas ainda assim
encontrei pessoas prestativas e muito simpáticas. Não é que os portugueses
sejam antipáticos, eles são mais sérios, reservados. E são mais objetivos, não
são muito de compreender determinadas expressões ou tiradas humoradas, é
preciso ser direto quando for pedir algo. Eu me lembro que em Amadora, eu
perguntei a um senhor se conhecia um determinado lugar, e ele respondeu “sim!”,
e ficou parado me olhando... kkkkkkk Eu tive, então, que perguntar se ele sabia
como eu fazia para chegar lá.
14. Ocorreram muitas paralisações e greves, a insatisfação com a perda do
poder aquisitivo em Portugal é muito grande.
15. Em Lisboa e no Algarve, têm muitos turistas, muitos mesmo. Nos locais
turísticos em que eu fui, algumas vezes eu pedia alguma informação a alguém e o
que eu ouvia era “Sorry...”. E são turistas do mundo todo. Na área mais
turística, os preços dos hotéis, restaurantes e comércio são bem altos.
16. Encontrei alguns brasileiros trabalhando por aqui, principalmente no
Algarve, em mercados e lanchonetes, por exemplo.
17. Os portugueses em geral que trabalham no atendimento às pessoas, seja
público ou privado, não fazem muito esforço em agradar. Fazem o seu trabalho, e
pronto. Eu quero me referir a restaurantes, lanchonetes, bancos, aeroporto, estações
de comboio e metrô, locais turísticos, hotéis, mercados, lojas, hospitais, e o Serviço
das Finanças, por exemplo, que foram alguns dos locais onde eu estive durante a
minha estada em Portugal. Em um dos restaurantes em Amadora onde nós almoçamos
algumas vezes, por exemplo, uma senhora de mais idade era sempre séria; mas
quando erámos atendidos por outra, mais jovem, que era de Cabo Verde, eu acho
(ela me disse, mas eu não me lembro), ela conversava, perguntava como minha mãe
estava, sorria, enfim, o atendimento era diferente.
Em Faro, fomos jantar um dia em um restaurante (“O
Murta”), e o garçom, já um senhor de meia-idade, atendia muito mal, era seco,
antipático, e trabalhava com muita má vontade. Estava de chinelos, bermudas, e
vez ou outra ia à rua para fumar, voltando sem lavar as mãos direto para
atender os clientes. Nós só não saímos porque já era tarde para ir em outro
restaurante.
18. Os horários de funcionamento dos parques, serviços públicos, museus,
pontos turísticos e igrejas variam se no inverno ou verão. Neste período do
ano, quando o dia permanece claro até mais tarde, o funcionamento também se
estende.
19. Exceto as grandes lojas e shoppings, as lojas aqui em Portugal têm que
fechar por uma hora para o almoço. E não é somente aqui, mas em outros países
da Europa também.
20. O atendimento hospitalar público em Portugal não é tão bom quanto eu
imaginava. E também não é gratuito, mantido somente pelos impostos; os próprios
cidadãos portugueses têm que pagar uma quantia quando são atendidos, exceto os
reformados (aposentados) que ganhem uma aposentadoria pequena. Levei minha mãe
ao Centro de Saúde e a um hospital em Amadora, e a um outro em Cascais. O
atendimento na recepção foi burocrático, e o prestado pelo único médico que
atendeu minha mãe foi horrível. E as pessoas com quem eu conversei, a começar
pela minha prima, disseram que em Portugal é assim mesmo. Não vou dizer que no
Brasil o atendimento é melhor, mas eu esperava que em Portugal fosse bem
diferente. fr
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