A profissão de professor é uma das mais importantes em um país, mas, ao mesmo tempo, é uma das mais desvalorizadas. Quando eu estudei e me formei em História na Uerj, não quis dar aulas, apesar de gostar muito de transmitir o conhecimento. O salário é baixo, as condições de trabalho não são adequadas, a maioria dos alunos não respeita os seus professores, e os pais e responsáveis muito menos, chegando, até, a ameaçar e agredir os profissionais de ensino. Esta semana, a imprensa divulga mais dois casos que me dão razão.
Em Belo Horizonte, uma professora de Redação e Língua Portuguesa de uma escola estadual passou uma tarefa para a sua turma, que deveria escrever um texto em forma de conto, com tema livre. Um aluno, de 16 anos, descreveu com detalhes em seu trabalho, ele próprio assassinando a professora. De acordo com a profissional, o garoto é explosivo, e já teve problemas com outros professores; e a família dele é problemática.
Ela comunicou a ameaça à diretora da escola e à Superintendência Regional de Ensino (SER) Metropolitana, e registrou um boletim de ocorrência na polícia. De acordo com o seu advogado, ninguém tomou nenhuma providência e, com medo, a professora deixou de ir à escola. O estudante teria sido expulso de casa na semana em que foi feita a denúncia à direção da escola. Evidentemente, a professora está com medo:
- O vice-diretor me contou que o aluno atacou a mãe dele com uma faca em casa. Se ele faz isso com a mãe, o que pode fazer comigo? Estou levando falta. A diretora disse que a escola está sofrendo problemas com a minha ausência, mas a minha segurança não está sendo levada em conta em momento algum. Vai chegar em maio e não vou receber um centavo porque não trabalhei. É um descaso total e não é só comigo, com meus colegas também. Um aluno desse é uma ameaça para toda a escola.
O outro caso ocorreu em São Paulo. Como o aluno não realizou uma tarefa que a professora havia passado em sala, a professora enviou aos responsáveis uma mensagem por escrito informando-os do ocorrido, e pedindo para que eles o orientassem. Em resposta, a mãe afirmou que a profissional estava sendo “exigente demais” com o filho dela e terminou fazendo uma ameaça. A professora registrou um boletim de ocorrência na polícia. A ameaça da mãe do aluno, repleta de erros de Português:
“Boa tarde em primeiro lugar. Vamos manter a educação e disciplina para podermos ter um relacionamento melhor, meu esposo e eu estamos cientes de como é o nosso filho, espero da sra. Fátima que tenha uma boa relação entre todos, por um acaso a sra. é exigente demais com os alunos [sic] por que se for não vai dar certo, nem com os alunos e muitos [sic] menos com os pais, gosto de respeito e sim meu filho se dar [sic] o respeito para ser respeitado é só a sra. olhar um pouco a história dele com alguns professores, e antigo Diretor. Vamos nos dar muito bem se a sra. for com um pouco de calma, agora se for exigente demais vou ter que lhe fazer uma visitinha ok E bater um papinho bem calmo.”
É por essas e muitas outras que acontecem constantemente que eu não me arrependo de não dar aulas! fr
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