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terça-feira, 22 de abril de 2014

Dica de livro: "Náufragos, Traficantes e Degredados"


"Náufragos, Traficantes e Degredados: As Primeiras Expedições ao Brasil 1500-1531", Eduardo Bueno, Rio de Janeiro, Editora Objetiva, 1998, 200 páginas, Coleção Terra Brasilis, volume 2.

O segundo livro da coleção procura, segundo o autor, abordar um período de tempo muito pouco analisado pela História. Durante os primeiros 31 anos de existência sob o domínio português, o Brasil foi deixado de lado, sendo "as três décadas menos documentadas e mais desconhecidas da história do Brasil.". O livro trata de assuntos muito interessantes. A chegada no Brasil de expedições espanholas meses antes do desembarque de Pedro Álvares Cabral, mas que "não tiveram consequências práticas para a história do Brasil". Segundo o autor, Portugal já tinha noção da possibilidade da existência de terras onde viriam a desembarcar em 1500.

"(...) o certo é que, no segundo semestre de 1497, quando navegava em direção à Índia, Vasco da Gama já pressentia a existência dessas mesmas terras. De fato, no dia 22 de agosto daquele ano, depois de zarpar das ilhas do Cabo Verde, no rumo da Índia, Gama e seus homens avistaram, em pleno mar, aves marinhas voando 'muito rijas, como aves que iam para terra'. Gama não pôde desviar sua rota para segui-las, mas a aparição foi registrada no seu diário de bordo. Naquela momento, os navegadores portugueses estavam interessados na verdadeira Índia – que eles sabiam que ficava a leste, para além do oceano Atlântico – e não nas terras que Colombo descobria a oeste." 

O livro aborda também a explicação para o fato do continente se chamar "América", em homenagem a Américo Vespúcio, e não Cristóvão Colombo; a assinatura em 1502 por D. Manoel de um 'contrato de arrendamento' do Brasil com um consórcio de ricos mercadores lusitanos, liderados por Fernando de Noronha, a quem foi concedido o monopólio do comércio do pau-brasil pelo período de 10 anos. E mais: as invasões francesas no litoral brasileiro, iniciadas poucos anos após a descoberta de Pedro Álvares Cabral, contrabandeando pau-brasil, e causando grandes prejuízos financeiros à Coroa portuguesa. Em resposta, Portugal organizou as expedições guarda-costas. Em 1555, a França invadiu e fundou no Rio de Janeiro a chamada "França Antártica". Portugueses e espanhóis disputaram a primazia da conquista da região do rio da Prata, em busca das riquezas faladas pelos índios.

Ao contrário da visão geral, o autor discorda acerca da finalidade da expedição de Martim Afonso de Sousa: "não há indícios de que o rei [D. João III] estivesse interessado em povoar o Brasil antes de 1532". Segundo Eduardo Bueno, "O que o monarca de fato pretendia – além de combater o abuso dos traficantes franceses e explorar o Amazonas – era se apoderar da foz do grande rio que, segundo todas as evidências, conduzia à fabulosa serra da Prata". Martim Afonso tinha por missão levar a lei e a ordem ao território brasileiro, "que permanecia ocupado apenas por náufragos espanhóis, traficantes franceses e degradados portugueses". Com a descoberta do Peru pelos espanhóis, a cobiça europeia desviou-se para aquela região, deixando de lado a região do Prata e o território brasileiro.  Como adianta o título, o livro dá destaque aos primeiros homens brancos a viver no Brasil, muitos por acidente, outros por castigo, alguns por opção. E como foi sua relação com as tribos indígenas que já ocupavam o território. Vale a pena conferir.  fr

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