terça-feira, 7 de novembro de 2023

Mesmo condenado pelo mundo e após o fim da Guerra Fria, EUA mantém bloqueio contra Cuba

        A Assembleia Geral da ONU aprovou na quarta-feira, dia 2, pelo 31º ano consecutivo uma resolução condenando o bloqueio comercial e econômico imposto pelos Estados Unidos a Cuba desde 1962. A decisão vem sendo praticamente unânime todos os anos. Desta vez, foram 187 votos de países contra o bloqueio, ou seja, praticamente o mundo inteiro; uma única abstenção, por parte da Ucrânia, que não vai contrariar justamente o país que o está apoiando na guerra contra a Rússia; e somente dois países que votaram contra. E esses que votam contra são sempre os mesmos: Estados Unidos, claro, e Israel, que recebe bilhões de dólares todos os anos de ajuda militar de Washington; evidentemente não iria votar diferente.
        Relatório do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, para a Assembleia Geral concluiu que “a continuação do bloqueio financeiro e comercial dos Estados Unidos contra Cuba é incompatível com um sistema baseado no Estado de Direito”. O bloqueio desrespeita o princípio da não intervenção, da liberdade de comércio e da não ingerência em assuntos internos de países soberanos.
        O bloqueio passou a vigorar no governo de John Kennedy, com a pretensa justificativa de evitar a disseminação do comunismo pelo continente americano. Ao contrário do que alguns acreditam não se trata de um embargo dos Estados Unidos a um país, mas uma tentativa cruel e desumana de asfixiar a economia cubana e derrubar o seu governo. É, sim, um bloqueio porque não apenas proíbe transações bilaterais, mas, também, pune empresas de outros países que desejem manter relações comerciais com Cuba. Aquelas empresas que insistirem em manter negócios com o governo do país caribenho são, automaticamente, proibidas de fazê-lo com empresas dos Estados Unidos. Portanto, é uma forma de coagir os empresários a desistir de manter relações com Cuba.
        São mais de seis décadas de perseguições. Os Estados Unidos alegam que é uma forma de defender a democracia e os direitos humanos em Cuba, o que, evidentemente, não é verdade. Afinal, os Estados Unidos são conhecidos por apoiar ditaduras espalhadas pelo mundo inteiro, desde que, claro, essas ditaduras sejam capitalistas e suas aliadas. Apoiaram as ditaduras militares que substituíram governos democraticamente eleitos em diversos países latino-americanos durante as décadas de 1960 a 1980, como, por exemplo, a ditadura assassina de Pinochet no Chile e a ditadura militar que governou o Brasil durante 21 anos, de 1964 a 1985. E hoje em dia continua a apoiar e defender governos ditatoriais, como o da Arábia Saudita. É muita hipocrisia, só acredita quem quiser, e precisa ser muito desinformado.
        Mesmo o mundo praticamente inteiro condenando os Estados Unidos, a resolução da ONU não tem força para impor o fim do bloqueio aos Estados Unidos, que vem ampliando a legislação repressiva a Cuba nos últimos anos. A revolução cubana foi vitoriosa em 1º de janeiro de 1959, e não tinha a intenção de se vincular ao comunismo, mas, para defender-se dos Estados Unidos, precisou buscar essa aliança, caso contrário teria sido destruída. Desde então, os níveis de desenvolvimento humano em Cuba tornaram-se referências mundiais: erradicação do analfabetismo, redução drástica da mortalidade infantil, aumento da expectativa de vida, melhoria na qualidade do atendimento médico e do nível educacional do povo.
        O mundo mudou bastante nas últimas décadas. A Guerra Fria já não existe mais e o comunismo também não é mais uma ameaça. Mas o bloqueio contra Cuba persiste. Não fosse o bloqueio dos Estados Unidos, Cuba não estaria na difícil situação econômica em que se encontra. O governo cubano estima que as perdas provocadas pelo bloqueio dos Estados Unidos à economia de seu país já superaram mais de 159 bilhões de dólares, ou mais de 800 bilhões de reais, aproximadamente. 
        Minha opinião:
        Eu já expressei a minha opinião diversas vezes aqui no meu blog. Não sou simpático ao comunismo, mas, também, não posso ser simpático a um sistema econômico em que pessoas doentes são expulsas dos hospitais porque não têm dinheiro para pagar o seu tratamento, como aconteceu recentemente no estado do Kentucky, nos Estados Unidos. A imprensa mundial divulgou essa triste notícia e eu comentei aqui no meu blog. Cuba teve excelentes resultados na melhoria da qualidade de vida de seu povo, em especial na Educação e na Saúde. Por outro lado, não é uma democracia, não tem liberdade de imprensa, nem pluralidade partidária, é verdade. Mas o que dá o direito aos Estados Unidos, ou qualquer outro país, de persegui-lo durante mais de seis décadas?
        Cuba representa uma ameaça à maior potência mundial? Duvido! E se o bloqueio é para forçar uma democratização em Cuba, por que os Estados Unidos não fazem o mesmo com outras ditaduras, como, por exemplo, a sua aliada Arábia Saudita? E se o mundo inteiro condena esse bloqueio, exceções apenas de Israel e Ucrânia, não é o bastante para os Estados Unidos terem a humildade de reconhecer que foi um erro tê-lo feito? E por que não acabam de vez com o bloqueio? Os Estados Unidos, e nenhum país, pode se considerar o xerife do planeta.
        Deixem Cuba em paz! Pensem no povo cubano, que é quem mais sofre com as proibições do bloqueio. Eu espero que os Estados Unidos acabem com o bloqueio, como iria acontecer no governo de Barack Obama, mas, infelizmente, não se concretizou. E que Cuba possa, através do seu povo, sem submissão a nenhum país, caminhar, soberanamente, rumo à democratização, com liberdades individuais e justiça social. É, afinal de contas, o que eu desejo para Cuba, para o meu país, e para todos os países do mundo! fr

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