Arco do Telles
Em plena Praça 15, no Rio de Janeiro, está o
tradicional Arco do Telles (ou Teles), que leva esse nome por ter sido mandado
construir pelo juiz português Antonio Telles Barreto de Menezes (em outras
fontes, faz-se menção a Francisco
Barreto Teles de Meneses). Com a construção do Paço dos
Governadores, em 1743, que futuramente viria a ser o Paço Imperial (ver em Minhas Fotos nº 5), e com a consequente
valorização da área, o juiz comprou vários terrenos naquele local e mandou
construir casas, para alugar a famílias de mais posses e comerciantes. A própria
família Telles de Menezes chegou a residir no local. O arco, que teve o seu
nome associado ao morador ilustre, está localizado no número 34 da Praça 15, no
prédio que sediou o Senado da Câmara, o que seria a Câmara dos Vereadores
atualmente. Sua construção foi uma maneira encontrada pelo engenheiro português
José Alpoim para evitar o isolamento entre o Largo do Paço, atual Praça 15,
onde havia um grande mercado de peixes, e a Rua do Ouvidor. Alpoim foi também
responsável pelo projeto do Paço Imperial.
Em 1790, porém, um grande incêndio iniciado na então
Rua Direita, atual Primeiro de Março (ver Minhas
Fotos nº 36) destruiu a maioria das casas, deixando de pé apenas o trecho
atual. Muitos documentos do Senado da Câmara foram destruídos. Houve vítimas
fatais e muitos feridos. Após o incêndio, o local se desvalorizou, e as
famílias de classe alta e grandes comerciantes se mudaram. Após a sua
reconstrução para lá se mudaram pessoas de baixa renda, prostitutas e
marginais. Por conta dos novos moradores, até mesmo a imagem da Nossa Senhora
dos Prazeres, que atraía muitas pessoas, foi retirada da região, e levada para
a Igreja de Santo Antônio dos Pobres, na atual Rua dos Inválidos.
Com os anos, a região tem experimentado períodos de
valorização – como com a chegada da família real, em 1808, que inicialmente
passou a residir no Paço Imperial -, e, posteriormente, com a sua saída para
São Cristóvão, abandono. Atualmente o Arco do Telles é muito conhecido pela sua
vida noturna, com seus bares e restaurantes, música ao vivo e pela arquitetura
dos antigos casarões e o calçamento de paralelepípedos. A família de Carmen
Miranda residiu de aluguel no local de 1925 a 1931, mais especificamente no nº
13 da Travessa
do Comércio, onde a mãe de Carmen, dona Maria
Emilia tinha uma pensão, em que servia comida às pessoas
que trabalhavam por perto. Em sua adolescência, Carmen fazia a entrega das
marmitas da mãe. Mesmo com a saída da família, o local continuou sendo usado
como restaurante. Eu cheguei a almoçar várias vezes no local, mas desde o ano
passado o prédio está fechado, e até retiraram da porta um pequeno quadro que
informava que Carmen Miranda morou lá, uma pena!
Existe também uma lenda da bruxa Bárbara dos
Prazeres, apelido por conta da imagem da santa. Portuguesa, veio para o Brasil
com 18 anos, com o marido, a quem teria assassinado para ficar com um amante,
que, depois, a enganou. Prostituiu-se por 20 anos justamente no local do Arco,
e quando mais velha e sem clientes, teria procurado um encanto em uma casa de
feitiçaria, que teria como um dos ingredientes o sangue humano. A partir daí
ela teria passado a cometer crimes, assassinando crianças e bebês para se
manter jovem. A sua gargalhada pode ser ainda ouvida de madrugada, quando o
local encontra-se deserto. Pelo menos é o que diz a lenda.
O Arco do Telles tem grande relevância histórica
como um pequeno pedaço do que sobrou da época do tempo colonial do Rio de
Janeiro. Atualmente, é usado como cenários para filmes e produções da TV, como
recentemente foi pela Rede Globo. E à noite a Travessa do Comércio e as
proximidades vivem tomadas pelos frequentadores dos bares e casas de shows da
região. Como se pode ver das fotos que tirei, abaixo, o Arco contrasta com os
modernos prédios construídos à sua volta. Foi tombado em 1938 como bem cultural
pelo IPHAN (Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), assim como o prédio nº 34 da
Praça 15 de Novembro. fr
Nenhum comentário:
Postar um comentário