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sexta-feira, 22 de novembro de 2019

"Admirável mundo novo"

“Admirável mundo novo”, Aldous Huxley; tradução de Lino Vallandro e Vidal Serrano; 22ª edição, São Paulo, ed. Globo, 2014, 307 páginas.
 
O livro mostra um mundo mantido sob controle, em que não há relações interpessoais. As pessoas são geradas em laboratórios, previamente determinadas para exercerem um papel social específico; são predestinadas. A sociedade é dividida em categorias, liderada pelos alfas e com os ípsilons sendo os menos privilegiados, estúpidos mesmos, cada qual com roupa de uma cor determinada, distinguindo-as. Muitas pessoas são produzidas com as mesmas feições e características físicas. E é feito um condicionamento para que cada um aceite e goste do que irá fazer e das regras, sem discussão.
As classes mais baixas são estúpidas, e, dependendo do trabalho a que forem predestinadas, até mesmo com o seu físico decidido; uniformização física. Por exemplo, os deltas, gamas e ípsilons são gerados com a altura ideal e resistência para exercerem trabalhos braçais, inclusive podendo ser anões, se necessário. Não existe, portanto, livre inciativa, e, como compensação, a promiscuidade é estimulada, sem envolvimento emocional, casamentos, ou qualquer tipo de parentesco. Não existem “pais”, “mães” ou “irmãos”. Portanto, as mulheres não deveriam engravidar, porque o nascimento de novos seres é determinado pela administração da sociedade.
A morte é vista como algo trivial, havendo um condicionamento desce crianças para que a vejam como uma consequência natural, sem motivos de tristeza. Atividades individuais são proibidas, e o coletivo deveria sempre prevalecer. “Cada um pertence a todos”. O grande líder, o “Administrador”, era conhecido como “Sua Fordeza Mustafá Mond”, e os anos passaram a ser conhecidos como antes e depois de Ford, suprimindo-se todas as religiões. E para manter o ânimo das pessoas, a fim de se aceitar mais facilmente a realidade, e evitar abatimentos emocionais, é dado às pessoas comprimidos de “soma”, substância que proporciona uma fuga momentânea, um alívio.
A preocupação é manter o mundo estável, previsível, fisicamente bonito e jovem,  em que as pessoas sejam condicionadas a estarem satisfeitas com suas vidas. Aqueles que questionassem as regras eram tratados como ameaças à manutenção da estabilidade, e eram banidas para ilhas distantes. Copio um trecho do livro, em que o Administrador justifica a importância da estabilidade, pouco antes de punir alguns que se rebelaram contra ela: 

             “O mundo agora é estável. As pessoas são felizes, têm o que desejam e nunca desejam o que não podem ter. Sentem-se bem, estão em segurança; nunca adoecem; não têm medo da morte; vivem na ditosa ignorância da paixão e da velhice; não se acham sobrecarregadas de pais e mães; não têm esposas, nem filhos, nem amantes por quem possam sofrer emoções violentas; são condicionadas de tal modo que praticamente não podem deixar de se portar como devem. E se, por acaso, alguma coisa andar mal, há o soma.”  fr

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