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segunda-feira, 2 de maio de 2022

A história e importância da Igreja da Candelária

     A Igreja católica de Nossa Senhora da Candelária é uma das mais bonitas e tradicionais do Brasil, localizada na Praça Pio X, no Centro do Rio de Janeiro. Em 2012, eu já tinha publicado uma matéria aqui no meu blog sobre a igreja. Mas, justamente pela sua importância na história brasileira, eu resolvi fazer nova matéria, mais ampla, com mais fotos, e contando a sua origem. Foi tombada em 1938 como patrimônio histórico e arquitetônico pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), incluindo todo o seu acervo em 1985. No dia 8 de setembro de 2022, a igreja completará 211 anos de sua inauguração.
     Mesmo sem registros documentais, a história da construção da Igreja da Candelária teve início por conta de uma promessa. No início do século 17, o casal espanhol Antônio Martins da Palma e Leonor Gonçalves passaram por uma forte tempestade em uma viagem para o Rio de Janeiro, e recorreram à santa de sua devoção, Nossa Senhora da Candelária. Fizeram a promessa que, se conseguissem passar pela tempestade com vida, mandariam construir uma capela em homenagem à santa no porto aonde chegassem em segurança. Eles desembarcaram aqui, no Rio de Janeiro, e cumpriram a promessa.
     A capela foi construída em uma grande extensão de terra plana, o que fez com que ela fosse conhecida como Igreja da Várzea. Não há consenso quanto ao período exato da construção, mas estima-se que tenha ocorrido entre os anos de 1600 e 1630, e a inauguração em 18 de agosto de 1634; o nome oficial escolhido foi Nossa Senhora da Candelária. Décadas depois, a capela estava bastante desgastada, e foi decidido que uma nova igreja seria construída no local. 
     A autorização para a construção de um enorme templo em estilo barroco veio a ser concedida pela Provedoria da Irmandade do Santíssimo Sacramento em 3 de junho de 1775, e a cerimônia da colocação da pedra fundamental três dias depois. O projeto original foi do engenheiro militar sargento-mor Francisco João do Roscio. Em 8 de setembro de 1811, foi realizada uma inauguração apenas do que já tinha sido construído da nova igreja, e a primeira missa foi rezada no altar-mor, com a presença do príncipe-regente D. João e outros membros da família real. À época, havia os altares esculpidos por Mestre Valentim, um dos principais artistas brasileiros, mas estes se perderam em reformas posteriores.
     A finalização das obras atrasou bastante devido à falta de dinheiro, e a inauguração definitiva da igreja demorou ainda mais quase 87 anos devido às dificuldades financeiras, e somente veio a ocorrer em 10 de julho de 1898. No projeto original, era prevista apenas uma nave, ou seja, o espaço central delimitado da entrada da igreja até a capela-mor e o seu altar, mas ganhou mais duas, que são os corredores laterais.
     E nessas naves laterais, foram incluídas duas capelas, a do Santíssimo Sacramento e a de Nossa Senhora das Dores, estabelecendo com a capela principal a forma de uma cruz latina. Justamente por sua construção ter demorado muito tempo para ser concluída, a Igreja da Candelária possui características de diferentes estilos, como art nouveau, barroco, clássico e neoclássico, por exemplo.
     As pinturas dos murais e as decorações da igreja são do brasileiro João Zeferino da Costa, pintor e professor da Academia Imperial de Belas Artes, atual Escola Nacional de Belas Artes da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), com a colaboração de outros artistas, seus alunos. No teto da nave central têm seis murais que registram a história da construção da igreja: a partida do casal espanhol, a tempestade, a chegada, o voto cumprido, a sagração (a benção da pedra fundamental, em 1775) e a inauguração em 1811. No teto acima da capela-mor, estão os murais com as imagens do “Esponsalício da Virgem”; “Anunciação da Virgem”; “Purificação da Virgem”; e “Assunção da Virgem”.
      No teto da cúpula, nas extremidades estão os personagens do Antigo testamento (Jessé, Isaías, David e Salomão), e no centro a Santíssima Virgem ou Virgem Maria e as Sete Virtudes (Fé, Esperança, Caridade, Prudência, Justiça, Fortaleza e Temperança). Os vitrais também foram trabalhos de João Zeferino da Costa. Os desenhos foram elaborados pelo artista em 1897, com a participação de quatro ajudantes, e feitos em Munique, na Alemanha, chegando ao Rio de Janeiro em 1899.
     Em 1901, foram inauguradas as portas de bronze da entrada principal da igreja, com esculturas em relevo, de autoria do escultor português Antonio Teixeira Lopes. A porta principal mostra a figura da Virgem Maria com o Menino Jesus. Os púlpitos, também em bronze, são de autoria do escultor português Rodolfo Pinto do Couto.
     Até 1944, quando foi inaugurada a Avenida Presidente Vargas, a Igreja da Candelária estava cercada por várias casas, como se pode ver pela foto de H. Holand, de cerca de 1930, abaixo. Centenas de prédios foram demolidos para a abertura da nova e larga avenida, dando à igreja posição de destaque no local. A entrada principal da igreja está voltada para a Baía da Guanabara.
      A Igreja da Candelária tem duas torres e em cada uma delas um relógio. Na torre esquerda de quem olha da rua, o relógio marca os dias da semana, e na direita, as horas. E tem, ainda, um Museu sacro, ou seja, voltado para a temática religiosa, inaugurado em 1973, e uma biblioteca, aberta em 2001, mas, de acordo com o que os seus funcionários me disseram quando eu lá estive, os dois estão fechados há anos, aguardando reformas. No interior da igreja, além do altar central, há duas capelas laterais. À esquerda de quem entra na igreja é a do Santíssimo Sacramento, e à direita a de Nossa Senhora das Dores.
      No lado de fora, o chafariz em bronze que fica à frente da igreja é do escultor brasileiro Humberto Cozzo, feito em 1934, originariamente instalado em frente ao Teatro Municipal e posteriormente colocado em outros locais. E desde 1988 encontra-se na Candelária, mas há anos não jorra água. A administração da igreja é da Irmandade do Santíssimo Sacramento da Candelária, organização beneficente. Veja as fotos que eu fiz do interior e do exterior da Igreja da Candelária. As fontes principais que eu usei para escrever o meu texto foram: candelariorio.org.br e brasilianafotografica.bn.gov.br. fr

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