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segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Livros de Dostoiévski

 
            Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski (1821-1881), ou Фёдор Миха́йлович Достое́вский, em russo, nasceu em Moscou, foi escritor, filósofo e jornalista. É considerado um dos mais importantes escritores de todos os tempos. E foi justamente toda essa fama e reconhecimento que me estimulou a ler algo seu. Eu li, recentemente, dois livros de Dostoiévski: “Crime e Castigo” e “Os Irmãos Karamazov”, e vou comentar um pouco das minhas impressões sobre essas leituras. Não chego a indicar os livros, são estórias contadas em parágrafos longos, arrastados, pesados, sem agilidade na leitura. Eu sei que o autor tem muitos admiradores, que adoram os seus livros, espero que não me levem a mal... 😉

Apenas para ilustrar um pouco, vou escrever um resumo da vida de Dostoiévski, que eu pesquisei na Wikipédia Ele foi preso aos 27 anos sob a acusação de participar de um grupo radical que estaria conspirando contra o czar Nicolau I, e condenado à morte. Às vésperas de ser executado junto com outros presos, o imperador perdoou muitos deles, incluindo Dostoiévski, porém fez questão que fosse simulada a execução. Os condenados foram levados ao local do cumprimento da pena, ouviram as sentenças serem lidas em voz alta, três deles chegaram a ser amarrados aos postes, mas quando o pelotão ia atirar, a execução foi interrompida. (Cruel!)

Dostoiévski teve sua pena alterada para oito anos de trabalhos forçados na Sibéria, e, mais tarde, reduzida para quatro anos. Posteriormente foi transformada em serviço militar no Exército russo por tempo indefinido; passando quatro anos em uma fortaleza no Cazaquistão. Casou-se com a viúva Maria Dmitriévna, em 1857, e, após ser diagnosticado com epilepsia, conseguiu ser dispensado do Exército para tratamento da saúde, em 1859. Alguns dos personagens de seus livros têm essa doença, como Smerdiákov, em “Os Irmãos Karamazov”.

Conseguiu retornar para São Petersburgo, voltando a publicar artigos, contos e seus livros, além de revistas literárias, com o irmão, Mikhail. Em 1862, fez sua primeira viagem pela Europa, passando por Alemanha, Bélgica, França e Inglaterra, quando começou a jogar em roleta, viciando-se no jogo, e consequentemente, a se endividar. Dostoiévski jogava sempre que viajava. Em 1864, a esposa morreu de tuberculose, e, no mesmo ano, morreu também o irmão.

“Crime e Castigo” era para ser um conto, mas Dostoiévski acabou transformando-o em uma de suas principais obras. Os seus dois primeiros capítulos foram publicados na revista “O Mensageiro Russo” nas edições de janeiro e fevereiro de 1865. Os capítulos seguintes tiveram o interesse do público aumentado por causa do assassinato, em janeiro de 1866, de um agiota e de seu criado por um jovem estudante com o objetivo de roubar o seu apartamento. A revista, inclusive, conseguiu mais novos 500 assinantes nos meses seguintes. A história real desse duplo assassinato tem muita semelhança com a do livro.

Em 1867, aos 46 anos, Dostoiévski casou-se com Anna Grigoryevna Snitkina, de 20 anos, a quem ele tinha contratado como estenógrafa, para acelerar a publicação de seus livros. Para fugir dos credores, ele resolveu viajar pela Europa com a esposa por alguns meses, mas acabaram ficando quatro anos fora da Rússia. E, para piorar, endividou-se ainda mais na roleta, perdendo muito do seu dinheiro, e o da esposa. Na Suíça tiveram a primeira filha, Sônia, que acabou morrendo com apenas dois meses, vítima de uma gripe. O casal viria a ter três outros filhos: Liubov, Fiódor e Aleixo. Em 1871, retornaram à Rússia. Dostoiévski morreu no dia 28 de janeiro de 1881, vítima de enfisema e hemorragia pulmonar, e o seu enterro foi acompanhado por uma multidão de aproximadamente 30 mil pessoas.

Agora, vou comentar o que eu achei dos livros. Os dois são grossos, e eu achei a leitura deles difícil; são longos parágrafos, muito detalhados, o que a torna mais demorada.

Crime e Castigo”, São Paulo, editora 34, 2001, 568 páginas; tradução, prefácio e notas de Paulo Bezerra; gravuras de Evandro Carlos Jardim.

Atenção, a seguir vou escrever informações sobre o final deste livro, então, quem não quiser saber antecipadamente, pare aqui!

O livro foi lançado em 1866. A edição que eu li é a primeira tradução do original para o idioma português, as demais foram traduções do francês. Raskólnikov é um estudante de 23 anos, que teve de interromper os estudos por falta de dinheiro, vivendo em péssimas condições, devendo à pensão onde morava, passando fome e dependendo da ajuda da mãe e da irmã, também pobres.

Ele acredita que as pessoas estão divididas em ‘extraordinárias’ e ‘ordinárias’, sendo permitido às primeiras cometer crimes, sem serem punidas. E resolve, assim, matar sua locadora, Aliena Ivánovna, uma agiota, premeditando o crime por mais de um mês. Mas acaba matando também a irmã dela, Lisavieta, por ela ter visto Aliena morta. O próprio Dostoiévsky teve que lidar com agiotas, inclusive tendo que pagar 500 rublos em promissórias por uma dívida do irmão, depois que este faleceu.

Raskólnikov se baseia nos exemplos históricos para justificar sua opinião. Segundo ele, Napoleão foi responsável pela morte de milhares de pessoas, e, mesmo assim, é considerado um líder, respeitado no mundo todo. Então, ele resolve matar uma agiota, que explora as dificuldades das pessoas, o que, para ele, não seria um crime. Após matar as duas irmãs, ele roubou um estojo de joias e outros objetos de valor que a locadora recebia em penhora, escondendo-os. A sua motivação não era se aproveitar do dinheiro em benefício próprio. A sua intenção era usar o dinheiro da venda dos objetos roubados em melhorias para a cidade, mas acabou nunca os recuperando.

Ele quis matar para saber se tinha a capacidade de ousar, de ultrapassar limites, para se colocar à prova: “o poder só se deixa agarrar por aquele que ousa inclinar-se e toma-lo”. Raskólnikov passou a sofrer bastante com o remorso e o medo de ser descoberto, adoecendo e se descontrolando emocionalmente. A polícia investigou o duplo assassinato, seguido de roubo, fazendo com que Raskólnikov se atormentasse cada vez mais.

Como trama paralela, a sua irmã, Dúnia, foi assediada por Svidrigáilov, na casa de quem trabalhava como governanta, sendo expulsa pela esposa dele, Marfa. Mais tarde, Svidrigáilov arrependeu-se e confessou o que fez. Dúnia conheceu um pretendente, Piotr Pietróvitch, com quem pretendia casar, mas Raskólnikov não aceitou o casamento, por achar que ela estaria se sacrificando para ajudá-lo. Após conhecer em um bar Marmieládov, um ex-funcionário público, demitido por ser alcoólatra, Raskólnikov se aproximou de uma de suas filhas, Sônia, que se prostituía para ajudar a família. Confidenciou a ela o seu crime, mas Svidrigáilov, em um quarto ao lado, ouviu a confissão.

Svidrigáilov contou a Dúnia o que ouviu, e propôs a ela que se casassem e viajassem para fora da Rússia para salvar o seu irmão. Ela não aceitou, e insistiu com Raskólnikov para que ele se entregasse à polícia. Pressionado pelo juiz de Instrução, Porfíri, que prometeu a ele comprovar sua culpa, Raskólnikov resolveu se entregar, mesmo não reconhecendo ter cometido algum crime. Defendia que matara apenas um “piolho nojento, nocivo, uma velhota usurária, que não faz falta a ninguém. Quem mata esse ladrão tem cem anos de perdão! Que sugava a seiva dos pobres, isso lá é crime?”

Raskólnikov acabou preso, e condenado a oito anos de trabalhos forçados na Sibéria, uma das semelhanças com a vida do autor, Dostoiévski. Sônia o acompanhou. Curiosidade: a mãe de Raskólnikov, de apenas 43 anos, é descrita no livro como já na velhice. À época, a expectativa de vida não era muito longa.

Os Irmãos Karamazov”, Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski, s/l, Nova Cultural, 1995, ‘Imortais da Literatura Universal’, 590 páginas, tradução de Enrico Corvisieri.

O livro foi lançado em 1881, e é o último romance de Dostoiévski. É narrado em primeira pessoa por alguém que teria presenciado os fatos, mas que não é identificado. A estória é sobre uma família extremamente desunida e problemática. Fiódor Pávlovitch é um pai ausente e desinteressado pelos filhos. Casado duas vezes, nunca tratou suas esposas com respeito e amor. A primeira delas, de família nobre, o abandonou com um amante, deixando um filho ainda criança, Dimítri, que acabaria sendo criado por um servo, e, depois, por parentes. A segunda esposa morreu. Com ela, Fiódor teve os outros dois filhos: Ivã e Alieksiéi.

A estória trata justamente das desavenças da família Karamazov. Inconformado por ter sido enganado pelo próprio pai na divisão da herança de sua mãe, Dimítri resolve reivindicar o ressarcimento pelo prejuízo. E, para piorar, ele e o pai se interessam pela mesma mulher. Após uma tentativa fracassada de reconciliação entre a família, Dimítri agride o pai, e o ameaça de morte. Quando Fiódor Pávlovitch é morto, e uma quantia em dinheiro desaparece de sua casa, ele é preso, como o grande suspeito. Fica aqui o registro desses dois clássicos da literatura russa e mundial. fr

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