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terça-feira, 23 de agosto de 2022

O coração de D. Pedro I não precisava vir para o Brasil ser exposto para curiosidade mórbida das pessoas


      O coração de d. Pedro I chegou hoje em Brasília, vindo em um avião da FAB do Porto, Portugal, onde esteve em exposição ao público. O órgão é mantido em formol, há quase 188 anos, em uma caixa protetora na Igreja de Nossa Senhora da Lapa, respeitando o desejo do monarca português, que deixou recomendações para que o seu coração ficasse na cidade do Porto, onde ocorreram importantes disputas pelo trono contra o seu irmão, D. Miguel.
       É a primeira vez que o coração de D. Pedro I sai de Portugal, e foi por um pedido do governo brasileiro para as comemorações do bicentenário da Independência do Brasil. Os restos mortais de D. Pedro I estão na Cripta Imperial, em São Paulo. O coração ficará em exposição no Palácio do Itamaraty, em Brasília. Eu não visitaria essa exposição, se fosse no Rio de Janeiro.
       Entendo que D. Pedro I tenha desejado manter o seu coração em preservação, por uma questão de ter consciência de sua importância histórica e querer alimentar o culto à sua personalidade. Mas, quase 200 anos depois, não faz mais sentido as pessoas fazerem fila para ver um órgão humano preservado em formol. A importância de D. Pedro I para o Brasil e para Portugal, como D. Pedro IV, está registrada nos documentos e nos livros, e é assim que deve ser.
      E tem, ainda, a despesa que nós, cidadãos brasileiros, teremos que arcar com o traslado e guarda do coração no Brasil. O governo federal não quis divulgar os valores que estão sendo gastos. Querer dizer que D. Pedro I estará “presente” na cerimônia do bicentenário da Independência brasileira, no próximo 7 de setembro, é um exagero enorme e sem sentido.
       O que as pessoas irão ver é o coração de D. Pedro I, um órgão humano preservado em formol, mas já com alguma deterioração pelo tempo, afinal são quase 200 anos. Qual a graça? Que interesse pode despertar em alguém ver um órgão humano guardado por tanto tempo? Não é o próprio D. Pedro I. Se fosse, eu até iria querer conhecê-lo; isto, claro, se ele quisesse receber a nós, pobres mortais, cidadãos do povo.
       O coração estava guardado em Portugal em um recipiente de vidro transparente, dentro de uma urna e esta está dentro de uma caixa de madeira... longe da vista das pessoas; somente saiu agora devido às comemorações da Independência do Brasil. Em minha opinião, deveriam ter deixado o coração em Portugal, já que os portugueses ainda querem mantê-lo guardado em formol. Trazer o coração de D. Pedro I para o Brasil e colocá-lo em exposição pública é algo esdrúxulo e deprimente. fr

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