SEJA ÉTICO

SEJA ÉTICO: Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução do conteúdo deste blog com a devida citação de sua fonte.

domingo, 26 de abril de 2020

Os melhores programas da TV brasileira (03) - CHAVES e CHAPOLIN COLORADO


        O programa mexicano “Chaves” (“El Chavo del Ocho”) é um clássico da televisão. Está sendo exibido há quase quatro décadas no Brasil, com muito sucesso e conseguindo criar públicos novos em diferentes gerações. São sempre os mesmos episódios, as mesmas piadas, e, mesmo assim, a audiência é grande, entre crianças e adultos. Eu gosto de assistir sempre que dá, e ao “Chapolin Colorado” (“El Chapulín Colorado”) também, mesmo preferindo mais o primeiro. A gente liga a televisão e só assiste notícias ruins sobre violência, doenças, tragédias e corrupção; é necessário procurar uma distração, principalmente quando não tem nada de mais interessante para ver em meio de tantos canais à disposição.
E até mesmo algumas situações mostradas nos programas que são bastante condenáveis não impedem de eu gostar de assistir. Havia bullyng contra gordos, fanhos, pessoas de idade ou com menos beleza; e a dona Florinda esbofeteava o Seu Madruga praticamente em todos os episódios, em uma atitude totalmente violenta e covarde. O Seu Madruga batia nas crianças, e não gostava de trabalhar, além de fumar; vício, aliás, que acabou matando o ator que o interpretava, Ramón Valdés, em 1988, aos 64 anos. O professor Girafalez também fumava, até mesmo em sala de aula.
         O criador de “Chaves” e “Chapolin Colorado” foi Roberto Gómez Bolaños, comediante, ator, diretor e roteirista, entre outras atividades que desempenhou. Bolaños interpretou Chaves e Chapolín Colorado. A primeira vez que o personagem Chaves foi ao ar na televisão mexicana, através do Canal 8, a Televisión Independiente de México, foi no dia 20 de junho de 1971, ou seja, ano que vem completará 50 anos.
Inicialmente Chaves era apenas um quadro do programa ‘Chesperito’, referência ao apelido que lhe deram, por ser considerado um gênio da criação, assim como Shakespeare; o pequeno Shakespeare, por conta de sua baixa altura. Com o sucesso que alcançou, de apenas quadro passou a ter um programa só seu. O mesmo ocorreu com Chapolin Colorado. Eu assisti a uma entrevista do ator Edgar Vivar, intérprete do Senhor Barriga e do Nhonho, em que ele disse ser Roberto Bolaños o responsável por todos os textos, por todas as falas dos personagens.
          Anos antes, Bolanõs já tinha outros programas de humor no Canal 8, como “El ciudadano Gómez” e “Sábados de la fortuna”, junto a alguns dos atores com os quais viria a contracenar em “Chaves” e “Chapolin Colorado”. Em janeiro de 1973, o Canal 8 uniu-se ao Telesistema Mexicano, dando origem à Televisa, um dos maiores grupos de comunicação do mundo.  O primeiro episódio do programa “Chaves” foi lançado pela Televisa em 26 de fevereiro de 1973, e o último em 7 de janeiro de 1980. Não houve uma despedida, foi um episódio normal. A emissora passou, então, a exibir as suas estórias como um quadro do programa “Chesperito”, até 12 de junho de 1992.
O programa próprio do “Chapolin Colorado” também estreou em 1973, terminando em 1979. Mas, ao contrário de “Chaves”, Roberto Bolaños fez um episódio especial, de despedida, exibido pela Televisa em 14 de outubro daquele ano. Chapolin também voltou a fazer parte do programa “Chesperito”, como quadro, até 1992. O programa “Chesperito” terminou em 1995, quando a Televisa quis tirá-lo do horário nobre, colocando novelas em seu lugar; Roberto Bolaños não gostou, e decidiu encerrá-lo.
 Em “Chaves”, as estórias ocorrem em uma vila, e seus moradores estão sempre em conflito. Chaves é um menino pobre, de 8 anos, interpretado por Bolaños, constantemente com fome e roupas velhas. Órfão, está todo dia na vila, mas não se esclarece onde ele mora, nem com quem. Em pelo menos um episódio, ele diz que não mora no barril de madeira, onde ele costuma entrar quando está chateado, e sim na “casa 8”, mesmo número da emissora onde tudo começou, daí o nome da série, “El Chavo del Ocho”. Mas nunca ficou esclarecido quem é o responsável pelo menino. É algo que nunca foi bem explicado, afinal, como é que uma criança de oito anos estava sempre com fome, mal vestido e nenhum parente ou responsável cuidava dele? kkkkkkk
“Chavo” em espanhol significa menino, garoto, com o sentido de levado. A tradução no Brasil preferiu passar para “Chaves”, provavelmente pela semelhança fonética, vai entender... Mas, na realidade, o nome verdadeiro do menino nunca foi revelado, acredito mesmo que Roberto Bolaños não tenha tido a intenção de colocar um nome nele. A música tema da abertura de “Chaves” é ‘The Elephant Never Forgets’, do francês Jean-Jacques Perrey. A direção dos programas, em sua maioria, foram de Enrique Segoviano, e do próprio Roberto Bolaños. 

Uma curiosidade: em um episódio em que as crianças brincam no salão de cabeleireiro onde o Seu Madruga está trabalhando, o Chaves daria apenas uns cortes no cabelo da Chiquinha. Mas, na realidade, Roberto Bolaños acabou cortando mais do que a María Antonieta de las Nieves esperava. kkkkkkk Assista ao vídeo abaixo.
Entre os outros personagens principais estão o Quico, o filho mimado e invejoso da Dona Florinda, uma viúva que nutre um interesse mútuo pelo professor Girafales, mas que nunca sai do flerte. A Chiquinha é a mais esperta de todas as crianças, é apaixonada pelo Chaves, mas não é correspondida. O seu pai, o Seu Madruga, é viúvo, não gosta muito de trabalhar, e está sempre com muitos meses de aluguel atrasado para o proprietário da vila, o Seu Barriga. A Dona Clotilde, mais conhecida pelas crianças como “Bruxa do 71”, é uma senhora solteira e apaixonada pelo Seu Madruga.
Chapolin Colorado é um herói atrapalhado, medroso, mas determinado a ajudar quem passa por problemas, bastava se lamentar: “Oh! E agora, quem poderá me defender?”. Roberto Bolaños quis brincar com os tradicionais super-heróis dos vizinhos Estados Unidos, com seus super poderes, equipamentos modernos e praticamente perfeitos. Chapolin é o herói humano, que tem medo, mas enfrenta as situações, mesmo sem super poderes. Uma de suas marcas é o uso constante de bordões: "Não contavam com minha astúcia!", "Sigam-me os bons!", "Aproveitam-se de minha nobreza!", "Suspeitei desde o princípio!", "Fiz intencionalmente para…",  "Todos os meus movimentos são friamente calculados" e "Não criemos pânico!".  
Os programas de Bolaños foram exportados para diversos países do mundo, e com muito sucesso. Assim como no México, onde elevaram a audiência do Canal 8, depois a da Televisa, no Brasil ocorreu o mesmo, com o SBT conseguindo ótimos resultados. A emissora de Silvio Santos exibe os programas desde agosto de 1984, alterando várias vezes os horários desde então, seja de manhã, de tarde, de noite e, até, de madrugada. O irônico é que ‘Chaves’ e ‘Chapolin Colorado’ vieram como contrapeso, junto a novelas compradas pela emissora brasileira. O SBT talvez nem os comprasse.

Na televisão paga, os programas já foram exibidos pelos canais Cartoon Boomerang, TBS e o mexicano TLN Network, que deixou de operar no Brasil. E desde maio de 2018, o Multishow,  canal da Globo, vem exibindo com exclusividade para a televisão paga os programas, inclusive alguns que não tinham sido mostrados no SBT. O sucesso dos programas foi tão grande que os atores passaram a viajar para se apresentar em vários países do mundo.
Carlos Villagrán, o Quico; María Antonieta de las Nieves, a Chiquinha; Édgar Vivar, o Seu Barriga, e Rubén Aguirre, o professor Girafales vieram várias vezes ao Brasil para se apresentar em shows e dar entrevistas à televisão. Florinda Meza somente veio ao Brasil após a morte de Bolaños, em 2015. E Bolaños somente esteve no Brasil uma única vez, em 1981, e ainda assim de passagem, quando esteve em Foz do Iguaçu por dois dias, a caminho do Paraguai.
Em 1992, Bolaños e os demais atores de “Chaves” viriam para uma turnê ao Brasil, mas devido a instabilidade do governo Fernando Collor de Mello e ao confirsco da poupança e investimentos, a viagem foi cancelada. Mais uma para colocarmos na conta desse infeliz governo! E os personagens foram da televisão para as revistas em quadrinhos, desenhos na televisão, brinquedos, jogos virtuais, livros e muitos outros produtos.
         Em 1978, o ator Carlos Villagrán saiu do grupo, deixando de participar dos programas. Ele reivindicou para si os direitos de criação do seu personagem, aifrmando que foi ele quem criou as características marcantes do Quico, como as bochechas salientes e o choro na parede, por exemplo. Villagrán processou Roberto Bolaños, mas perdeu a ação. Villagrán preferiu, então, ir para a Venezuela anos depois, onde passou a fazer programas seus, com Ramón Valdés, alterando a grafia do nome do personagem, que passou a se chamar Kiko. Don Ramón chegou a voltar a fazer “Chaves”, por um tempo, antes de morrer.
        Carlos Villagrán deu várias entrevistas afirmando que Bolanõs e os outros colegas tinham ciúmes por ele fazer mais sucesso, atraindo mais atenção e carinho dos fãs e da imprensa, no México e nos países aonde iam. Também se diz que o fato de Villagrán ter namorado a colega de elenco, Florinda Meza, com quem Bolaños veio a secasar, teria sido uma das razões do desentendimento entre os dois.
          Roberto Bolaños viveu com Florida Meza durante 27 anos, após o término do seu primeiro casamento, com Graciela Fernández Pierre, com quem teve seis filhos. Ele próprio reconheceu não ter sido fiel à esposa durante o relacionamento. Separam-se, mas o divórcio mesmo somente ocorreu em 2004, para ele poder casar-se com Florinda, com quem não teve filhos, pois fez uma vasectomia antes de conhecê-la.
Villagrán e Bolaños ficaram anos sem se falar, somente se reencontrando em um especial em homenagem a Chesperito na Televisa em 2000. Mas, depois disso, Carlos Villagrán teria voltado a fazer comentários que desagradaram a Bolaños, e os dois nunca mais se falaram. Com a saída de Quico do programa, Bolaños fez algumas mudanças. A dona Florinda, mãe de Quico, abriu um restaurante, passando a aparecer mais fora da vila. Jaiminho, o carteiro, interpretado pelo ator Raúl Padilla  entrou no programa, fazendo muito sucesso.
         Outra briga no elenco ocorreu a partir de 2002, entre María Antonieta de las Nieves e Bolaños, também por disputa de direitos de personagem. Bolaños não renovara os direitos sobre a Chiquinha durante dez anos, e, ao descobrir isso, Antonieta registrou os direitos. Assim como Villagrán, afirmou ter sido ela quem criou as características da personagem. Foi processada por Roberto Bolaños. Após anos de disputa judicial, a atriz conseguiu ter os direitos, mas a amizade nunca mais voltou a ser o que era. E, por isso, a personagem Chiquinha ficou de fora da série de desenho animado do “Chaves”, criada em 2006.  
         Roberto Bolaños faleceu no dia 28 de novembro de 2014, aos 85 anos, em sua casa em Cancún, no México, vítima de parada cardíaca. Ele sofria de problemas respiratórios graves, e no último ano respirava com ajuda de um cilindro de oxigênio. O corpo de Bolanõs foi velado no Estádio Azteca, com a presença de milhares de pessoas. Assim como foram inúmeras as homenagens que recebeu no mundo todo. Bolaños foi enterrado na cidade do México. fr  (Fonte de referência principal: Wikipédia.)
 
 
Além de Roberto Gómez Bolaños (1929-2014), o Chespirito, os atores principais das duas séries são:
Ramón Antonio Estebán Gómez de Valdés y Castillo, o Don Ramón (1923-1988); Seu Madruga.
Florinda Meza García Gómez Bolaños (1949), a Dona Florinda e Pópis.
Carlos Villagrán Eslava (1944), o Quico.
María Antonieta de las Nieves (1950), a Chiquinha e Dona Neves.
Édgar Vivar Villanueva (1944), Seu Barriga e Nhonho.
Rubén Aguirre Fuentes (1934-2016), o Professor Girafalez.
María de los Ángeles Fernández Abad, a Angelines Fernández (1922-1994), a Bruxa do 71. Espanhola, nascida em Madrid.

Nenhum comentário: