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terça-feira, 15 de novembro de 2022

Visita ao Museu da República


      O Museu da República, localizado na Rua do Catete, no bairro de mesmo nome, foi inaugurado em 15 de novembro de 1960 pelo então presidente Juscelino Kubitschek. O prédio onde está localizado tem enorme importância histórica. Ele foi construído de 1858 a 1867 para servir de residência da família do barão de Nova Friburgo, no Império; passando, em 1897, a ser a residência oficial dos presidentes da recém-proclamada República, como o Palácio do Catete. Eu visitei o museu mais uma vez, fiz algumas fotos para mostrar aos visitantes do meu blog e contar um pouco da sua História.
      Inicialmente, o museu foi um órgão da estrutura do Museu Histórico Nacional até o ano de 1983, quando passou a ter autonomia administrativa. A sua missão é preservar a memória do período republicano, com um acervo de cerca de 9.400 objetos, entre pinturas, esculturas e itens pessoais de importantes personalidades, e cem mil documentos; e pesquisar e difundir o conhecimento a seu respeito.
      As duas maiores coleções individuais são a do presidente Getúlio Vargas, que governou o Brasil de 1930 a 1945 e de 1951 a 1954, com 1.082 itens; e a de Pereira Passos, prefeito nomeado do Rio de Janeiro, então Distrito Federal, de 1902 a 1906, período em que ocorreu importante reforma urbana, com 1.457 itens. O acervo inclui também outras coleções, entre elas itens da família do barão de Nova Friburgo, primeiro proprietário do prédio; e uma sobre a Guerra de Canudos (1896-1897), com as únicas fotos ainda existentes sobre o conflito, tiradas por Flávio de Barros, e reconhecida pelo Programa Memória do Mundo, da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).
      Atualmente, o Museu da República faz parte da estrutura do Instituto Brasileiro de Museus, autarquia federal ligada à Secretaria Especial de Cultura do Ministério do Turismo. O local está aberto para visitação, e as pessoas podem ver o mobiliário, obras de arte e a arquitetura do local, além do lindo jardim e exposições temporárias. Foi a residência oficial dos presidentes da República de 1897 até a inauguração de Brasília, em 1960, e onde Getúlio Vargas se suicidou em 1954.
      O quarto onde Getúlio deu um tiro no próprio peito, em 1954, é, com certeza, o que desperta maior interesse, sendo mantido como era à época. Estão lá os móveis; o revólver, da marca Colt, calibre 32; a munição e o pijama, com o furo provocado pelo tiro, usados pelo chefe de governo. O acervo da biblioteca do museu pode ser consultado, mas somente através de solicitação prévia, informando o teor da pesquisa. O museu tinha um cinema, livraria e um auditório, mas, infelizmente, eles ainda não reabriram desde o fechamento por conta da pandemia da Covid-2019, há dois anos.
      

O início

      Em 1854, o português Antonio Clemente Pinto (1795-1869) foi agraciado por D. Pedro II com o título de barão de Nova Friburgo e decidiu instalar-se na Corte do Rio de Janeiro. Ele mandou construir, quatro anos mais tarde, uma residência no chamado Caminho do Catete, região de manguezal que foi aterrada e deu origem à atual Rua do Catete. O local havia sido habitado originariamente pelos índios tamoios antes mesmo da chegada da expedição de Pedro Álvares Cabral, em 1500. Antonio Clemente enriqueceu com o comércio de escravos, e comprou várias fazendas de café, sendo apontado como o homem mais rico do Segundo Império.
      A residência teve o seu projeto encomendado ao arquiteto alemão Carl Friedrich Gustav Waehneldt, que se inspirou nos palacetes urbanos de estilo renascentista de Florença e Veneza, na Itália. Para a decoração interna foram chamados pintores como Gastão Tassini, o alemão Emil Bauch e o italiano Mario Bragaldi. Não se economizou com os gastos e vários profissionais estrangeiros foram contratados, tudo sendo feito com muito luxo. O jardim ficou sob responsabilidade do paisagista francês Auguste François Marie Glaziou. A construção foi terminada em 1867, passando a ser conhecida como o Palácio Nova Friburgo, mas durante os anos seguintes diversos complementos foram sendo realizados.
      A família do barão de Nova Friburgo morou pouco tempo na residência, já que ele faleceu logo em seguida, em janeiro de 1869, e a sua esposa um ano depois. O filho do casal, Antônio Clemente Pinto Filho, conde de São Clemente, residiu no local até o ano de 1889, quando vendeu a propriedade para um grupo hoteleiro, que iria transformá-la em um hotel, mas que veio a falir meses depois. O sócio majoritário, o banqueiro Francisco de Paula Mayrink, ficou como dono do Palácio, e o hipotecou em 1895 como garantia de crédito para o seu banco, o Banco da República do Brasil. A instituição quebrou e o imóvel passou para o controle da União no ano seguinte.
      O vice-presidente Manuel Vitorino assumiu a presidência interinamente em 1896, com o afastamento do titular, Prudente de Morais, que estava de licença por estar doente. E transferiu a sede do governo federal do Palácio do Itamaraty para o antigo Palácio Nova Friburgo. Após ser reformado, com a instalação dos símbolos republicanos, adaptação dos salões, remodelação do jardim, construção de cocheiras e alojamentos para os funcionários e guarda presidencial, ele foi inaugurado como sede da presidência da República em 24 de fevereiro de 1897, como o Palácio do Catete. E tornou-se um dos primeiros prédios do Brasil a ter iluminação elétrica, contando com uma usina própria de eletricidade a carvão, desativada anos mais tarde; atualmente é ocupada pelo Museu do Folclore, como galeria de exposições temporárias.
      Curiosamente, apesar de ser destinada a essa atribuição, poucos presidentes resolveram morar com as suas famílias no Palácio do Catete, preferindo utilizar o Palácio Guanabara ou o Palácio Laranjeiras. Mas, tem grande importância histórica, tendo sido no Palácio do Catete em que foram assinadas as declarações de guerra contra a Alemanha, durante a Primeira Guerra Mundial, e contra o Eixo, na Segunda Guerra. No Palácio foram velados os presidentes Afonso Pena, em 1909, vítima de pneumonia, e de Getúlio Vargas, em 1954. O Palácio do Catete e o seu jardim foram tombados, em 1938, pelo SPHAN (Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), atual IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).


Descrição

      No alto do prédio, em sua fachada, originariamente ficavam águias de ferro, que foram substituídas, em 1897, por sete estátuas de bronze. Cinco delas ficavam na entrada, e representavam a República, a Agricultura, a Justiça, a Primavera e o Outono; as duas restantes estavam voltadas para o jardim, simbolizando o Verão e o Inverno. Em 1910, elas foram novamente substituídas por sete águias, mas de bronze, de autoria do escultor mexicano, naturalizado brasileiro, Rodolfo Bernardelli; cinco estão na frente do prédio e duas voltadas para o jardim.
      O portão da entrada principal do Palácio do Catete é de ferro fundido e foi mandado fazer na Alemanha, assim como a escada que leva ao segundo andar, construída em módulos pré-fabricados. Ao entrar no museu, podem-se ver seis colunas de mármore, imponentes. O prédio tem três andares, com várias saletas, salas e salões. Quando ocupado pela família do barão de Nova Friburgo o primeiro andar era onde ficavam as salas de estar e de visita. Durante o período em que foi residência presidencial foi utilizado para alocar setores administrativos, como a secretaria, gabinetes, salas de despachos e audiências.
      O quadro do barão de Nova Friburgo e de sua esposa, de autoria do pintor alemão Emil Bauch, está no primeiro andar. Nele, o artista colocou em destaque as propriedades mais importantes do barão: a Chácara do Chalet, atual sede do Nova Friburgo Country Clube, e o Solar do Gavião; a planta da ferrovia ligando Porto das Caixas a Nova Friburgo; e a maquete do próprio Palácio, que, anos depois, viria a sediar o Museu da República.
      É no primeiro andar que fica também o Salão Ministerial, onde Getúlio Vargas reuniu-se com os seus ministros até a madrugada de 24 de agosto de 1954, quando foi aconselhado a pedir uma licença diante da grave crise política iniciada pelo atentado ao jornalista Carlos Lacerda. De manhã, o irmão, Benjamin Vargas, informou-lhe que os militares encaravam a possível licença como um pedido de renúncia. Depois, sozinho no seu quarto, Getúlio cometeu o suicídio. Sobre a mesa de mogno, estão as pastas do presidente e de seus ministros, em seus respectivos lugares.
      No Salão Ministerial estão os quadros ‘Compromisso Constitucional’, de Aurélio de Figueiredo, e ‘Pátria’, de Pedro Bruno. Em entrevista ao jornal ‘Gazeta de Notícias’ de 2/12/1919, Pedro Bruno descreveu a sua obra: “No centro do quadro coloquei um menino sobraçando o nosso pavilhão e o qual representa o futuro ou o predestinado. No fundo, a figura de um velho veterano do Paraguai, simbolizando o nosso maior feito guerreiro. Na parede ao fundo há um quadro de Tiradentes como precursor de nossa pátria e, ao lado, o retrato de Deodoro como fundador da nossa República.”
      O segundo e terceiro andares tiveram a mesma utilização nos dois períodos. Os salões do segundo eram destinados a recepções e cerimônias especiais, e o terceiro andar para os quartos das famílias residentes. O mobiliário e a decoração mudavam de acordo com os gostos pessoais dos presidentes e de suas famílias. Os móveis do quarto onde Getúlio Vargas cometeu o suicídio, em 24 de agosto de 1954, foram transferidos para o acervo do Museu Histórico Nacional.
      Mas, após a mudança da capital do país do Rio de Janeiro para Brasília, em 1960, Juscelino Kubitschek, o último presidente a utilizar o Palácio do Catete, deu ao local uma nova atribuição, a de ser um museu. Com a inauguração do Museu da República, em 1960, os móveis e os objetos pessoais de Getúlio retornaram ao seu quarto, que é mantido com a arrumação utilizada à época em que ele o ocupava.
      O jardim tem uma área de 24 mil metros quadrados, e se estende paralelo à Rua Silveira Martins até à Praia do Flamengo. É um lugar muito bonito e tranquilo, com palmeiras enormes em fileira e várias árvores, lagos com peixes, além de patos, pavões e outros animais. É muito usado para lazer e passeios pelas pessoas. Se você gostou e ficou interessado em conhecer mais sobre o Museu da República, vá visitá-lo, você vai gostar! Fontes de pesquisa que eu utilizei: a página do Museu da República e Wikipédia. fr 

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