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terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

O Paço Imperial e a sua importância histórica para o Brasil


      O Paço Imperial é um dos mais bonitos e o mais importante prédio histórico do Brasil, tendo sido residência oficial da família real portuguesa a partir de 1808 e sede do governo, onde D. João VI e, posteriormente, D. Pedro I e II faziam as suas reuniões de trabalho. Vários momentos históricos ocorreram no local, como nascimentos e coroações.
      Foi no Paço Imperial que, em 9 de janeiro de 1822, o então príncipe regente D. Pedro de Alcântara anunciou ao povo, de uma das janelas, sua decisão de permanecer no Brasil, contrariando as determinações das cortes de Portugal, o ‘dia do fico’. E lá também a sua neta, a princesa Isabel, em 1888, assinou a Lei Áurea, pondo fim à escravidão no Brasil.
      Localizado na Praça 15 de Novembro, no Centro do Rio de Janeiro, o Paço Imperial é atualmente um centro cultural ligado ao IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), autarquia do Ministério do Turismo. No local, são realizados eventos culturais, como peças de teatro, concertos e exposições de diferentes áreas: pintura, cinema, música, fotografia e escultura, por exemplo, sem cobrar a entrada.
      E tem no primeiro andar a Biblioteca Paulo Santos, com o acervo de obras de arquitetura, engenharia e literatura nacional e portuguesa, doado pelo arquiteto carioca de mesmo nome. No térreo, tem uma livraria, cujo espaço foi muito reduzido recentemente; um restaurante e um bistrô, ou seja, um restaurante menor; os preços dos pratos não são populares, mas a localização é convidativa. Eu já estive várias vezes no Paço, e constantemente vou lá, até por ficar próximo ao meu local de trabalho.


      O prédio do Paço Imperial teve a sua origem no século 18, antes mesmo da vinda da família real portuguesa para o Brasil. Em 1733, o português Antônio Gomes Freire de Andrade, futuro conde de Bobadela, assumiu o governo geral do Rio de Janeiro e solicitou permissão ao rei Dom João V para a construção da Casa do Governo e foi atendido. O local escolhido foi o então Largo do Carmo, atual Praça 15 de Novembro, por estar próximo à Baía da Guanabara e já ser uma região central da cidade.
      A construção teve início cinco anos mais tarde e foi concluída somente em 1743, tendo sido comandada pelo engenheiro militar português José Fernandes Pinto Alpoim. Ele aproveitou os edifícios já existentes do Armazém d’el Rey, onde eram guardadas armas e munições, e da Casa da Moeda, onde o ouro vindo de Minas Gerais era fundido, e ampliou a área construída.
      O governador geral Antônio Gomes residiu na construção por cerca de 20 anos, falecendo em janeiro de 1763, ano em que a capital da colônia e a sede do vice-reinado do Brasil foram transferidas para o Rio de Janeiro, e o prédio passou à condição de Paço dos Vice-Reis. O vice-rei era o representante da Coroa portuguesa na colônia.


      Em 1808, diante da iminente invasão de Napoleão Bonaparte a Portugal, a família real portuguesa mudou-se para o Brasil, e, depois de ficar um tempo em Salvador, instalou no Rio de Janeiro a sede do governo português. O prédio passou, então, a Paço Real, onde foi residir inicialmente a família real portuguesa, com exceção de D. Maria I, que morava no vizinho Convento do Carmo. D. Maria I encontrava-se impedida de reinar devido a problemas mentais, e as decisões eram tomadas pelo príncipe regente D. João de Bragança.
      Eram também realizadas no Paço as reuniões com os seus ministros, e as sessões conhecidas como ‘beija-mão’, na sala do trono, quando as pessoas tinham acesso ao rei para fazer as suas reivindicações; o costume foi mantido por D. Pedro I e II. Mais tarde, D. João de Bragança assumiu o trono com a morte da mãe, tornando-se rei D. João VI, em 1816. A partir de 1822, com a independência do Brasil de Portugal, o prédio passou a Paço Imperial, onde D. Pedro I residiu por um tempo e era local de trabalho e de compromissos oficiais dele e, anos mais tarde, do seu filho, D. Pedro II.
      O Paço Imperial passou por algumas modificações ao longo do tempo, como em 1817, quando foi construído o terceiro andar no lado do prédio em que fica de frente para a Baía da Guanabara, e ocupado por D. João VI e, depois, pelos imperadores. Em uma dessas intervenções, o prédio ganhou um corredor que o ligava ao vizinho Convento do Carmo, onde residia D. Maria I; ele foi demolido anos mais tarde. Veja as diferenças nas fotos que eu fiz das maquetes do prédio, expostas no primeiro andar (17/25).
      Com a proclamação da República, em 1889, D. Pedro II e sua família foram obrigados a deixar o Brasil, e foi do Paço Imperial que saíram em direção ao navio que os levou à Europa. O Paço Imperial quase foi demolido, o seu mobiliário foi leiloado e o prédio passou para o controle dos Correios e Telégrafos durante décadas. Em 1938, o prédio foi tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional. O IPHAN, porém, somente promoveu uma restauração no local de 1982 a 1985, usando como referência a condição em que estava em 1818. Desde 1985, o local é um centro cultural.


      Por mais que o Paço Imperial seja um centro cultural e sua destinação, portanto, seja outra, como frequentador posso verificar alguns pontos que poderiam ser aprimorados. O prédio não tem funcionários disponíveis para prestar informações e orientações ao público, que acaba tendo que recorrer aos seguranças, sem o devido preparo para tal função. Não há nenhum mobiliário ou objetos do século 19, os que foram preservados acabaram integrados aos acervos de outras instituições. A caneta usada pela princesa Isabel para assinar a Lei Áurea, em 1888, por exemplo, está no Museu Imperial, em Petrópolis.
      Dentro do Paço Imperial, as salas em que ocorreram importantes eventos históricos, como o ‘dia do fico’, têm apenas discretas placas, que passam despercebidas para o público; em minha opinião, deveria haver maior destaque. E no lado de fora, essas janelas também podiam ser assinaladas, para que as pessoas que passam pelo prédio se interessassem em entrar para conhecer o Paço. Podiam colocar imagens de D. João VI, D. Pedro I, D. Pedro II e da princesa Isabel nas janelas, e suas estátuas em tamanho natural nas salas correspondentes aos eventos históricos.
      E podiam também organizar visitações guiadas ao público, explicando e contextualizando os fatos históricos que ocorreram no prédio, o que serviria, inclusive, para atrair público para o centro cultural. O Paço Imperial é importante demais para não ter a sua História contada e mostrada, por dentro, aos brasileiros, e, mesmo, aos turistas que visitam o Rio de Janeiro. Ficam aqui a minha opinião e sugestões.fr 

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