SEJA ÉTICO

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segunda-feira, 30 de setembro de 2019

"O Alquimista", Paulo Coelho

“O Alquimista”, Paulo Coelho, Rio de Janeiro, ed. Rocco, 1988, 248 páginas.
 
Eu reli o livro “O Alquimista”, de Paulo Coelho. Foi um livro que uma antiga namorada me deu, há anos atrás. É um sucesso de vendas mundial, já traduzido em dezenas de idiomas. Santiago, um jovem pastor espanhol, tem um sonho em que uma criança lhe diz para ir até as pirâmides do Egito, onde encontrará um tesouro. Ele consulta uma anciã que interpretava sonhos, que o estimula a fazer a viagem, e pede um décimo do valor do tesouro que viesse a encontrar. Santiago, então, vende todas as suas ovelhas e parte em rumo de sua “lenda pessoal”. Em sua trajetória, encontra pelo caminho várias pessoas que vão mudar a sua vida, inclusive um alquimista, que o ajuda a descobrir suas potencialidades. A mensagem principal da estória do livro é, basicamente, a de que a pessoa deve perseguir o que deseja, e “quando você quer alguma coisa, todo o Universo conspira para que você realize seu desejo”. Paulo Coelho um dos escritores que mais vende livros em todo o mundo. Foi eleito membro de ABL (Academia Brasileira de Letras) em 2002, passando a ocupar a cadeira nº 21. fr

domingo, 29 de setembro de 2019

Botafogo tem a maior invencibilidade do mundo: 52 jogos sem perder

            A maior sequência de jogos invictos do futebol brasileiro e mundial é do Botafogo. Foram 52 jogos sem perder em praticamente dez meses, nos anos de 1977 e 1978, com 31 vitórias. O Flamengo também chegou a essa marca, nos anos de 1978 e 1979, porém com uma diferença fundamental. Dos jogos invictos do Glorioso, apenas oito foram amistosos; já dos flamenguistas foram 19. E mais: o Botafogo tem também a marca de maior sequência invicta do Campeonato Brasileiro, já que dos 52 jogos, 42 foram disputados nesta competição, nos dois anos. O Flamengo não teve nenhum jogo a nível nacional; os que não foram amistosos foram do campeonato estadual apenas. Não dá para comparar!
           
            Uma curiosidade: as duas séries de invencibilidade foram interrompidas pelo mesmo jogador. A do Botafogo acabou no dia 20 de julho de 1978, na derrota por 3x0 para o Grêmio no Maracanã, pelo Campeonato Brasileiro. Renato Sá fez os dois primeiros gols, e também o cruzamento que resultou no terceiro. E quem acabou com a invencibilidade dos flamenguistas foi justamente o Botafogo, com uma vitória de 1x0 pelo Campeonato Estadual, no Maracanã, no dia 3 de junho de 1979. E o gol foi de Renato Sá, que tinha trocado o Grêmio pelo Botafogo. fr

 

sábado, 28 de setembro de 2019

Casa de jogador brasileiro é assaltada enquanto ele jogava pelo Real Madrid, na Espanha

Frases: Wilson Witzel


"Recebemos hoje um dado do ISP (Instituto de Segurança Pública do Estado) muito importante. Estamos com índices que nos torna a segunda cidade mais segura do Brasil, indo a caminho de se transformar na mais segura. Isso é uma alegria, é um momento muito especial."
 
Governador do Rio de Janeiro WILSON WITZEL (PSC), ontem, dia 27 de setembro.

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Dica de livro: "O homem que matou Getúlio Vargas"

“O homem que matou Getúlio Vargas: biografia de um anarquista”, Jô Soares, São Paulo, Companhia das Letras, 1998, 344 páginas.

É uma biografia (ficcional, claro) de Dimitri Borja Korozec, nascido na Bósnia; filho de pai sérvio, e mãe brasileira, Isabel, que, por sua vez, era filha de uma escrava e de pai desconhecido, no Rio Grande do Sul. Isabel nasceu justamente no dia 28 de setembro de 1871, dia em que foi assinada a Lei do Ventre Livre. Aos 15 anos fugiu de casa com um “clow-malabarista” de um circo italiano, que viajou para a Bósnia. Dimitri tem uma característica física marcante, nasceu com um dedo indicador a mais em cada mão. Ele tornou-se anarquista, por influência do pai, e aos 12 anos recebeu treinamento profissional na organização terrorista secreta ‘Mão Negra’. Acreditava que sua grande missão era eliminar os opressores do povo trabalhador, e passou a persegui-los. Mas sua maior dificuldade era o seu jeito muito estabanado.  
Ao longo da vida, Dimitri tomou parte de vários acontecimentos importantes da História mundial, em tentativas de matar aqueles que julgava serem esses opressores. Iniciou sua luta insana no início da Primeira Guerra Mundial, passando pelo julgamento de Al Capone, até chegar ao Rio de Janeiro, onde descobriu ser neto de Getúlio Vargas. Sua mãe era filha ilegítima do pai do presidente brasileiro. Por conta de sua habilidade em atirar, Dimitri conseguiu entrar na guarda pessoal de Getúlio, a fim de matá-lo, mas, assim como nas vezes anteriores, o resultado não foi o desejado. Dessa vez, porém, a situação se inverteu, em um final inesperado. fr

Dica de livro: "Assassinatos na Academia Brasileira de Letras"

Assassinatos na Academia Brasileira de Letras”, Jô Soares, São Paulo, Companhia das Letras, 2005, 256 páginas.  
Em 1924, membros da Academia Brasileira de Letras (ABL) são sucessivamente assassinados, com veneno. O comissário Machado Machado é encarregado de investigar os crimes, cometidos por um especialista em venenos desconhecidos. Ele tem esse curioso nome devido à admiração que o seu pai, Rubino Machado, tinha pelo escritor Machado de Assis. A homenagem ao escritor se ligou ao nome de família e gerou a curiosa repetição. No livro, um dos imortais, confidenciou ao comissário que todos os escritores, no fundo, desejam entrar para a ABL. O livro mostra, também, as eleições com resultados arranjados, através de chantagens e trocas de favores na Academia. O curioso de tudo é que o próprio Jô Soares é um escritor que poderia almejar tornar-se um dos imortais. Eu destaco, também, a presença de destaque de um personagem anão em cada um dos dois livros do Jô Soares que eu indico, hoje, no meu blog, quem ler vai entender. fr

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Vamos rir!... 😂 😂 😂 😂

Professora diz: Joãozinho, leia a rima que eu pedi pra você fazer em casa.

👦- Lá vem o canguru com uma flor no cu...

Professora diz: Pode parar Joãozinho, que coisa feia! Essa rima eu não aceito, faz outra.

👦- La vem o canguru com a flor na bochecha, por que no cu a professora não deixa…

😂 😂 😂 😂 😂
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Dois caçadores estão na floresta e um deles cai duro no chão. Ele não parece estar respirando e seus olhos estão paralisados. O colega liga para um serviço de emergência:

- Meu amigo está morto! O que devo fazer?

O atendente responde:

- Calma, que eu posso ajudar. Primeiro, certifique-se de que ele está morto.

Após um breve silêncio, ouve-se um disparo. De volta ao telefone, o caçador pergunta:

- Resolvido. E agora?
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Duas baratas estavam remexendo uma lata de lixo.

– Eu estive naquele restaurante novo do outro lado da rua. Você não acredita! É muito sofisticado e a cozinha é tão limpa que o chão até brilha!

– Por favor, agora não! Eu estou comendo.
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Um político está tranquilamente tomando sol na praia, quando uma bela senhora se aproxima:
– Olá, o que o senhor faz por aqui??
O homem, querendo mostrar que políticos também podem ter veia poética, responde com ar conquistador:
– Roubando raios de sol…😎😎
A mulher, sorrindo e balançando a cabeça, diz:
– Ah… vocês, políticos, sempre trabalhando…😂 😂
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📞😃 Oi amor!
📞😍 OI!
📞😃 Se arruma, que hoje a gente vai sair, vou te levar em um lugar bem caro!
📞😍 Ah! é amor ,e onde você vai me levar?
📞😃 No posto de gasolina. 😂 😂 😂 😂 😂 😂

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Batman e Robin


BATMAN E ROBIN (BATMAN)
            Quando eu era criança, assistia na TV a série “Batman & Robin”, não me lembro em que emissora aqui no Brasil. O seriado foi produzido pelo canal ABC, e exibido nos Estados Unidos de 12/01/1966 a 14/3/1968. Foram três temporadas, e 120 episódios. A curiosidade é que a ABC quis preencher os dois horários vagos que tinha na programação, e resolveu produzir cada estória dividida em dois episódios, cada um com cerca de 30 minutos. Por isso, para saber como a estória terminava, as crianças (e adultos, também, por que não!?) tinham que assistir sempre a continuação. E a voz do narrador, Willian Dozier, criador e produtor da série,  estimulava o suspense, perguntando coisas do tipo “será o fim da dupla dinâmica?”, e dizia para assistir o próximo episódio “nessa mesma bat-hora, nesse mesmo bat-canal”.
            Batman surgiu nos quadrinhos em 1939, portanto, completou em 2019 80 anos. Foi criado pelo escritor Bill Finger e pelo artista Bob Kane, encomendado pela DC Comics. O parceiro Robin no ano seguinte. Além da série de TV, houve um filme lançado para o cinema em 1966, “Batman, o Homem-Morcego”, do qual eu já escrevi aqui no meu blog, e um desenho animado. O filme, com os mesmos atores principais, era para dar maior divulgação à série. Vou dar uma resumida na estória, para quem não conhece, se isto é possível.
O milionário Bruce Wayne carrega o trauma de ter presenciado, quando criança, o assassinato de seus pais por um assaltante, e resolve combater os bandidos em sua cidade, Gotham City, tornando-se o Batman. Sempre com a ajuda do parceiro Robin, o “menino prodígio” Dick Grayson, um rapaz órfão que tem em Bruce a figura de um tutor. Ficaram famosas as frases de espanto ou indignação de Robin, iniciadas por “santo” ou “santa”. Por exemplo: “santa falta de lógica!”, “santa desfaçatez!”, “santo mistério, Batman!”...  
  
 Alfred, o mordomo da mansão Wayne é o único a conhecer suas identidades secretas, e colabora na solução dos crimes. A tia Harriet está sempre preocupada com Bruce e Dick. E o comissário Gordon e o chefe O’Hara agradecem sempre à “dupla dinâmica” por manterem os seus empregos, porque sem a sua ajuda eles ficariam enrascados. Toda a vez que um dos vilões ameaçava a tranquilidade da cidade, o comissário pegava o seu telefone vermelho, que ficava coberto por uma redoma transparente, e ligava diretamente para o Batman. Geralmente quem atendia era o próprio mordomo Alfred, que, então, passava a ligação para o Batman.  
 Como é que o comissário Gordon não ligou uma coisa e outra para perceber a coincidência entre Bruce Wayne e o Batman terem um empregado, e reconhecer as vozes, só dando muito desconto. 😃 😃 😃 Mas, o que dizer do Robin, do Charada e da Mulher-Gato, por exemplo, que escondiam as suas identidades com apenas uma mínima tarja escura sobre os olhos? Batman chamava Robin e os dois desciam pelos bat-postes para a bat-caverna, onde já apareciam com os seus uniformes vestidos, e pegavam o bat-carro, saindo por uma passagem secreta. Havia, ainda, a Bat-girl, que auxiliava a “dupla dinâmica” na luta contra os criminosos; e sua identidade era a bibliotecária Barbara Gordon, filha do próprio comissário Gordon.
O elenco de vilões é liderado pelo Coringa, o Pinguim e a Mulher-Gato. O ator Cesar Romero, que fazia o Coringa, não quis tirar o seu bigode, então, a solução foi disfarçá-lo com muita maquiagem. A primeira atriz a interpretar a Mulher-Gato foi Lee Meriwether, ex-miss EUA de 1955, no filme para o cinema. Seria ela a interpretar a personagem na série da TV, mas ela já tinha se compromissado para fazer um outro filme. Meriwether interpretou a doutora Ann McGregor na série “O Túnel do Tempo” logo depois, em 1966 e 1967. E foi aí que entrou Julie Newmar, até sair na terceira temporada, para participar de dois filmes, um deles acabou sendo cancelado. Ela fez, depois, participações em outras séries clássicas da televisão, como “Jornada nas Estrelas”, “Agente 86”, “A Feiticeira” e “A Mulher Biônica”. Em seu lugar, entrou a cantora negra Eartha Kitt.


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 


Os “efeitos especiais” da época eram bem simples e precários, principalmente comparados aos atuais. Quando havia um soco, apareciam na tela as famosas onomatopeias: “POW!”, “RAKK!”, “OOOOFF!”, “THUNK!”, “Whapp!”, “SPLATT!”, “BOFF!”, entre outras. A música de abertura da série é marcante, e até hoje é associada ao Batman (ouça no vídeo, acima). Os objetos na bat-caverna são todos nomeados por placas. As clássicas cenas em que Batman e Robin escalam prédios foram feitas com um recurso bastante criativo para a época. A câmera era virada, e os atores permaneciam no chão, sobre o cenário de uma fachada de prédio, simulando estarem subindo os andares pelo lado de fora.
Atores principais da série: Adam West (1928-2017), Batman – Bruce Wayne; Burt Ward (1945), Robin - Dick Grayson; Alan Napier (1903-1988), Alfred; Neil Hamilton (1899-1984), Comissário Gordon; Stafford Repp (1918-1974), Chefe O'Hara; Madge Blake (1899-1969), a tia Harriet Cooper, a tia de Dick Grayson; Frank Gorshin (1933-2005), o Charada; Burgess Meredith (1907-1997), o Pinguim; Cesar Romero (1907-1994), o Coringa; Julie Newmar (1933) e Eartha Kitt (1927-2008), como Mulher-Gato; e Yvonne Craig (1937-2015), como Bat-girl - Barbara Gordon. Apenas dois atores ainda estão vivos, portanto: Burt Ward, o Robin, e Julie Newmar, a Mulher-Gato.
 As estórias eram ingênuas e sem a violência de hoje nos filmes do Batman, sem sangue e, muito menos, mortes. Eu me lembro de ter assistido recentemente um episódio em que dois capangas atiraram para acertar Batman e Robin, mas acabaram por acertar um no outro. Batman é, também, muito rigoroso com o respeito às leis, chegando a não estacionar o bat-carro em fila dupla, mesmo quando está perseguindo um bandido; só o fazendo quando um policial o autoriza. Eram outros tempos, mas, para quem assistiu quando criança, como eu, lembra com alegria e saudades. Ainda dá para ver a série no canal aberto Rede Brasil, mas, infelizmente, esse canal passa a maior parte do tempo com problemas de sinal. fr
(Fonte: “Guia dos Curiosos” e, principalmente, a Wikipédia.)
 
 

sábado, 21 de setembro de 2019

Brasil continua dominando sul-americano de vôlei masculino

O Brasil conquistou o 32º título sul-americano de vôlei masculino, em 33 edições já realizadas, desde 1951. Este foi o 27º título consecutivo, desde 1967. A única vez que o Brasil não foi campeão foi em 1964, quando não participou.  A decisão foi no sábado, dia 14, em Santiago, no Chile, e a seleção brasileira venceu com uma virada sensacional a Argentina por 3x2, após estar perdendo por 2x0. O jogador brasileiro Alan Souza foi escolhido o melhor da competição. A medalha de bronze ficou com a seleção do Chile, que venceu a Venezuela por 3x0. A campanha vitoriosa:  3x0 Equador (25/10, 25/16 e 25/14), 3x0 Colômbia (25/15, 25/10 e 25/17), 3x1 Argentina (25/23, 25/21, 18/25 e 25/21), 3x0 Chile (25/16, 25/17 e 25/21) e 3x2 Argentina (24/26, 22/25, 31/29, 25/20 e 15/13). fr

Por que justamente neste planeta? 👽 👽 👽

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Colocou o carro onde não devia...

 
No início deste mês, uma pessoa deixou o seu carro no espaço reservado aos carrinhos de um supermercado para ir ao cinema, porque estava atrasada, e o resultado está dando voltas ao mundo. Os funcionários do supermercado colocaram os carrinhos em volta do carro, que ficou totalmente cercado. Quem passou pelo local registrou a cena, como se pode ver acima, na reprodução de uma postagem no facebook. Aconteceu na localidade de Temperley, na zona sul da Grande Buenos Aires, na Argentina. É o chamado “jeitinho”, que existe em todo lugar do mundo, só que, dessa vez, a pessoa se deu mal 😃 😃 😃 (as notícias divulgadas em várias páginas na internet não informam se foi um homem ou mulher)... fr

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Animais de estimação terão microchip e identificação no Rio de Janeiro

           Eu li na internet que, a partir de hoje, os animais domésticos que forem vendidos ou doados no Rio de Janeiro deverão ter uma identificação. É o RGA (Registro Geral de Animais), que conterá os dados do bichinho, como o nome, espécie, sexo, raça e uma foto; além das informações do seu responsável. As pessoas podem acessar a página da prefeitura, e fazer o cadastro na plataforma “Sisbicho”, da Secretaria de Vigilância Sanitária e Controle de Zoonoses.
Os animais receberão um implante sob a pele de um microchip, e o serviço será gratuito para os que estiverem castrados. A gratuidade é estendida aos animais que estiverem em tratamento nas unidades da prefeitura de esporotricose, que é uma micose provocada por fungos. Nos demais casos, a implantação do microchip custará 25 reais.

A leitura dos dados do microchip possibilitará facilitar a localização de animais perdidos ou roubados. O microchip em animais já é utilizado em alguns países do mundo, e em outros municípios brasileiros, e é uma exigência para o embarque em voos internacionais. fr

sábado, 14 de setembro de 2019

Dica de livro: "Carmen: uma biografia" (primeira parte)


Carmen: Uma Biografia”, Ruy Castro, São Paulo, Companhia das Letras, 2005, 597 p.

Eu li o livro por curiosidade sobre a artista que sempre fez questão de se dizer brasileira, e que chegou a ser a mais famosa e bem remunerada nos Estados Unidos nos anos 1940 e 1950. Escrevo nestas postagens um pouco do que li, e se os leitores do meu blog se interessarem, fica a minha dica para a leitura do livro. Maria do Carmo Miranda da Cunha nasceu em 9 de fevereiro de 1909, portanto, este ano completou-se 110 anos de seu nascimento. 
Ela nasceu em Várzea de Ovelha, aldeia de São Martinho da Aliviada, concelho de Marco de Canavezes, distrito do Porto, província da Beira Alta, no Norte de Portugal. A família morava de favor em um sobrado de pedra bem pobre, que tinha o térreo e mais um andar, com chão de terra batida e sem água e sem luz. 
Por muito pouco, Carmen não nasceu no Brasil. Olinda, a primeira filha de seus pais, nasceu em 8 de dezembro de 1907, cerca de dois meses antes do assassinato do rei de Portugal, Dom Carlos I. O casal resolveu sair do país para fugir da instabilidade política, e decidiu vir para o Brasil no segundo semestre do ano seguinte. A mãe, Maria Emilia, no entanto, engravidou de Carmen, o que adiou a viagem para algum tempo depois de seu nascimento.  
O apelido “Carmen”, que viria a se tornar anos mais tarde o seu nome artístico, surgiu através do tio materno, Amaro. Ele dizia que a sobrinha era “morena como uma espanhola” e fez uma associação com a personagem de ópera “Carmen”, de Bizet. A partir de então, todos só a chamaram assim. O pai de Carmen, José Maria Pinto da Cunha, à época com 22 anos, e o tio Amaro foram para o Porto, e de lá vieram para o Rio de Janeiro em setembro de 1909, em um navio de carga. Com eles, quase cem outros portugueses vieram de forma legal, além de outros tantos clandestinos abarrotando a terceira classe. 
À época, centenas de pessoas saíram de Portugal em busca de uma vida melhor no Brasil. No Rio, havia aproximadamente 200 mil portugueses, o que representava algo em torno de 20% da população da cidade. José Maria contou com a ajuda de um conterrâneo, que o ajudou a se instalar e o apresentou a outro português, também de Marco de Canavezes. 
Ele passou a trabalhar em sua barbearia, na esquina da atual Av. Rio Branco com a Rua Mayrink Veiga. Entrou como sócio minoritário, participando com o trabalho. A sociedade durou dois anos, quando, a partir de então, José Maria abriu um salão com o cunhado na Rua da Misericórdia nº 70. A mãe, Maria Emilia de Barros Miranda, ficou em Portugal com Carmen e a filha mais velha, Olinda, de dois anos e nove meses. 
O plano de José Maria e Amaro era vir para o Rio de Janeiro trabalhar como barbeiros. Pretendiam trazer a família quando tivessem condições financeiras, o que ocorreu dois meses depois. Carmen chegou ao Rio em 17 de dezembro de 1909, com apenas dez meses e oito dias, com a mãe e a irmã. Elas também vieram em um navio de carga. A mãe passou a trabalhar como lavadeira, para ajudar o marido. 
        O pai de Carmen era austero em casa, mas mulherengo fora dela. E a mãe tinha conhecimento de suas amantes, inclusive a madrinha de uma de suas filhas, Cecilia, foi uma das primeiras. José Maria chegou a se separar para viver com uma delas, retornando depois para casa. Maria Emilia, por sua vez, acreditava que era necessário se conformar, aceitando como algo com que as mulheres deveriam lidar no casamento. 
O casal teve seis filhos: Olinda; Carmen; Mario (“Amaro” “Mocotó”), o primeiro a nascer no Brasil; Cecilia; Aurora e Oscar (“Tatá”). Após o registro de seu xará, o tio Amaro decidiu retornar à Europa, indo para a Inglaterra, e “nunca mais deu notícias”. Dos irmãos, Cecilia, Oscar e Aurora seguiram os passos de Carmen na carreira artística, mas foi Aurora quem conseguiu seguir mais adiante. Ela participou, inclusive, do filme de Walt Disney, “Você já foi à Bahia?” (“The Three Caballeros”), contracenando com os personagens Pato Donald e Zé Carioca. 
Mario foi atleta do remo do Vasco da Gama, chegando a representar o Brasil nas Olimpíadas de 1932, em Los Angeles. A delegação brasileira teve enormes dificuldades financeiras para viajar, chegou atrasada. Mario não conseguiu conquistar nenhuma medalha; assim como nenhum outro atleta brasileiro. Esta acabou sendo a pior participação do país em Olimpíadas. 
       Carmen demonstrou desinibição desde cedo, e falava muitos palavrões, por influência do pai. Ela gostava de cantar nos corais da Igreja e, depois, enquanto trabalhava. Carmen começou a trabalhar ainda menor de idade, no mesmo atelier que a irmã Olinda. Trabalhou também em outras lojas, como uma chapelaria, onde era vendedora de chapéus e gravatas. Aos 14 anos, Carmen abandonou a escola, após completar o ginásio, sendo de todos os filhos a que recebeu uma instrução razoável.   
Quando moraram em uma casa na Travessa do Comércio nº 13, no Arco do Telles, Centro do Rio, a mãe abriu uma pensão em que servia almoços para os trabalhadores. Carmen cantava enquanto ajudava atendendo as mesas. Eu cheguei a almoçar algumas vezes nesse local há alguns anos, evidentemente administrado por outras pessoas. Há algum tempo o imóvel encontra-se fechado, e nem o quadro que fazia referência à cantora está mais lá (pode-se vê-lo em uma das minhas fotos, abaixo). Carmen e sua família moraram neste endereço de 1925 até metade de 1931.  
E foi justamente um dos frequentadores da pensão da mãe, o baiano Anibal Duarte de Oliveira, “vagamente jornalista”, que se encantou com ela. Ele a indicou para um show beneficente em janeiro de 1929, no Instituto Nacional de Música. O violonista e compositor Josué de Barros a ensaiou para a apresentação, e passou a considerá-la sua descoberta, sendo o seu primeiro orientador profissional. Este show foi sua primeira apresentação para uma plateia. A partir daí, Josué de Barros passou a apresentá-la a amigos e a levá-la para se apresentar em programas de rádio, sempre com o consentimento dos pais. 
No mesmo ano, Josué a levou para a gravadora Brunswick, onde Carmen gravou o seu primeiro disco, mas este demorou a ser lançado. Os dois procuraram, então, a gravadora Victor. Em janeiro de 1930, os discos das duas gravadoras foram lançados praticamente juntos no Rio de Janeiro. O da Brunswick não teve grande repercussão, por conta do despreparo da gravadora, mas o da Victor alcançou grande sucesso. 
À época, os discos eram simples, de 78 rpm, com uma única música em cada lado. Era o início de uma carreira de muito sucesso e dinheiro, e de uma rotina de muito trabalho, era o início da artista Carmen Miranda. À medida que recebia seus pagamentos, Carmen foi melhorando a vida de sua família. Ela contratou uma cozinheira para que a mãe não tivesse mais que trabalhar na cozinha de sua pensão. E montou um grande salão na Rua Primeiro de Março nº 95 para o pai, além de comprar um telefone e uma mobília nova para o quarto dos pais. 
Carmen Miranda passou a se apresentar nos teatros de revistas. Em poucos meses, já era uma estrela, com vários discos gravados, e constantes apresentações semanais nas rádios e teatros, passando, também, a ser contratada para fazer propagandas. Carmen já não gravava mais músicas de Josué de Barros, passara a gravar de compositores como Ary Barroso, André Filho, Lamartine Babo, Ismael Silva e Noel Rosa.  
            Em 1932, enfim, conseguiu entrar no mundo do cinema, uma paixão desde criança, quando chegou a se inscrever em um concurso de calouros cinematográficos. A primeira aparição de Carmen Miranda no cinema foi cantando “Bamboleô” no documentário sonoro “O Carnaval cantado de 1932”. Assim como outros, este filme acabou desaparecendo, com a destruição de suas cópias ao longo do tempo. 
        O jovem locutor Cesar Ladeira criou na Rádio Mayrink Veiga o sloganA pequena notável” para Carmen. O “pequena” era sinônimo de garota na época, não era referência aos seus 1.52 de altura. No ano seguinte, ela passou a se apresentar constantemente, e com muito sucesso, em Buenos Aires, onde era chamada de “Carmencita”, inclusive com a irmã, Aurora, também cantora. No final da década de 1930, Carmen apresentava-se nos três Cassinos que existiam no Rio de Janeiro: Copacabana Palace, Cassino da Urca e o Cassino Atlântico.   
E se apresentou com os maiores nomes da música brasileira à época: Francisco Alves, Sylvio Caldas, Carlos Galhardo, Almirante, Dircinha Batista, Orlando Silva, Aracy de Almeida, e sua irmã, claro, Aurora Miranda. O pai de Carmen Miranda morreu em 1938, aos 52 anos, de nefrite aguda e insuficiência cardíaca. Carmen e Aurora não puderam ir ao enterro porque estavam cantando na Argentina. 
            Carmen Miranda iniciou sua carreira internacional em 1939, quando assinou contrato com uma gravadora estadunidense para gravar três discos, ou seja, seis músicas. Foi o início de sua vida nos Estados Unidos, de muito sucesso e de uma rotina estafante. Ela foi contratada para ser uma das atrações de “Streets of Paris”, um espetáculo musical que se apresentou em Boston e Nova Iorque durante meses. Entre os outros artistas contratados, havia uma nova dupla de cômicos, que faria enorme sucesso anos depois: Abbott & Costello. 
Ela levou para acompanhá-la o grupo “Bando da Lua”. Carmen se apresentava também em outras casas e ainda fez o filme “Serenata Tropical” no início de 1940. O esforço fez com que emagrecesse, e desmaiasse em um dia de filmagens. Foi nesta época que passou a tomar medicamentos: estimulantes para ter energia para aguentar os compromissos, e também soníferos para conseguir dormir. 
Carmen Miranda chegou a ser a artista estrangeira e a mulher que mais ganhava dinheiro em todos os Estados Unidos. Muito do que ganhava ia para empresários, outra parte para o Imposto de Renda. Assim como muitos outros artistas nos Estados Unidos, ela não declarava tudo o que recebia como pagamento, bens materiais como carros e joias, por exemplo. E também não guardava recibos de suas despesas. 
Ela chegou a ser multada pelo Leão naquele país, em 1940. Não sabia lidar com os seus lucros, não guardava o dinheiro em bancos, e sim em casa, nem o investia em aplicações. E gastava muito em presentes para os familiares e amigos. Fazia muitos shows, participações em rádio e televisão, gravações de filmes. 
Carmen retornou ao Brasil e ao Rio de Janeiro em julho de 1940, com a intenção de tirar férias e descansar. Mas não conseguiu recusar participar de uma apresentação beneficente no Cassino da Urca, a pedido da esposa do presidente Getúlio Vargas, dona Darcy Vargas. A plateia era composta em grande parte por funcionários do governo, um público diferente do seu, que era bem mais popular. A recepção foi fria e indiferente. Reclamavam que ela teria voltado distanciada das coisas do Brasil. Em função disso, meses depois Carmen gravou ainda no Brasil a música “Disseram que Voltei Americanizada", em resposta. Em outubro, voltou para Nova Iorque, levando a mãe para morar com ela. fr (Continua na postagem abaixo.)

Dica de livro: "Carmen: uma biografia" (parte final)

        Carmen Miranda tinha em seus primeiros filmes nos Estados Unidos um “diretor de diálogos”, um brasileiro radicado em Los Angeles. Ele a ensinava a falar os diálogos em um inglês pela sua sonoridade, explicando o sentido para que ela pudesse fazer a interpretação adequada. Carmen falava e cantava muito rápido, o que foi chamado de “português-locomotiva” pelo “New York Herald”. O público nos Estados Unidos gostava disso, não se importando em que idioma ela se comunicava, nem se não entendiam.
         Ela era visto mais como uma comediante de cinema do que propriamente uma cantora. Assim, mesmo anos depois, quando Carmen já falava bem o inglês, os empresários faziam com que ela continuasse a falar errado e com sotaque. Era uma de suas marcas como artista, assim como os turbantes, os sapatos plataformas e as roupas.
 Em 1941, Carmen Miranda colocou as mãos, pés e assinatura no quadrado de cimento do Chinese Theatre, em Hollywood. Apesar de todo o sucesso que conseguiu nos Estados Unidos, Carmen nunca quis se naturalizar estadunidense, mesmo tendo recebido pedidos dos produtores de cinema para que o fizesse.
          Carmen quase morreu em 1943, após ter feito uma cirurgia plástica no nariz nas mãos de um médico charlatão de Los Angeles. Houve uma posterior infecção no fígado por conta da cirurgia, e ela chegou a ser desenganada pelos médicos. Mas, conseguiu se recuperar. Carmen sempre quis se casar e ter filhos, mas os homens por quem se apaixonou não tinham o mesmo desejo.
        E foi assim que ela se casou em 17 de março de 1947, com Dave Sebastian, assistente do produtor do filme “Copacabana”, uma comédia musical que fez com Groucho Marx no ano anterior. O casamento foi conturbado. Segundo o livro, Dave Sebastian usava o dinheiro de Carmen Miranda para proveito próprio, e ele não se dava bem com as irmãs dela. Dave administrava a carreira da artista, recebendo 15% dos valores, e não o fazia com competência. 
Nos anos seguintes, Carmen Miranda passou também a beber. E precisava cada vez mais de seus remédios para poder cumprir sua rotina de trabalho, e justamente por causa deles dormia demais. Ela tinha que recorrer cada vez mais às anfetaminas (estimulantes) para trabalhar. “Era um círculo vicioso, em que a alternativa era dormir muito ou não dormir nada.” 
Envelhecia antes do tempo, ficou inchada, sua saúde foi sendo comprometida, dependente dos remédios e da bebida. Pequenas abstinências geravam “insegurança, ansiedade, hipersensibilidade, choro fácil, boca seca, falta de fôlego, irritabilidade e sentimento de culpa”. Em situações mais sérias, sentia “tremores violentos, dores no corpo, paranoias, ranger de dentes” e convulsões. Em agosto de 1948, Carmen engravidou, um desejo antigo seu. Se fosse menino, ele se chamaria Roberto, e se fosse menina, Maria Carmen. 
“Menino ou menina, seria o produto de um desejo tão antigo que se poderia dizer de décadas. E Carmen via ali, quem sabe, sua última chance de ser mãe. Esse fora o principal motivo para o casamento com Sebastian, e ela já estava aflita pelo fato de, um ano e meio depois, não haver nem suspeita de cegonha no horizonte.” 
No final do mês seguinte, porém, ela sofreu um aborto espontâneo em Nova Iorque, e foi informada pelos médicos que não poderia mais engravidar. Carmen nunca teve o filho que sempre desejou ter. Depois disso, não havia mais sentido manter um casamento infeliz, mas o marido não quis consentir no divórcio. O casal deixou de morar no mesmo quarto, mas Dave Sebastian continuou na casa de Carmen. 
Ela poderia ter convencido Dave a aceitar o divórcio oferecendo um vantajoso acordo, mas havia outros dois motivos para impedi-lo. A mãe de Carmen Miranda, Maria Emilia, católica fervorosa, era totalmente contra a filha se divorciar; “e os padres da igreja do Bom Pastor”, que também não o aceitavam. Permaneceram em uma convivência difícil, em que Carmen o tratava muitas vezes com desprezo, mas, também, pelo menos nos primeiros anos, em algumas vezes permitia que ele frequentasse o seu quarto. 
       A colombiana Estela Girolami era a empregada de Carmen em sua casa, desde 1951, e a acompanhava como camareira nos shows e nas viagens. Segundo ela, a artista alternava sentimentos: 
“Estava sempre rindo e fazendo rir na presença dos outros. Mas ficava triste e muda assim que as visitas iam embora”. 
Em 1953, Carmen Miranda chegou a ser submetida a um tratamento à base de eletrochoques em um hospital em Palm Springs, na Califórnia. Era um procedimento bastante primitivo, em que o paciente não recebia anestesia ou relaxante muscular, e nem tinha acompanhamento cardíaco. 
Carmen foi amarrada à mesa, “com uma cunha de borracha na boca, para impedi-la de decepar a língua com os dentes” e recebia uma corrente elétrica pelo encéfalo. Era uma cena horrível. Ela chegou a perder a consciência, ter uma convulsão e até mesmo uma parada cardíaca. Após o tratamento, Carmen dormia até o fim da tarde e acordava relaxada, mas ausente, sem lembrar o que ocorrera. Foram cinco sessões em pouco mais de um mês. 
        Em 1954, ela viajou para o Rio de Janeiro para se tratar. Chegou no dia 3 de dezembro. Recebeu acompanhamento do médico do então presidente Café Filho, que recomendou que ela ficasse isolada em uma suíte no Copacabana Palace, sem sair ou receber visitas, com exceção da irmã, Aurora. Foram 48 dias no hotel, passando a maior parte do tempo do dia dormindo, à base de uma dieta especial, com o objetivo de livrá-la da dependência dos remédios. Satisfeito com a melhora, o médico permitiu que ela voltasse a sair com os amigos. 
No Carnaval de 1955, Carmen foi levada para o Hotel Quitandinha, em Petrópolis, por oferecimento do seu proprietário, onde foram reservados dois quartos. Uma suíte presidencial para Carmen, e outro quarto para o casal dono do hotel. Aurora descobriu que Carmen conseguiu ter acesso a bebidas, pedindo à cantora Marlene que levasse uísque para ela; e encontrou também tranquilizantes em sua bolsa. 
Ao retornar para o Rio, o médico ainda julgou necessário mais um tempo de retiro, e Carmen foi para o Haras Guanabara, próximo a Bananal, em São Paulo. Carmen Miranda e a mãe retornaram para os Estados Unidos no dia 4 de abril de 1955. Era a última vez que ela esteve no Brasil com vida. 
Em 1955, Carmen Miranda estava presa aos medicamentos. Precisava tomar alguns para dormir, e outros para acordar. Após retornar de Cuba, onde se apresentou, Carmen gravou, em agosto, uma participação no programa de televisão “The Jimmy Durante Show”. No ensaio, três dias antes da gravação, Carmen comentou com o apresentador que estava muito cansada. 
Após o programa e dois compromissos sociais que teria no dia seguinte, ela pretendia descansar, em férias. No dia 4, durante a gravação, ela quase caiu, e precisou segurar-se em Jimmy Durante. Ela se recuperou rápido, e ainda comentou: “Fiquei sem fôlego!”. Assista ao vídeo no meu blog. 
     Ao voltar para sua casa, em Beverly Hills, Carmen ainda recebeu alguns convidados, além da mãe, o marido e o Bando da Lua. Ela ficou conversando sobre sua viagem a Cuba e o programa na TV, e até cantou algumas músicas. À meia-noite, o marido foi dormir; em seguida sua mãe; e, em seguida, aos poucos, os demais. Somente por volta das duas e meia da manhã do dia 5 de agosto, Carmen se despediu e foi dormir, ainda deixando algumas pessoas conversando. No quarto, trocou de roupa, e foi para o banheiro retirar a maquiagem. 
      “Na volta, no pequeno hall entre o banheiro e o quarto, onde ficava sua coleção de perfumes, o ar lhe fugiu de novo, as pernas lhe faltaram, e Carmen caiu pela última vez – ali mesmo, com um espelho na mão. Uma oclusão das coronárias fizera explodir uma vasta área de seu coração – um infarto maciço. (...) Seus amigos, os que ficaram até depois das três, divertiam-se inocentemente enquanto ela morria sozinha em seu quarto”. 
      Somente às onze horas da manhã, a morte de Carmen foi descoberta. Foi Dave Sebastian, o marido, que a encontrou caída no chão do hall de seu quarto. Uma semana depois, Carmen Miranda retornava, definitivamente, para o seu país, o Brasil, mais especificamente o Rio de Janeiro. Morreu com apenas 46 anos. O velório foi na Câmara dos Vereadores, e uma multidão foi se despedir da ‘pequena notável’. Não houve autópsia, devido à religião do marido, judeu, que não a autorizou. Ela foi enterrada no dia 13 de agosto, no cemitério São João Batista, em Botafogo.   
“Num dos carros do cortejo, estava o marido, Dave Sebastian. Finalmente ele viera ao Brasil com Carmen. Para Sebastian, valera a pena suportar todas as humilhações. Carmen se recusara a deixar testamento e, com a morte dela, ele ficaria com as casas de Beverly Hills e Palm Springs, os poços de petróleo (tudo isso adquirido por Carmen antes do casamento – fora, portanto, da comunhão de bens), as ações, os depósitos bancários e o dinheiro vivo. À família e ‘ao Brasil’, Sebastian doou os vestidos, fantasias, turbantes, plataformas, balangandãs, adereços de palco, fotos, partituras, objetos pessoais e farta bijuteria de Carmen – tomando o cuidado de conservar as jóias verdadeiras, que estavam a salvo nos bancos. Enfim, conservou os valores e livrou-se do bricabraque. A família de Carmen nunca contestou tal divisão e ainda se deu por feliz por Sebastian não ter cumprido a ameaça de tentar apossar-se das propriedades no Rio: a casa na Urca, o terreno em Jacarepaguá e as salas na Avenida Presidente Vargas (o prédio de apartamentos no Catete já não existia mais). 
         Mas o que para Sebastian era bricabraque, para os adoradores de Carmen era um tesouro. Tão generosa quanto Carmen, a família levaria as décadas seguintes presenteando os fãs da estrela com seus objetos pessoais. Com o que se conservou da artista foi feito o Museu Carmen Miranda, no Rio.” 
         No Brasil, Carmen participou de seis filmes. Durante os 16 anos em que viveu nos Estados Unidos, Carmen Miranda fez 14 filmes. O primeiro, de 1940, foi “Serenata Tropical”, em que ela aparece apenas cantando. O livro informa que “Entre a loura e a morena”, de 1943, “é considerado, quase por unanimidade, o melhor filme de Carmen”. O seu último trabalho no cinema dos Estados Unidos foi o filme “Morrendo de Medo”, em 1952, da dupla Dean Martin e Jerry Lewis; que eu assisti no Telecine Cult. Carmen Miranda não se considerava uma atriz, porque nunca aprendeu a representar; considerava-se uma “entertainer”. 
Após ler o livro, fiquei interessado em conhecer o Museu Carmen Miranda, mas o acervo estaria passando por uma restauração por parte da secretaria estadual do Rio de janeiro, e ele está fechado para o público desde 2013. Existe a previsão de que o acervo seja transferido para a futura sede do Museu da Imagem e do Som (MIS), que deverá ser inaugurada em Copacabana (não se sabe quando...). 
Eu entrei em contato, por email, com o Museu, que me respondeu que somente estão atendendo pesquisadores que apresentarem o seu projeto para aprovação. São seis anos de museu fechado, para mim é muito tempo! É uma pena, porque eu gostaria de poder fazer uma visita ao museu, e mostrar minhas fotos aqui, no meu blog. 
Eu pesquisei na internet e acrescento algumas informações sobre o museu. Em 1956, foi oficialmente criado o Museu Carmen Miranda, no Parque do Flamengo, por meio do decreto nº 886, assinado pelo então governador do Distrito Federal, Negrão de Lima. No ano seguinte foi organizada a primeira exposição póstuma, na Praça do Congresso, pelo presidente Juscelino Kubitschek. A inauguração do museu, no entanto, somente veio ocorrer em 1976. 
O museu guarda uma extensa coleção de objetos relacionados à cantora, que ultrapassa os 3.500 itens. São objetos pessoais, como vestidos, sapatos e acessórios; documentos, fotografias, partituras, roteiros de seus filmes nos Estados Unidos, troféus, matérias em jornais e revistas, entre outros. Entre esses itens, estão a saia usada por Carmen Miranda em sua estreia na Broadway; a roupa que usou em sua última apresentação pública, no programa Jimmy Durante, no dia anterior à sua morte; o turbante que usou em seu casamento; e a própria certidão de casamento.  
        No Rio de Janeiro, há uma rua com o nome da artista, no bairro de Jardim Guanabara, na Ilha do Governador, onde também teria um busto seu, feito pelo artista Mateus Fernandes. Ele foi inaugurado em novembro de 1960 no Largo da Carioca, mas desde 1979 passou a ficar no Jardim Guanabara. Não sei qual a razão para a mudança, porque não li nenhuma ligação da artista com aquele bairro. Somente o fato da rua ter o seu nome. Estátua em homenagem a Carmen Miranda não tem, apesar de já ter havido um abaixo assinado de seus admirados pedindo uma.  
            Fica a minha dica para quem se interessar pela leitura. fr

Carmen Miranda no programa "The Jimmy Durante Show", última aparição em público

Carmen Miranda gravou o programa no dia 4 de agosto de 1955, e na madrugada do dia seguinte morreu, em sua casa, vítima de um infarto. No fim do vídeo, quando dança com Jimmy Durante, dá para ver que Carmen dobra os joelhos, e, em seguida, diz que está "sem ar". fr