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domingo, 24 de setembro de 2017

Convento de Santo Antônio

Passando pelo Largo da Carioca, no Centro do Rio de Janeiro, não tem como não ter a atenção chamada para os prédios do Convento e da Igreja de Santo Antônio e da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, no alto do Morro de Santo Antônio. São alguns dos locais mais antigos da cidade e do Brasil. O Convento teve o início de sua construção no ano de 1608, um ano após a concessão da posse do Morro de Santo Antônio – batizado com este nome por haver no local uma pequena capela dedicada ao Santo – aos frades franciscanos pelo governador Martim Correia de Sá. A sua primeira missa foi rezada em 1615, ainda em obras, concluídas em 1620, portanto ainda na época em que o país era uma colônia de Portugal. Com o tempo, como se vê nas imagens abaixo, foram realizadas ampliações.
O Convento é a residência dos freis, e dentre eles o mais conhecido foi o frei Galvão, entre 1761 e 1762, canonizado em 2007 pelo papa Bento 16, tornando-se, assim, o primeiro santo nascido no Brasil. Nele são realizadas missas, batismos, casamentos e ouvidas confissões. Eu assisti a uma missa, durante a qual pombos entravam e saiam em voos rasantes, e conheci um pouco mais do local em uma visita guiada, excetuados, é claro, as partes a que não se dá acesso ao público, como as celas dos freis e a biblioteca.O Convento de Santo Antônio tem forte presença na História do Brasil. Participou da defesa da então capitania do Rio de Janeiro durante a invasão francesa em 1710-1711. À época, o governador da capitania, Francisco de Castro Morais, rezou perante a imagem de Santo Antônio, pedindo-lhe que intercedesse diante da ameaça francesa. Após a expulsão dos franceses, ele nomeou a estátua do santo capitão de infantaria, inclusive com o pagamento de uma remuneração, destinada ao Convento. Em 1810, o príncipe regente, futuro Dom João VI, promoveu a imagem a sargento-mor, e três anos depois a tenente-coronel. O pagamento ao "militar" somente deixou de ser feito em 1911, já na República.
              Dom João VI e seu filho Dom Pedro I costumavam ir ao Convento pelo menos uma vez por ano, onde almoçavam. O frei Francisco de Santa Teresa de Jesus Sampaio teve grande influência junto ao então príncipe regente, incentivando-o a declarar a independência. Em sua cela no Convento reuniram-se alguns dos defensores do rompimento com a Coroa portuguesa.
              Há um mausoléu no Convento, inaugurado em 1937, com a presença de dona Darcy Vargas, esposa do presidente da República Getúlio Vargas. Nele estão os restos mortais de três filhos de Dom Pedro I, dois filhos de Dom Pedro II, e uma filha da princesa Isabel, nascida morta, além de alguns freis. O mausoléu estava fechado à visitação quando estive lá. Da construção original, havia também um hospital, da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, e um chafariz, demolidos para a ampliação da Rua e do Largo da Carioca, entre os fins do século 19 e o início do 20.
              O Morro de Santo Antônio também veio a ser demolido, com a justificativa da necessária abertura de vias de circulação, a fim de atender a chegada dos automóveis, e a construção de um novo bairro. Era parte do ideal modernizador que tomou conta do Brasil no início do século passado, e que também foi responsável pela demolição do Morro do Castelo (ver em 'Minhas Fotos 48 - Largo da Misericórdia'). Assim, durante parte da década de 1950 e início da de 1960, a região foi demolida, e com ela centenas de barracos que formavam uma favela ali existente, com os seus moradores tendo que sair daquela área. Com a terra retirada, deu para ocupar a atual área que veio a dar origem às Praias do Flamengo e de Botafogo.
             Felizmente, o Convento e as igrejas não foram demolidos, apesar de alguns terem defendido essa ideia. O Convento de Santo Antonio foi tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) no Rio de Janeiro em 1938. Em 2009, o Instituto entregou à administração do Convento cópia de um inventário completo que ele realizou dos bens móveis e integrados, incluindo todo o seu acervo. Este inventário fotografou de vários ângulos e descreveu cerca de 2000 mil peças, de altares a crucifixos,  a maior parte de século 18. A medida teve por objetivo manter um catálogo minucioso do patrimônio existente no Convento, a fim de reagir diante de um eventual furto. Aconselho a todos uma visita ao Convento e às Igrejas! Vejam algumas das fotos que eu fiz, abaixo, inclusive as de visão geral, que tirei do alto de um prédio em frente. As reproduções da internet mostram a mudança ao longo dos séculos, de 1608 a 1999. fr

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