SEJA ÉTICO

SEJA ÉTICO: Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução do conteúdo deste blog com a devida citação de sua fonte.

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Santuário de Fátima

        Hoje, 14 de junho, eu e minha mãe tiramos o dia para visitar o Santuário de Fátima. Eu já o conhecia, quando estive em Portugal em 1983. Ano passado comemorou-se o centenário das aparições. Para dar uma contextualizada sobre as aparições de Nossa Senhora de Fátima, vou deixar aqui um resumo, de acordo com informações que eu pesquisei no Wikipedia. Em 1917, três crianças pastorinhas presenciaram aparições da santa na Cova da Iria, localidade próxima da cidade e freguesia de Fátima, no concelho de Ourém, distrito de Santarém, em Portugal. Atualmente, no local das aparições está a Capelinha das Aparições.
        Lúcia dos Santos (1907-2005) e os primos Francisco Marto (1908-1919) e Jacinta Marto (1910-1920), com idades entre sete e dez anos, presenciaram seis aparições de Nossa Senhora de Fátima no período de maio a outubro de 1917. Lúcia não apenas viu e ouviu, mas foi a única a quem Nossa Senhora se dirigiu; Jacinta viu e ouviu; e Francisco apenas teria visto. Em 1937, Lúcia divulgou ao mundo que eles haviam tido três outras visões de um anjo em 1916, e ela e três outras pastorinhas mais três em 1915, além de mais aparições particulares a Jacinta e Lúcia em anos posteriores a 1917. As descrições das aparições foram feitas por Lúcia.
  
        A primeira aparição da santa ocorreu no dia 13 maio de 1917, quando ela surgiu acima de uma pequena azinheira, onde está hoje a Capela das Aparições (ver minhas fotos 1, 8, 11, 12 e 13). No local das aparições restou somente a chamada “azinheira grande” da época das aparições (ver minha foto 10), as demais foram destruídas aos poucos por pessoas em busca de recordações. Nossa Senhora pediu às crianças que voltassem ao mesmo local por seis meses consecutivos para dizer o que queria delas, sempre no dia 13 e no mesmo horário, e ainda uma sétima vez. Mandou que rezassem o terço todos os dias em busca da paz no mundo, em uma época em que se vivia o horror da Primeira Guerra Mundial.
        Com a presença de aproximadamente 50 pessoas, que tiveram conhecimento da primeira aparição, na segunda, no dia 13 de junho, Nossa Senhora pediu também que as crianças aprendessem a ler e a escrever. Em resposta a uma pergunta de Lúcia, revelou, ainda, que levaria para o Céu os seus primos, e que ela permaneceria mais tempo, para divulgar às pessoas sobre si. De fato, Lúcia viveu até quase os 98 anos, enquanto os seus primos morreram ainda crianças, vítimas da gripe espanhola.
        No dia 13 de julho, Nossa Senhora pediu que continuassem a rezar o terço todos os dias, “em honra de Nossa Senhora do Rosário”, com a intenção de conseguir a paz no mundo e o fim da guerra, fizessem sacrifícios para a salvação dos pecadores e retornassem dentro de um mês. Lúcia pediu que lhe dissesse quem era e que fizesse um milagre para que todos acreditassem, e ela respondeu que o faria em outubro. Nesta aparição Nossa Senhora contou a Lúcia as três partes do que ficou mundialmente conhecido como os segredos de Fátima.
        Lúcia revelou as duas primeiras partes do segredo em 1941. A primeira foi a visão do inferno, mostrada por Nossa Senhora às crianças por um breve momento. Segundo Lúcia, foi algo bastante assustador:
        “Esta vista foi um momento, e graças à nossa boa Mãe do Céu; que antes nos tinha prevenido com a promessa de nos levar para o Céu [na primeira aparição] se assim não fosse, creio que teríamos morrido de susto e pavor.”
        A segunda parte foi o pedido de Nossa Senhora pela devoção das pessoas ao Imaculado Coração de Maria para escaparem do inferno, e a conversão da Rússia. A parte final somente foi revelada após anos de especulações, no ano de 2000, por determinação do papa João Paulo II. Foi quando este fez sua terceira visita a Fátima, e Jacinta e Francisco foram beatificados. Seria uma previsão do atentado a ele próprio, ocorrido em 13 de maio de 1981, quando o terrorista turco Mehmet Ali Ağca o atingiu com tiros, em plena Praça de São Pedro: “um bispo de branco que reza por todos os crentes, caminhando, com dificuldade, para uma cruz rodeada de cadáveres. O bispo de branco cai depois por terra, sob tiros de uma arma de fogo.” Especulava-se que a parte final do segredo escondia algo de proporções sinistras, como o fim do mundo. O Wikipedia informa terem sido dois tiros, mas eu encontrei informações diferentes em outras páginas na internet, segundo as quais teriam sido três ou quatro.
 
 
 
 
        Francisco e Jacinta foram beatificados pelo papa João Paulo II em 13 de maio de 2000, e canonizados pelo papa Francisco no dia 13 de maio de 2017. A canonização foi devido a um milagre de recuperação de uma lesão cerebral grave do menino brasileiro Lucas, então com cinco anos. Os restos mortais de Jacinta e Francisco foram trasladados do cemitério de Fátima para a Basílica de Nossa Senhora do Rosário respectivamente em 1951 e 1958.
        Lúcia, por sua vez, morreu em Coimbra, no Carmelo de Santa Teresa, em 13 de fevereiro de 2005. Os seus restos mortais foram trasladados para a Basílica de Nossa Senhora do Rosário em 19 de fevereiro do ano seguinte, onde está sepultada junto dos seus primos (minhas fotos 27 e 28). O processo de beatificação de Lúcia está em andamento.
        Ela dedicou sua vida à Igreja Católica, ingressando como aluna interna no Colégio das Irmãs Doroteias, em Vilar, no Porto, em 1921; e tornou-se postulante de noviciado no Convento das Doroteias, em Tui, na Espanha, em 1925. Regressou a Portugal em 1948, entrando no Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, com o nome de Irmã Maria Lúcia do Coração Imaculado.
        Segundo João Paulo II, foi a “mão materna” de Nossa Senhora que guiou a bala e salvou a sua vida: “Eu poderia esquecer que o evento na Praça de São Pedro teve lugar no dia e na hora em que a primeira aparição da Mãe de Cristo aos pastorinhos estava sendo lembrada por 60 anos em Fátima, Portugal? Mas em tudo o que aconteceu comigo naquele mesmo dia, senti que a proteção extraordinária maternal e cuidadosa, acabou por ser mais forte do que a bala mortal.”
        Em dezembro de 1983, João Paulo II se encontrou com o terrorista Mehmet Ali Ağca na prisão. Uma das balas que atingiu o papa foi inserida no ano seguinte na coroa da imagem de Nossa Senhora de Fátima que fica na Capelinha das Aparições. Ali Ağca foi condenado à prisão perpétua na Itália, mas o próprio papa o perdoou e, após cumprir 19 anos também recebeu o perdão do então presidente italiano, Carlo Azeglio Ciampi, a pedido do líder religioso.
        Ali Ağca foi extraditado para a Turquia em junho de 2000, onde foi condenado à outra pena de prisão perpétua por conta do assassinato de um jornalista em 1979 e do roubo a um banco na década de 1970. Em seu país natal ele cumpriu mais dez anos de prisão, sendo colocado em liberdade em janeiro de 2010.
  
 
          A quarta aparição deveria ter ocorrido, como esperado, no dia 13 de agosto, porém as crianças foram raptadas pelo administrador do concelho de Vila Nova de Ourém, Artur de Oliveira Santos, “um republicano anticlerical e maçon, que à força quis arrancar-lhes o segredo”. Neste dia, uma multidão esteve reunida na Cova da Iria, mas não houve aparição. As crianças foram libertadas no dia 15, sem nada contar ao seu sequestrador.
        Nossa Senhora acabou por aparecer novamente às crianças no dia 19, na propriedade de um dos tios de Lúcia, a três quilômetros da Cova da Iria. Ela mais uma vez pediu que continuassem indo à Cova da Iria e a rezar o terço todos os dias. Disse ainda que o dinheiro deixado pelas pessoas na Cova da Iria fosse utilizado para construção de dois andores (estruturas para o transporte de imagens em cortejos religiosos) para a festa de Nossa Senhora do Rosário. E a quantia que sobrasse deveria ser usada para a construção de uma capela.
 
        Uma multidão calculada de 15 a 20 mil pessoas esteve presente à quinta aparição, no dia 13 de setembro. Nossa Senhora reiterou o pedido no sentido de que rezassem o terço para o fim da guerra e disse que atenderia aos pedidos de cura de alguns doentes. E complementou: “Em outubro, virá também Nosso Senhor, Nossa Senhora das Dores e do Carmo, São José com o Menino Jesus, para abençoarem o Mundo. Deus está contente com os vossos sacrifícios”.
        Na sexta aparição, no dia 13 de outubro, aproximadamente 50 mil pessoas foram à Cova da Iria, apesar da forte chuva que caía, na expectativa de presenciarem o milagre que foi anunciado pelas crianças. Nossa Senhora afirmou ser a Senhora do Rosário, pediu mais uma vez que continuassem a rezar o terço todos os dias e também que construíssem naquele local uma capela em sua honra, o que veio a ser feito. Afirmou que a guerra iria terminar, e, em resposta a Lúcia, que disse haver muitas pessoas pedindo a cura de doentes e a conversão de pecadores, disse que “uns sim; outros, não”.
        Após Nossa senhora desaparecer no Céu, Lúcia pediu às pessoas que olhassem para o Sol:
"Desaparecida Nossa Senhora, na imensa distância do firmamento, vimos, ao lado do Sol, S. José com o Menino e Nossa Senhora vestida de branco, com um manto azul." Era a Sagrada Família. "S. José com o Menino pareciam abençoar o Mundo com uns gestos que faziam com a mão em forma de cruz. Pouco depois, desvanecida esta aparição, vi Nosso Senhor acabrunhado de dor a caminho do Calvário e Nossa Senhora que me dava a ideia de ser Nossa Senhora das Dores."
        Ainda outro fenômeno ocorreu:
        “Enquanto os três pastorinhos eram agraciados com estas visões (apenas Lúcia viu os três quadros, Jacinta e Francisco viram somente o primeiro), a maior parte da multidão presente observou o chamado O Milagre do Sol. A chuva que caía cessou, as nuvens entreabriram-se deixando ver o Sol, assemelhando-se a um disco de prata fosca, podia fitar-se sem dificuldade sem cegar. A imensa bola começou a girar vertiginosamente sobre si mesma como uma roda de fogo. Depois, os seus bordos tornaram-se escarlates e deslizou no céu, como um redemoinho, espargindo chamas vermelhas de fogo. Essa luz refletia-se no solo, nas árvores, nas próprias faces das pessoas e nas roupas, tomando tonalidades brilhantes e diferentes cores. Animado três vezes por um movimento louco, o globo de fogo pareceu tremer, sacudir-se e precipitar-se em ziguezague sobre a multidão aterrorizada. Tudo durou uns dez minutos. Finalmente, o Sol voltou em ziguezague para o seu lugar e ficou novamente tranquilo e brilhante. Muitas pessoas notaram que as suas roupas, ensopadas pela chuva, tinham secado súbitamente. Tal fenômeno foi testemunhado por milhares de pessoas, até mesmo por outras que estavam a quilômetros do lugar das aparições. O relato foi publicado na imprensa por diversos jornalistas que ali se deslocaram e que foram também eles, testemunhas do acontecimento.”
 
 
 
 
 
 
 
        A prometida sétima aparição não teria ainda ocorrido até hoje, e muitos interpretam que ela somente virá a ocorrer quando o mundo atender plenamente aos pedidos de Nossa Senhora, no sentido de respeitar a Deus. As aparições provocam reações diversas no mundo inteiro, com pessoas colocando em dúvida sua veracidade e outras dedicando sua devoção à santa. A Igreja Católica somente as reconheceu formalmente em outubro de 1930, após um processo de investigação aberto a mando do bispo de Leiria, D. José Alves Correia da Silva, autorizando “o culto mariano sob a invocação de ‘Nossa Senhora do Rosário de Fátima’.”
        O Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, como é formalmente chamado pela Igreja Católica, é um dos mais importantes do mundo dedicado à Virgem Maria e recebe aproximadamente seis milhões de visitantes por ano. Recebeu a visita dos últimos papas, com exceção de João Paulo I, cujo curto mandato durou apenas 33 dias, em 1978.
 
 
 
 
 
        O papa Paulo VI foi o primeiro papa a visitar Portugal, em 1967, mas não oficialmente, apenas como peregrino, porque o Vaticano contestava o que considerava uma “política de guerra” praticada pelo país em suas colônias na África. Ainda assim, encontrou-se com o presidente português em Fátima.
        João Paulo II foi o papa que mais visitou o Santuário. Sua primeira viagem foi de 12 a 15 de maio de 1982, para agradecer por ter conseguido sobreviver ao atentado que sofreu no ano anterior. À época, também foi vítima de um atentado, quando esteve em Fátima. O padre espanhol ultraconservador Juan Fernandez Krohn estava armado com uma adaga, mas foi imobilizado pela polícia portuguesa. As demais visitas ocorreram em 1991 e em 2000, já praticamente aos 80 anos e doente. Nesta que foi sua última visita a Fátima, os pastorinhos Jacinta e Francisco foram beatificados e a terceira parte do segredo foi revelada ao mundo.
 
 
 
  O alemão Bento XVI, um estudioso do segredo de Fátima, foi a Fátima em 2010. O atual papa, o argentino Francisco, esteve em Fátima como peregrino nos dias 12 e 13 de maio de 2017, durante as comemorações do centenário da primeira aparição de Nossa Senhora, quando os pastorinhos Jacinta e Francisco foram canonizados. “Os dois irmãos são os mais jovens santos não-mártires na história da Igreja Católica”.
        A construção do Santuário teve início em 1919, com a construção da Capelinha das Orações, pedida por Nossa Senhora, e descrita pela página oficial do Santuário na internet como sendo o seu “coração”.
        “Foi no local onde se encontra a Capelinha que Nossa Senhora falou aos pastorinhos. Das seis aparições da Virgem Maria, cinco aconteceram neste local – maio, junho, julho, setembro e outubro – onde, por indicação da Senhora, haveria de ser construída uma capela em sua honra. Erigida entre 28 de abril e 15 de junho de 1919, foi posteriormente benzida, tendo-se aí celebrado missa pela primeira vez em 13 de outubro de 1921. Dinamitada na madrugada de 6 de março de 1922, foi restaurada e reinaugurada em 13 de janeiro de 1923. (...) A peanha [pequeno pedestal em que se colocam imagem, estátua, cruz, busto etc.] onde se encontra a Imagem de Nossa Senhora marca o sítio onde estava a pequena azinheira sobre a qual a Senhora do Rosário apareceu.”
        A Capelinha das Aparições foi demolida em 1922 por vândalos, não sendo totalmente destruída porque algumas cargas de explosivos falharam, reforçando a ideia geral de proteção do local. A quarta aparição de Nossa Senhora, em agosto de 1917, e outras aparições angelicais ocorreram dentro da área do complexo do Santuário.
        Ao longo dos anos seguintes, o espaço foi sendo ampliado e urbanizado, com a compra dos terrenos próximos, e atualmente o Santuário de Fátima tem duas basílicas: a da Santíssima Trindade (minhas fotos 29, 30 e 31), e a principal, de Nossa Senhora do Rosário (minhas primeiras fotos). Esta teve sua pedra fundamental colocada em 13 de maio de 1928 e sua sagração oficializada em 7 de outubro de 1953, recebendo o título de basílica em novembro do ano seguinte, pelo papa Pio XII.
A Basílica da Santíssima Trindade teve sua construção finalizada em 2007, ainda como igreja, e foi elevada à basílica em 2012. É dedicada ao culto da Santíssima trindade, por conta das aparições do Anjo da Paz. Sua construção contou com a colaboração dos fieis:
        “As novas edificações foram integralmente financiadas pelos donativos dos peregrinos deixados ao santuário ao longo dos anos. (...) A basílica conta com um total de 8.633 lugares sentados e 40.000 m² de área, sendo considerada o quarto maior templo católico do mundo em capacidade. (...) A Basílica da Santíssima Trindade tem uma altura de 18 metros. De configuração circular (com 125 metros de diâmetro) (...)”


 
 
            Quando adolescente, lembro de ter assistido a um filme na Sessão da Tarde, na Globo, sobre as aparições, mas, não sei porque, há muitos anos não passa mais. Outros filmes foram feitos sobre o assunto, inclusive este ano estreou um documentário espanhol, mas ainda não no Rio de Janeiro. Eu pesquisei na internet e consegui, enfim, rever o filme. É “A Virgem de Fátima” (“The Miracle of Our Lady of Fatima”), um filme estadunidense, falado em inglês e lançado pela Warner Bros em 1952.

        Com direção de John Brahm, tem no elenco o mexicano Gilbert Roland; Angela Clark; Susan Whitney (Lúcia), Sherry Jackson (Jacinta), que viria participar de alguns episódios de séries de TV como “Batman”, “Jornada nas Estrelas” e “O Incrível Hulk”; e Sammy Ogg (Francisco). O filme na internet pode até não estar completo, tem 1h27, e eu li que a duração dele é de 1h42, mas valeu a pena. Não são mostradas as aparições de agosto e de setembro.
        Escrevi aqui um resumo da história das aparições e sobre o Santuário de Fátima, quem quiser, pode comentar e acrescentar, de forma construtiva. fr

Nenhum comentário: