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domingo, 22 de janeiro de 2023

Monumento Nacional aos Mortos da II Guerra Mundial (I)


    O Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, ou simplesmente Monumento aos Pracinhas, é onde estão os restos mortais dos brasileiros que morreram durante os combates na Itália, nos anos de 1944 e 1945. Está localizado na Av. Infante Dom Henrique nº 75, no Parque Brigadeiro Eduardo Gomes, mais conhecido como Aterro do Flamengo, e foi concebido pelo marechal João Batista Mascarenhas de Moraes, que comandou a FEB (Força Expedicionária Brasileira) durante a guerra. Eu visitei o Monumento, tirei muitas fotos e vou contar um pouco da sua história. Eu tenho conhecido bastante o Rio de Janeiro, indo a lugares que a maioria das pessoas que nascem e moram a vida inteira na cidade nunca foram.
      O Monumento foi projetado pelos arquitetos Marcos Konder Netto e Hélio Ribas Marinho, escolhidos através de um concurso nacional. O projeto estrutural foi de responsabilidade do engenheiro Joaquim Cardozo. As obras tiveram início em 24 de julho de 1957 e a inauguração ocorreu em 5 de agosto de 1960. Em 20 de junho do ano seguinte uma comissão de repatriamento viajou para a Itália a fim de providenciar a exumação dos 468 corpos sepultados no cemitério militar brasileiro na cidade de Pistoia, local cedido pelo governo da Itália em reconhecimento ao esforço dos brasileiros para a libertação do seu país. Os restos mortais chegaram ao Rio de Janeiro em 15 de dezembro de 1960 em caixas individuais de zinco e armazenadas em urnas de madeira.


        Na semana seguinte, no dia 22, as urnas foram depositadas nos jazigos do Mausoléu, localizado no subsolo do Monumento Nacional aos Mortos, com a presença do presidente Juscelino Kubitschek. Uma das urnas não tem identificação e passou a homenagear o “soldado desconhecido”, uma referência aos corpos dos brasileiros mortos na Segunda Guerra Mundial e nunca identificados. Essa urna foi depositada por Juscelino na base do Pórtico Monumental, em destaque. Em uma das fotos que eu vi no mausoléu, tem uma observação que destaco por ser muita interessante:
        “Dentre os militares do Exército, estavam alguns ‘Soldados Desconhecidos’, porém a nomenclatura correta seria ‘ soldados não identificados’, uma vez que a FEB possuía os nomes daqueles que tombaram em combate, não sendo possível, entretanto, realizar a identificação dos mesmos, devido a diversos fatores.”
        Subindo pela escadaria, o visitante tem acesso à plataforma, construída com concreto armado a 3,5 metros do solo. Nela está o Pórtico Monumental com as suas duas colunas de 31 metros de altura que simbolizam “dois braços levantados com as mãos abertas pedindo graças aos céus”, de acordo com publicação oficial do Exército. Sobre elas está uma placa com 220 metros quadrados de superfície, e em sua base está o Túmulo do Soldado Desconhecido, onde fica uma pira permanentemente acesa. No dia em que visitei, ela estava apagada devido à chuva.
        À direita, está uma escultura metálica de autoria do arquiteto Júlio César Catelli Filho, de 19 metros de comprimento e seis toneladas, em homenagem à FAB (Força Aérea Brasileira). Ainda segundo a publicação do Exército, ela representa o símbolo da aviação. E mais ao lado as esculturas em granito do escultor Alfredo Ceschiatti homenageando os pracinhas das três Forças Armadas, com cinco metros de altura: um marinheiro, um soldado e um aviador. Todos os meses ocorrem a cerimônia da Troca da Guarda, com a alternância entre o Exército, Marinha e Aeronáutica, responsáveis pela conservação do monumento.
      Próximo à entrada do prédio, estão dois painéis em lajotas de cerâmica esmaltadas e vidradas, do artista plástico Anísio Araújo de Medeiros; um em homenagem à Marinha de Guerra e outro à Marinha Mercante. O Monumento tem uma sala de exposição permanente com objetos dos soldados brasileiros utilizados durante a Segunda Guerra, onde é possível ver armas, uniformes, fotos, troféus, condecorações, por exemplo. Por questão de segurança, os armamentos expostos estão inoperantes. O painel em afresco “Guerra e Paz”, de autoria do mesmo artista, preenche praticamente toda uma parede. O Exército colocou uma placa identificando a obra, mas equivocou-se ao identificar o autor como Anísio Araújo de “Madeiros”.
        
        
        No subsolo, fica o mausoléu, com os jazigos dos 468 brasileiros mortos durante os combates na Itália, 13 deles não puderam ser identificados. E, ainda de acordo com a publicação oficial do Exército, dois “possuem as lápides brancas e são destinados a receber os restos mortais de dois soldados: um não foi encontrado até a presente data, e o outro está sepultado no Cemitério Militar Brasileiro de Pistoia”, simbolizando a presença brasileira na Itália durante a Segunda Guerra Mundial. Em uma das paredes do Mausoléu, podem-se ver os nomes gravados dos mortos da Marinha Mercante, da Marinha de Guerra e do Exército. Os jazigos estão relacionados em ordem alfabética.
        O Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial é de responsabilidade da Diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural do Exército. Ele tem uma área total de dez mil metros quadrados, sendo 6.850 metros quadrados dos seus três níveis: o que fica no nível do solo; o superior, onde está a plataforma; e o subsolo. O Parque Brigadeiro Eduardo Gomes, o Parque do Flamengo, é tombado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), o que inclui o Monumento. O governo de Getúlio Vargas declarou guerra à Alemanha e à Itália em 22 de agosto de 1942, em resposta à pressão da população, revoltada com o afundamento de navios brasileiros por submarinos daqueles países, que resultou em centenas de mortes. A FEB foi criada em 9 de agosto de 1943, mobilizando mais de 25 mil brasileiros enviados para a Itália durante os anos de 1944 e 1945, para lutar sob o comando dos Estados Unidos.
        Milhares de jovens saíram do Brasil para lutar na Itália em defesa das liberdades e contra o fascismo. Centenas morreram, outros tantos voltaram feridos e muitos com sintomas de trauma psicológico. O fascismo e o nazismo foram derrotados, mas, hoje em dia, pouco se fala do sacrifício desses jovens, infelizmente. As guerras são iniciadas por quem não as lutam, muitos são vítimas das guerras e uns poucos lucram com elas. Fontes principais de informação que eu usei: “Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial”, publicação do Exército; Wikipédia. Nas situações em que eu encontrei dados com mais de uma informação, como ocorreu com o número exato de jazigos no mausoléu, o mês de início das obras e a inauguração do Monumento, eu utilizei os dados da publicação oficial do Exército. fr

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