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terça-feira, 7 de julho de 2020

Polícia Federal não responsabiliza ninguém por incêdio no Museu Nacional em 2018

Enfim, a Polícia Federal concluiu o inquérito sobre o incêndio que quase destruiu completamente o Museu Nacional no dia 2 de setembro de 2018, ou seja, há quase dois anos. A conclusão é que o incêndio não foi criminoso, e não houve conduta omissa por parte dos administradores do museu. De acordo com a perícia técnica-criminal, o incêndio começou no Auditório Roquette Pinto, no primeiro andar, localizado próximo à entrada principal. Provavelmente em um dos aparelhos de ar condicionado do local.
O Museu Nacional completou em junho do mesmo ano, seus 200 anos de existência, e perdeu a maior parte de um acervo de mais de 20 milhões de itens de valor incalculável. O inquérito levou dois anos para não responsabilizar ninguém. A verdade é que os maiores culpados por essa tragédia são justamente aqueles que têm a obrigação de cuidar da preservação do museu e de seu acervo.
Inacreditável que um prédio público com tamanha importância histórica, arquitetônica e cultural não tinha medidas de segurança contra incêndio. Segundo os relatos após o incêndio, o Museu Nacional não tinha, sequer, portas corta-fogo ou brigada de incêndio 24 horas. Até água faltou nos hidrantes para o combate ao fogo. E o pior, o governo atual e os seus antecessores não vinham repassando as verbas necessárias para a manutenção do museu. Uma vergonha!
Leio na imprensa que um especialista em segurança, Geraldo Portela, doutor pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), afirmou que seria possível, sim, identificar possíveis responsáveis pelo incêndio:
- Houve uma falha do sistema elétrico, então quem fez o projeto, quem assinou aprovando aquele funcionamento, seria a pessoa a ser procurada para responder. Se tivesse um brigadista [de incêndio], um sistema automático de combate [ao fogo], poderia ter evitado que o incêndio chegasse às proporções que chegou. Aí chega o bombeiro e não tem água no hidrante. Então [a responsabilidade] envolve desde a pessoa que faz a manutenção [no sistema elétrico] até o chefe dele, mais o gestor que não fez um sistema de proteção no museu inteiro, ou aquele que não liberou o dinheiro [para as obras], ou, se liberou, não usou.
O diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, de certa forma, concorda:
- A culpa pelo incêndio é do poder público, que havia muitos anos descuidava do museu. Fiz muitas reuniões com autoridades, tentando consertar problemas. Logo que assumi fiz cursos práticos para a brigada de incêndio, tinha 94 pessoas treinadas. Havia um contrato com o BNDES, o dinheiro chegaria. Uma semana antes do incêndio eu pensei o que poderia fazer emergencialmente, antes do dinheiro chegar. Não deu tempo. A investigação terminou, mas o museu pegou fogo, vou comemorar o quê? Mais que procurar culpados, temos que ver se aprendemos alguma coisa com o incêndio. O hidrante ao redor do museu continua sem água, embora a gente sempre cobre uma solução.
O fato é que o Brasil vai assistindo sua História sendo destruída pouco a pouco sem fazer nada. Enquanto isso, o dinheiro público (o nosso dinheiro!) é gasto para sustentar uma cambada de políticos incompetentes, desonestos, que só trabalham em benefício próprio, sejam eles de que partido político forem. fr

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