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domingo, 26 de janeiro de 2020

Dica de livro: "As bruxas de Salém"

“As bruxas de Salém”, Arthur Miller.

Este mês, li o livro “As bruxas de Salém”, do escritor estadunidense Arthur Miller, estimulado por um Clube de Leitura que conheci no trabalho. Na verdade, é uma peça de teatro, escrita em 1953, em que o autor faz uma comparação crítica ao período histórico pelo qual os Estados Unidos viviam, que mais tarde viria a ficar conhecido como ‘Macartismo’. À época, o senador republicado Joseph McCarthy liderava uma perseguição a todos que pudessem ser taxados de “comunistas” apenas por conta de suas opiniões, uma chamada “caça às bruxas”. O próprio Arthur Miller chegou a ser convocado para depor pelo Comitê de Investigação de Atividades Anti-Americanas da Câmara dos Deputados.
            A história da peça é, por sua vez, baseada em acontecimentos históricos. Na cidade de Salém, em Massachusetts, nos anos de 1692 e 1693, meninas adolescentes foram à floresta bem tarde da noite com uma escrava negra, Tituba,para fazer contato com forças sobrenaturais. A intenção era fazer pedidos a fim de conseguirem que rapazes da aldeia passassem a namorá-las. Abigail, sobrinha do revendo Parris levou um animal morto, e chegou a beber do seu sangue, pedindo que Elizabeth, a esposa de John Proctor, morresse, para que ela pudesse ficar com ele. John cometeu adultério, ao ter relações com Abygail quando ela trabalhava em sua casa, sendo demitida pela sua esposa quando esta descobriu.

O ritual na floresta foi interrompido pela chegada do reverendo. Betty, sua filha, teve uma reação nervosa e passou um tempo na cama, sem falar ou comer, assim como outra das meninas. O médico da localidade disse não conhecer nenhum tratamento para as duas. A partir de então, as pessoas passaram a associar as “doenças” daquelas meninas a atos de bruxaria. O reverendo Hale, de outra cidade, foi chamado para investigar o que teria acontecido, já que era experiente em casos de bruxaria.
           Para se salvar da situação, Abigail passou a acusar Tituba de tê-la obrigado a fazer um pacto com o demônio. Após perceber que os moradores não acreditariam nela, a escrava deixou de negar, e, a fim de evitar ser executada, preferiu “confessar” o pacto, dizendo que desejava ser libertada e voltar para o lado de Deus. A partir de então, Abigail e as outras meninas deram início a uma sucessão de acusações a outras pessoas, motivadas pelo desejo de vingança ou para prejudicar alguém. Abigail acusou, claro, Elizabeth, para que ela fosse executada, e pudesse ficar com o seu marido. Outros moradores passaram a fazer o mesmo. Mary Warren, que trabalhava para os Proctor, foi a única que tentou desmentir as amigas.

Não havia necessidade de se apresentar nenhuma prova, bastava a acusação. E os acusados não conseguiam defender-se. Aqueles que “confessassem” sofreriam algum tipo de punição, como prisão ou penas físicas. Os que se recusassem, seriam executados na forca. De acordo com o Wikipédia, mais de duzentas pessoas sofreram acusações, e 19 foram considerados culpados e enforcados, sendo 14 mulheres e cinco homens. Um idoso sofreu tortura com pedras pesadas sobre o seu corpo para que confessasse culpa, e também morreu; e pelo menos cinco pessoas morreram ainda na prisão.
           A peça de Arthur Miller tornou-se um clássico mundial, é estudada nas escolas e universidades dos Estados Unidos, e já foi adaptada na televisão e no cinema. Em 1957, foi feito um filme na França, com direção de Jean-Paul Sartre; e em 1996, nos Estados Unidos, dirigido por Nicholas Hytner, e com roteiro do próprio Arthur Miller (eu assisti ao filme, e escrevo sobre ele mais à frente). Salém é conhecida até hoje pelos acontecimentos que aterrorizaram a comunidade da cidade no século 17.  fr

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