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sábado, 4 de janeiro de 2014

O garotinho


O garotinho
E. Bucklev
 
Uma vez um garotinho foi para a escola. Ele era bem um garotinho. E a escola era bem grande. Mas quando o garotinho viu que podia ir para a sua sala caminhando diretamente da porta lá de fora, ele ficou feliz e a escola não parecia tão grande assim.
Numa manhã, quando o garotinho estava há pouco na escola, a professora disse:
- Hoje nós vamos fazer um desenho!
- Bom! - pensou o garotinho.
Ele gostava de desenhar. Ele podia fazer todas as coisas! Leões e tigres, galinhas e vacas, trens e barcos... E pegou sua caixa de lápis e começou a desenhar. Mas a professora disse:
- Esperem. Não é hora de começar!
E ela esperou até que todos estivessem prontos.
- Agora - disse a professora - nós vamos desenhar flores.
- Bom - pensou o garotinho.
Ele gostava de desenhar flores. E começou a fazer bonitas flores com lápis rosa, laranja e azul. Mas a professora disse:
- Esperem, eu lhes mostrarei como se faz!
E era vermelha, com a haste verde.
- Aí! – disse a professora - Agora vocês podem começar.
O garotinho olhou a flor da professora. Então olhou para a sua. Ele gostava mais da sua flor do que a da professora. Mas ele não revelou isso. Ele apenas guardou seu papel e fez uma flor como a da professora. Era vermelha, com a haste verde.
Outro dia, quando o garotinho abria a porta lá fora, a professora disse:
- Hoje nós vamos trabalhar com argila!
Cobras e bonecos, elefantes e ratos, carros e caminhões... E começou a puxar e amassar a bola de argila. Mas a professora disse:
- Esperem, não é hora de começar.
E ela esperou até que todos estivessem prontos.
- Agora – disse a professora - nós vamos fazer uma travessa.
- Bom – pensou o garotinho.
Ele gostava de fazer travessas. E começou a fazer algumas, de diferentes tamanhos e formas. Mas a professora disse:
- Esperem e eu lhes mostrarei como fazer uma travessa funda.
- Aí – disse a professora - agora vocês podem começar.
O garotinho olhou para a travessa da professora. Então, olhou para as suas. Ele gostava mais das suas do que a da professora. Mas não revelou isso. Ele apenas amassou sua argila numa grande bola. E fez uma travessa como a da professora, que era uma travessa funda.
E logo o garotinho aprendeu a esperar e a observar. E a fazer coisas como a professora. E logo, ele não fazia as coisas por si mesmo.
Então aconteceu que o garotinho e sua família mudaram para outra casa numa outra cidade. E o garotinho teve que ir para outra escola. Essa escola era ainda maior do que a primeira. E não havia porta lá fora direto para a sua sala. Ele tinha que subir alguns degraus e seguir por um corredor comprido para chegar a sua sala.
E, justamente no primeiro dia que ele estava lá, a professora disse:
- Hoje nós vamos fazer um desenho.
- Bom – pensou o garotinho.
E esperou pela professora para dizer-lhe o que fazer. Mas ela não disse nada, apenas andou pela sala. Quando se aproximou do garotinho, ela disse:
- Você não quer desenhar?
- Sim – disse o garotinho. – Mas o que é que eu vou fazer?
- Eu não sei até que você faça – disse a professora.
- Como eu farei?, perguntou o garotinho.
- Faça do jeito que você quiser – disse a professora.
- E de qualquer cor?, perguntou ele.
- De qualquer cor – disse a professora. – Se todos fizessem o mesmo desenho e usassem as mesmas cores, como eu poderia saber quem fez o quê e qual era qual?
- Eu não sei, disse o garotinho.
E começou a fazer uma flor vermelha, com a haste verde.

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