Até 1958, Cuba vivia em uma
ditadura, e os cubanos na miséria, com a enorme maioria da população
analfabeta. O presidente Fulgencio Batista contava com o apoio dos Estados
Unidos, que tratava o país como o seu quintal particular. Os estadunidenses iam
para Cuba para se divertir nos cassinos, beber e sair com prostitutas. A Revolução
Cubana pos fim a tudo isso no dia 1º de janeiro de 1959. A partir de então, os
Estados Unidos passaram a adotar atitudes hostis ao novo governo, tentando
impor-lhe condições, como faziam até então, inclusive tentando efetivamente
derrubá-lo, e até mesmo assassinar Fidel Castro. Cuba passou a rever concessões
da época de Fulgencio às empresas estadunidenses, em termos muito vantajosos
para aquelas. Os Estados Unidos reduziram drasticamente suas importações de açúcar
cubano, principal item da economia do país caribenho, que mais tarde seriam
canceladas. No dia 3 de janeiro de 1961, os Estados Unidos romperam relações
com Cuba. No mesmo ano, Cuba foi invadida por paramilitares cubanos exilados e
treinados pelos Estados Unidos. Em poucos dias, Cuba derrotou os invasores, mas
o distanciamento entre os dois países estava claro, e com o tempo foi se
agravando. Em janeiro de 1962, os Estados Unidos pressionaram os países
latino-americanos e conseguiu, por maioria, a expulsão de Cuba da OEA
(Organização dos Estados Americanos), visando o seu isolamento político. O Brasil
se absteve. Anos depois, porém, os Estados Unidos conseguiriam que todos
rompessem também relações com Cuba, incluindo o Brasil, já mergulhado em uma
ditadura militar, apoiada pelos estadunidenses. No segundo semestre de 1962, mísseis
soviéticos foram instalados em Cuba, provocando forte reação dos Estados
Unidos, no que ficou conhecido como a 'Crise dos Mísseis'. A União Soviética
alegava que os Estados Unidos já tinham mísseis instalados na Turquia, que a
colocava em ameaça. Ao final, a URSS aceitou a retirada dos mísseis de Cuba,
desde que os Estados Unidos também retirassem os seus da Turquia, e se
comprometessem a não invadir novamente Cuba. Naquele ano, os Estados Unidos
deram início a um bloqueio econômico a Cuba, que vigora até hoje, apesar das
relações diplomáticas entre os dois países terem sido restabelecidas oficialmente
ano passado, e de ser condenado pelo mundo inteiro na Assembleia Geral da
Organização das Nações Unidas. Com tudo isso, os próprios Estados Unidos
acabaram por empurrar Cuba para o lado da então União Soviética e o comunismo. O
mundo, à época, vivia dividido por conta da Guerra Fria, e um país pequeno e tão
próximo dos Estados Unidos não conseguiria se defender diante de um adversário
tão poderoso se não se aliasse ao outro lado. Não deixa de ser bastante irônico
que tenham sido justamente os Estados Unidos, por tentar manter Cuba sob sua
dominação política e econômica, que tenham feito com que este país se
aproximasse do comunismo. Cuba apresentou avanços fantásticos na educação,
acabando com o analfabetismo, e na saúde pública. Porém, restringiu as
liberdades de imprensa, políticas e individuais. Fidel Castro é odiado por
muitos, adorado por outros, mas, com certeza, tem o seu nome gravado na História
do mundo por ter defendido os seus ideais e o seu país da interferência
externa. Eu torço para que Estados Unidos e Cuba prossigam no processo de
reaproximação, apesar do futuro presidente estadunidense, Donald Trump, não ser
uma pessoa que respeite acordos ou princípios democráticos. Eu torço para que o
bloqueio a Cuba, resquício ainda dos tempos da Guerra Fria, termine, e que Cuba
venha a se tornar uma democracia. Mas sem que Cuba volte a ser o quintal dos
Estados Unidos, sem que volte a ser apenas uma marionete nas mãos dos Estados
Unidos, ou de quem quer que seja. Liberdade, democracia, justiça social e
soberania a Cuba! É o mesmo que eu desejo ao Brasil e a todos os países do
mundo. fr
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