
Fiódor Mikhailovitch
Dostoiévski (1821-1881), ou Фёдор
Миха́йлович Достое́вский, em russo, nasceu em
Moscou, foi escritor, filósofo e jornalista. É considerado um dos mais
importantes escritores de todos os tempos. E foi justamente toda essa fama e
reconhecimento que me estimulou a ler algo seu. Eu li, recentemente, dois
livros de Dostoiévski: “Crime e Castigo” e “Os Irmãos Karamazov”,
e vou comentar um pouco das minhas impressões sobre essas leituras. Não chego a
indicar os livros, são estórias contadas em parágrafos longos, arrastados,
pesados, sem agilidade na leitura. Eu sei que o autor tem muitos admiradores,
que adoram os seus livros, espero que não me levem a mal... 😉
Apenas para
ilustrar um pouco, vou escrever um resumo da vida de Dostoiévski, que eu
pesquisei na Wikipédia Ele foi preso aos 27 anos sob a acusação de participar
de um grupo radical que estaria conspirando contra o czar Nicolau I, e
condenado à morte. Às vésperas de ser executado junto com outros presos, o
imperador perdoou muitos deles, incluindo Dostoiévski, porém fez questão que
fosse simulada a execução. Os condenados foram levados ao local do cumprimento
da pena, ouviram as sentenças serem lidas em voz alta, três deles chegaram a
ser amarrados aos postes, mas quando o pelotão ia atirar, a execução foi
interrompida. (Cruel!)
Dostoiévski
teve sua pena alterada para oito anos de trabalhos forçados na Sibéria, e, mais
tarde, reduzida para quatro anos. Posteriormente foi transformada em serviço
militar no Exército russo por tempo indefinido; passando quatro anos em uma
fortaleza no Cazaquistão. Casou-se com a viúva Maria Dmitriévna, em 1857, e, após ser diagnosticado com epilepsia, conseguiu ser
dispensado do Exército para tratamento da saúde, em 1859. Alguns dos
personagens de seus livros têm essa doença, como Smerdiákov, em “Os Irmãos Karamazov”.
Conseguiu retornar para São Petersburgo, voltando a publicar artigos,
contos e seus livros, além de revistas literárias, com o irmão, Mikhail. Em
1862, fez sua primeira viagem pela Europa, passando por Alemanha, Bélgica,
França e Inglaterra, quando começou a jogar em roleta, viciando-se no jogo, e
consequentemente, a se endividar. Dostoiévski jogava sempre que viajava. Em
1864, a esposa morreu de tuberculose, e, no mesmo ano, morreu também o irmão.
“Crime e Castigo” era para ser um conto, mas Dostoiévski acabou transformando-o em uma de suas
principais obras. Os seus dois primeiros capítulos foram publicados na revista
“O Mensageiro Russo” nas edições de janeiro e fevereiro de 1865. Os capítulos
seguintes tiveram o interesse do público aumentado por causa do assassinato, em
janeiro de 1866, de um agiota e de seu criado por um jovem estudante com o
objetivo de roubar o seu apartamento. A revista, inclusive, conseguiu mais
novos 500 assinantes nos meses seguintes.
A história real desse duplo assassinato tem muita semelhança com a do livro.
Em 1867, aos 46 anos, Dostoiévski casou-se com
Anna Grigoryevna Snitkina, de
20 anos, a quem ele tinha contratado como estenógrafa, para acelerar a
publicação de seus livros. Para fugir dos credores, ele resolveu viajar pela
Europa com a esposa por alguns meses, mas acabaram ficando quatro anos fora da
Rússia. E, para piorar, endividou-se ainda mais na roleta, perdendo muito do
seu dinheiro, e o da esposa. Na Suíça tiveram a primeira filha, Sônia, que
acabou morrendo com apenas dois meses, vítima de uma gripe. O casal viria a ter
três outros filhos: Liubov, Fiódor e Aleixo. Em 1871, retornaram à Rússia. Dostoiévski morreu no dia 28 de janeiro de 1881, vítima
de enfisema e hemorragia pulmonar, e o seu enterro foi acompanhado por uma
multidão de aproximadamente 30 mil pessoas.
Agora, vou comentar o que eu achei dos livros. Os dois
são grossos, e eu achei a leitura deles difícil; são longos parágrafos, muito
detalhados, o que a torna mais demorada.
“Crime e Castigo”, São Paulo, editora 34, 2001,
568 páginas; tradução, prefácio e notas de Paulo Bezerra; gravuras de Evandro
Carlos Jardim.
Atenção, a seguir vou escrever informações
sobre o final deste livro, então, quem não quiser saber antecipadamente, pare
aqui!
O livro foi
lançado em 1866. A edição que eu li é a primeira tradução do original para o
idioma português, as demais foram traduções do francês. Raskólnikov é um
estudante de 23 anos, que teve de interromper os estudos por falta de dinheiro,
vivendo em péssimas condições, devendo à pensão onde morava, passando fome e
dependendo da ajuda da mãe e da irmã, também pobres.
Ele acredita
que as pessoas estão divididas em ‘extraordinárias’ e ‘ordinárias’, sendo
permitido às primeiras cometer crimes, sem serem punidas. E resolve, assim,
matar sua locadora, Aliena Ivánovna, uma agiota, premeditando o crime por mais
de um mês. Mas acaba matando também a irmã dela, Lisavieta, por ela ter visto Aliena
morta. O próprio Dostoiévsky teve que lidar com agiotas, inclusive tendo que
pagar 500 rublos em promissórias por uma dívida do irmão, depois que este
faleceu.
Raskólnikov se
baseia nos exemplos históricos para justificar sua opinião. Segundo ele, Napoleão
foi responsável pela morte de milhares de pessoas, e, mesmo assim, é
considerado um líder, respeitado no mundo todo. Então, ele resolve matar uma
agiota, que explora as dificuldades das pessoas, o que, para ele, não seria um
crime. Após matar as duas irmãs, ele roubou um estojo de joias e outros objetos
de valor que a locadora recebia em penhora, escondendo-os. A sua motivação não
era se aproveitar do dinheiro em benefício próprio. A sua intenção era usar o
dinheiro da venda dos objetos roubados em melhorias para a cidade, mas acabou nunca
os recuperando.
Ele quis
matar para saber se tinha a capacidade de ousar, de ultrapassar limites, para
se colocar à prova: “o poder só se deixa agarrar por aquele que ousa
inclinar-se e toma-lo”. Raskólnikov passou a sofrer bastante com o remorso e o
medo de ser descoberto, adoecendo e se descontrolando emocionalmente. A polícia
investigou o duplo assassinato, seguido de roubo, fazendo com que Raskólnikov
se atormentasse cada vez mais.
Como trama
paralela, a sua irmã, Dúnia, foi assediada por Svidrigáilov, na casa de quem trabalhava
como governanta, sendo expulsa pela esposa dele, Marfa. Mais tarde, Svidrigáilov
arrependeu-se e confessou o que fez. Dúnia conheceu um pretendente, Piotr
Pietróvitch, com quem pretendia casar, mas Raskólnikov não aceitou o casamento,
por achar que ela estaria se sacrificando para ajudá-lo. Após conhecer em um
bar Marmieládov, um ex-funcionário público, demitido por ser alcoólatra,
Raskólnikov se aproximou de uma de suas filhas, Sônia, que se prostituía para ajudar
a família. Confidenciou a ela o seu crime, mas Svidrigáilov, em um quarto ao
lado, ouviu a confissão.
Svidrigáilov
contou a Dúnia o que ouviu, e propôs a ela que se casassem e viajassem para
fora da Rússia para salvar o seu irmão. Ela não aceitou, e insistiu com
Raskólnikov para que ele se entregasse à polícia. Pressionado pelo juiz de
Instrução, Porfíri, que prometeu a ele comprovar sua culpa, Raskólnikov resolveu
se entregar, mesmo não reconhecendo ter cometido algum crime. Defendia que matara
apenas um “piolho nojento, nocivo, uma velhota usurária, que não faz falta a
ninguém. Quem mata esse ladrão tem cem anos de perdão! Que sugava a seiva dos
pobres, isso lá é crime?”
Raskólnikov
acabou preso, e condenado a oito anos de trabalhos forçados na Sibéria, uma das
semelhanças com a vida do autor, Dostoiévski. Sônia o acompanhou. Curiosidade:
a mãe de Raskólnikov, de apenas 43 anos, é descrita no livro como já na
velhice. À época, a expectativa de vida não era muito longa.
“Os
Irmãos Karamazov”, Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski, s/l, Nova Cultural,
1995, ‘Imortais da Literatura Universal’, 590 páginas, tradução de Enrico
Corvisieri.
O livro foi
lançado em 1881, e é o último romance de Dostoiévski. É narrado em primeira pessoa
por alguém que teria presenciado os fatos, mas que não é identificado. A
estória é sobre uma família extremamente desunida e problemática. Fiódor
Pávlovitch é um pai ausente e desinteressado pelos filhos. Casado duas vezes,
nunca tratou suas esposas com respeito e amor. A primeira delas, de família
nobre, o abandonou com um amante, deixando um filho ainda criança, Dimítri, que
acabaria sendo criado por um servo, e, depois, por parentes. A segunda esposa
morreu. Com ela, Fiódor teve os outros dois filhos: Ivã e Alieksiéi.
A estória
trata justamente das desavenças da família Karamazov. Inconformado por ter sido
enganado pelo próprio pai na divisão da herança de sua mãe, Dimítri resolve
reivindicar o ressarcimento pelo prejuízo. E, para piorar, ele e o pai se
interessam pela mesma mulher. Após uma tentativa fracassada de reconciliação
entre a família, Dimítri agride o pai, e o ameaça de morte. Quando Fiódor
Pávlovitch é morto, e uma quantia em dinheiro desaparece de sua casa, ele é
preso, como o grande suspeito. Fica aqui o registro desses dois clássicos da
literatura russa e mundial.
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