domingo, 13 de dezembro de 2020

Dica de filme: "Três segundos"

TRÊS SEGUNDOS (“Dvizhenie Vverkh”) 
Rússia, 2017, Drama 
Direção: Anton Megerdichev 
Com: Vladimir Mashkov, Andrey Smolyakov, Kirill Zaytsev,Kirill Smolyakov 

       No Brasil, existe um preconceito ideológico em relação ao que vem de países comunistas, o que prejudica, e muito, que nós possamos conhecer a cultura desses países, infelizmente. Eu assisti recentemente o filme russo “Três segundos”, pelo Telecine, baseado em acontecimentos reais, e gostei. A História conta a mudança de comando da seleção da antiga seleção da União Soviética de basquete masculino, no início da década de 1970. O novo treinador, Vladimir Kondrashin, adota mudanças no time, no treinamento e na maneira de jogar, o que incomoda alguns dirigentes. 
       Vladimir tem que mostrar resultados, ao mesmo tempo em que busca conseguir o dinheiro e a permissão do governo necessários para que o seu filho seja operado na Áustria. Sob o seu comando, a seleção soviética consegue chegar à final da Olimpíada de Munique, em 1972. O adversário foi a poderosa equipe dos Estados Unidos, que vencera a medalha de ouro em todas as edições anteriores, desde a primeira, em 1936, e estavam invictos. 
       O jogo entrou para a História por suas polêmicas. Os soviéticos estiveram à frente do placar até o final, faltando três segundos para o término, quando os estadunidenses viraram e fizeram 50-49, comemorando a vitória. Mas, os soviéticos reclamaram ter pedido ‘tempo’, uma interrupção, antes do arremesso em que o adversário marcou o ponto da virada, e o cronômetro não foi parado. O jogo reiniciou, faltando apenas um segundo, e os soviéticos não conseguiram marcar. 
      O secretário-geral da Federação Internacional de Basquete, William Jones, no entanto, interferiu, dizendo aos árbitros que o cronômetro estava errado, e estariam restando, na realidade, três segundos para o final do jogo. A festa dos estadunidenses foi interrompida, e reiniciado mais uma vez o jogo. Dessa vez, os soviéticos conseguiram fazer a cesta da vitória, com um passe longo do fim da quadra até próximo o garrafão, em que o jogador recebeu, driblou, e fez o ponto da vitória (51-50). Assista abaixo a histórica cesta. 
      Os Estados Unidos protestaram, e nunca reconheceram a derrota. No filme, o treinador de seu país manda seus jogadores provocar e bater nos soviéticos. É evidente que o filme tem um forte apelo nacionalista, mas, nada tão diferente dos inúmeros filmes de Hollywood, que nós, brasileiros, assistimos a vida inteira. É muito bom ver, para variar, o outro lado. A verdade é que não devemos deixar ser doutrinados por nenhum dos lados. 
       Uma pena que seja tão raro vermos filmes de fora daquele grupo de países a que nos acostumamos, principalmente Estados Unidos e Inglaterra. Eu sempre defendi que o Brasil deve continuar a dar espaço para esses filmes, mas deveria, também, abrir para outros países, do mundo inteiro, sem preconceitos ou visões ideológicas. Do jeito que acontece historicamente por aqui, só temos acesso a uma meia dúzia de países e suas culturas. fr

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