A eleição para prefeito do Rio de Janeiro
teve hoje o seu segundo turno, e o eleito foi o bispo licenciado e senador
Marcelo Crivella, do PRB. As urnas mostraram o enorme descontentamento da
população com os políticos. Somando as pessoas que preferiram não votar com
aqueles que votaram em branco ou anularam o voto, o total foi superior ao total
de votos conseguido por Crivella. De um total de 3.583.094 votos, 2.034.352
votos não foram destinados a nenhum dos dois candidatos. Crivella conseguiu
1.700.030 votos, e Marcelo Freixo, do PSOL, 1.163.662 votos. É o retrato da
insatisfação que se espalha não apenas pela cidade do Rio de Janeiro, mas por
todo o país. As pessoas estão revoltadas com a corrupção, a incompetência, o
despreparo e a indiferença da maioria dos políticos. Marcello Crivella venceu
com o apoio de sua igreja, a Universal, proprietária de um forte império de
comunicação (TV Record, emissoras de televisão aberta e fechada, emissoras de
rádio, jornais, revistas, sites na
internet etc.). O apoio também da família Garotinho desde o primeiro turno, e
também de uma igualmente politiqueira aliança no segundo: pastor Silas
Malafaia, da Assembleia de Deus, que já atacara várias vezes Crivella; Índio da
Costa (PSD), em que eu votei no primeiro turno, e que passou a campanha inteira
alertando os eleitores que seria ele o candidato com melhores condições de
impedir a vitória de Crivella e a tomada de poder por parte de uma igreja
fundamentalista; os ultra-radicais Jair e Flávio Bolsonaro (ambos do PSC);
entre outros. Índio da Costa já é cotado para ocupar uma secretaria na
administração de Crivella. Ou seja, é o famoso toma lá-dá cá da política
brasileira, em que os políticos só dão o apoio se receberem algo em troca. Marcelo
Crivella é de um partido pequeno e dependerá muito do apoio de outros partidos
para ver suas propostas aprovadas. Esse é o preço de se ganhar uma eleição com
alianças eleitoreiras, desvinculadas de coerência programática. Além do já
conhecido fundamentalismo de sua igreja, que ataca constantemente católicos,
umbandistas, candomblecistas, homossexuais, e desmerece as mulheres, a quem vê
como submissas aos homens. Crivella e o seu partido, que se beneficiaram do sentimento anti-PT e a esquerda em geral, apoiaram e participaram dos
governos dos presidentes Lula e Dilma, chegando a ser ministro da Pesca, abandonando
o barco tão logo o impeachment da
ex-presidente ganhou força. Vamos torcer para a administração de Crivella
surpreenda e governe para todos, não apenas para os seus adeptos. Afinal, a
cidade do Rio de Janeiro está acima de todos! fr
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