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terça-feira, 29 de dezembro de 2020

"Auto da barca do inferno", Gil Vicente

"Auto da barca do inferno", Gil Vicente, São Paulo, editora Klick, 1997,  114 páginas (Coleção Livros O Globo, vol. 14).

Livro lançado em 1517 em folheto avulso, é dividido em duas peças. A primeira dá nome ao livro, e teve sua encenação pela primeira vez na câmara da rainha D. Maria de Castela, com a presença do rei D. Manuel I. Ela mostra duas embarcações, destinadas às almas após as mortes das pessoas. Uma é comandada por um Anjo e destina-se ao paraíso; a outra, pelo diabo, para o inferno. À medida que vão chegando, as almas vão tendo o seu lugar determinado na embarcação do Anjo ou do diabo, de acordo com as suas atitudes em vida. E, claro, segundo o entendimento pessoal do autor, o poeta e dramaturgo português Gil Vicente, diante das profissões dos mortos. A outra peça é “Farsa de Inês Pereira”, que surgiu como uma resposta aos que o acusavam de plagiar obras de outros autores. Ele, então, recebeu o tema “mais quero um asno que me leve, que cavalo que me derrube’, e, assim, escreveu este texto. A peça foi encenada para o rei D. João III, em 1523. Inês é uma jovem que procura um casamento para se livrar do trabalho doméstico na casa da mãe. “Renego desse lavrar / e do primeiro que o usou / ao diabo que o eu dou, / que tão mau é de aturar; / Ó Jesus! Que enfadamento, / e que raiva, e que tormento, / que cegueira e que canseira! / Eu hei de buscar maneira / de viver a meu contento.” A linguagem utilizada nas peças é própria da época em que foram escritas, século 16, o que torna a leitura menos interessante. Mas, acredito que as duas peças ainda são atuais, mesmo hoje, 500 anos depois, e poderiam ser adaptadas à nossa realidade, com bons resultados. fr

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