Poucos sabem, mas o Rio de Janeiro já teve touradas

     As touradas e suas variações ainda são praticadas em alguns países pelo mundo, como Espanha, México, Colômbia, Guatemala, Peru, Venezuela, Portugal e França. É uma tradição que envergonha quem quer se considerar civilizado. Mas, curiosamente, houve um tempo em que as touradas também eram praticadas no Brasil. O costume teve início provavelmente entre março e abril de 1641, trazido de Portugal, para festejar a aclamação de D. João IV e o fim da dominação espanhola, ocorridos no ano anterior. Era uma forma de entreter a população e a mantê-la leal ao rei, além de autopromoção da elite local.

    Até 1822, ano em que o país tornou-se independente, touradas eram realizadas no Rio de Janeiro como parte das comemorações em homenagem à família real portuguesa, e persistiu nos anos seguintes. A partir de 1830, as corridas de touros passaram a ser um “entretenimento”, organizadas por particulares, com patrocínio e cobrança de entrada. As touradas eram realizadas em praças itinerantes, as chamadas “praças dos curros”, no Campo de Santana, Praça 15, na região da antiga Praça 11, no Centro da cidade; na atual Quinta da Boa Vista e no bairro do Flamengo. No final do século 19, foi inaugurada uma praça fixa, em Laranjeiras. Em 1847, houve a exibição de uma toureira, Joanna Paulina.

        Os toureiros e os animais eram trazidos da Europa, e, assim como nas touradas em Portugal, os touros não eram executados na arena. Mas, sofriam bastante com as lanças em seus corpos, além da tortura psicológica, sendo mortos depois, longe dos olhos do público. O imperador brasileiro D. Pedro II não gostava da prática, e consta que nunca foi a uma tourada. Com as críticas a esse “esporte”, inclusive do escritor e jornalista Machado de Assis, as touradas foram proibidas na cidade em 1908, por um decreto do prefeito Souza Aguiar. Felizmente! fr

Arena do Campo de Santana (Gravura de Franz Josef Fruhbeck)

Praça de Touros na Rua Ipiranga, em Laranjeiras, 1890 (Foto: Marc Ferrez)