SEJA ÉTICO

SEJA ÉTICO: Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução do conteúdo deste blog com a devida citação de sua fonte.

terça-feira, 29 de novembro de 2022

Assembleia Geral da ONU condena bloqueio dos EUA a Cuba pela 30ª vez

      O mundo, em sua maioria esmagadora, condenou, pela 30ª vez, o bloqueio imposto unilateralmente pelos Estados Unidos a Cuba. Em reunião realizada no dia 3 deste mês na Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), foi aprovada mais uma resolução solicitando o fim do bloqueio, com 185 países votando a favor e somente dois sendo contra (os próprios Estados Unidos, claro, e Israel). Ucrânia e o Brasil de Jair Bolsonaro preferiram se abster. Desde 1992, resoluções como esta têm sido aprovadas por maioria, com exceção do ano de 2020, quando não foi apresentada, devido à pandemia da Covid. Mas, infelizmente, elas não têm o poder de mudar a política dos Estados Unidos, mas são bastante significativos, já que são apoiadas pelo mundo em peso.
      O bloqueio teve o seu início em 3 de fevereiro de 1962, por determinação do presidente John Kennedy, como pressão contra as atitudes independentes do governo cubano a partir da sua Revolução de 1959. Ao longo do tempo, os presidentes que o sucederam têm tornado o bloqueio cada vez mais amplo, com a criação de mais leis que visam impedir o livre comércio de Cuba com empresas estadunidenses, e até mesmo suas filiais em outros países.


      A representação cubana apresentou ao plenário da ONU um relatório das perdas do seu país com esse bloqueio, que já completou 60 anos, e permanece ativo, mesmo após as transformações históricas ocorridas no mundo durante esse período, como o fim da Guerra Fria e a dissolução da antiga União Soviética. Os Estados Unidos procuram justificar o bloqueio por haver o desrespeito aos direitos humanos em Cuba, o que é muito incoerente, já que os mesmos Estados Unidos não impõem o mesmo bloqueio a países ditatoriais, como a Arábia Saudita, China, Coreia do Norte, por exemplo.
      De acordo com o ministro de Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez Parrila, o país já teve um prejuízo de 154 bilhões de dólares por causa do bloqueio:
      - Não atribuímos ao bloqueio todas as dificuldades enfrentadas hoje por nosso país, mas faltaria com a verdade quem negasse seus gravíssimos efeitos e não reconhecesse que é a causa principal das privações, carências e sofrimentos das famílias cubanas. Dezenas de bancos negam serviços a Cuba por medo de multa dos Estados Unidos. Além da perseguição direta a transportadoras, a companhias de navegação marítima, seguradoras e empresas de logística em geral, o que encarece em até 30% a importação de combustível.
      Bruno Rodríguez destacou, ainda, que o objetivo real do bloqueio é interferir na política interna do seu país, a fim de conseguir derrubar o governo:
      - O bloqueio é um ato deliberado de guerra econômica com o objetivo de impedir a receita financeira do país, destruindo a capacidade do governo de atender às necessidades da população, causando o colapso da economia e criando uma situação de ingovernabilidade. Como o secretário de Estado adjunto Mallory propôs em 1960, busca “provocar decepção e desânimo…, reduzir salários…, causar fome, desespero e a derrubada do governo”.
      O secretário-geral da ONU, o português António Guterres, elaborou um relatório, a pedido da Assembleia Geral, em que também condena a manutenção do bloqueio. Em seu trabalho, ele afirma: “A continuação do bloqueio financeiro e comercial dos Estados Unidos contra Cuba é incompatível com um sistema baseado no Estado de Direito. (...) Baseia-se mais no exercício do poder político e econômico.”
      Minha opinião: Eu defendo os princípios da democracia representativa e da justiça social, não tenho simpatia nenhuma por governos que desrespeitam os direitos humanos, sejam eles de esquerda ou de direita. Mas, não considero legítimo um governo, seja ele qual for, interferir na política interna de um país soberano. Quando os EUA criaram o bloqueio não foi para defender a população cubana, mas para defender somente os seus interesses, e atacar o governo revolucionário de Fidel Castro, que estava contrariando as suas vontades. E a prova é que os EUA apoiaram e até estimularam a tomada do poder por ditaduras militares em várias partes do mundo nas décadas de 1960 e 1970, como, por exemplo, aqui no Brasil, em 1964, e no Chile, em 1974, com Augusto Pinochet. Ditaduras essas que desrespeitaram os mesmos direitos humanos e a mesma democracia que os EUA juram sempre defender pelo mundo. fr

Nenhum comentário: