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terça-feira, 13 de junho de 2023

A série de TV "Viagem ao Fundo do Mar" (1964-1968)

     

        Quando eu era criança, gostava muito de assistir as séries que passavam na TV, e que hoje são consideradas clássicas. Uma delas eu maratonei inteira recentemente, e assisti a todas as suas quatro temporadas, divididas em 110 episódios, cada um com aproximadamente 50 minutos de duração. É “Viagem ao Fundo do Mar” (“Voyage to the Bottom of the Sea”), exibida originariamente nos Estados Unidos pela ABC de 14 de setembro de 1964 a 31 de março de 1968. Foi a primeira e a que ficou mais tempo no ar das quatro séries de sucesso criadas e produzidas na década de 1960 por Irwin Allen, que inclui “Perdidos no Espaço” (1965-1968), “O Túnel do Tempo” (1966-1967) e “Terra dos Gigantes” (1968-1970), sendo que essas eu já comentei aqui no meu blog em postagens anteriores.
        A série “Viagem ao Fundo do Mar” foi criada em função do sucesso do filme do mesmo nome, lançado em 1961, escrito, produzido e dirigido também por Irwin Allen. O elenco do filme, porém, é praticamente todo diferente. Apenas Del Monroe (1932-2009) e Mark Slade (nascido em 1939), que interpretaram os marinheiros Kiwski (Kowalski na série) e Smith, respectivamente, foram para a televisão. O personagem Smith apareceu muito pouco, apenas na primeira temporada (eu nem me lembro dele!). Como curiosidade, posso citar que a atriz Barbara Eden, de “Jeannie é um Gênio”, fez o papel de noiva do capitão Crane no filme. Eu procurei e consegui encontrar o filme na internet, assisti e comentarei sobre ele à parte, em breve, em uma nova postagem.
        Os 32 episódios da primeira temporada foram gravados em preto e branco, somente o episódio piloto foi a cores, porém também exibido em preto e branco na TV. A partir da segunda, a série passou a cores. O produtor Irwin Allen utilizou várias cenas prontas e os figurinos do filme na série de TV, para economizar gastos. A equipe de produção precisou fazer uma pesquisa em museus e bibliotecas sobre o interior dos submarinos utilizados na Segunda Guerra Mundial, inclusive os da Alemanha nazista que foram capturados em combate. Ela não tinha conhecimento a respeito do assunto, que era considerado confidencial pelos militares na década de 1960, em plena Guerra Fria. Somente mais tarde, a Marinha enviou representantes para visitar os estúdios e prestar alguma orientação.
        A série é sobre as aventuras do submarino nuclear Seaview, projetado e comandado pelo almirante Harriman Nelson e chefiado pelo capitão Lee Crane. Apesar de o seu objetivo ser pesquisar a vida marinha, o SSRN Seaview integrava a frota armada nuclear dos Estados Unidos e envolvia-se constantemente em perigosas situações que colocavam o mundo em risco. Os episódios ocorrem no futuro, nas duas décadas seguintes à exibição original; inicialmente no ano de 1973. E, apesar do que o nome da série sugere, não se passavam apenas no fundo do mar. A partir da terceira temporada, o Seaview passou a ter um “mini submarino voador”, que podia voar e levar passageiros a qualquer lugar. Em muitos episódios, as histórias desenvolviam-se em terra firme, principalmente em ilhas, e em alguns até em outros planetas.
        Episódio piloto: A construção do Seaview foi considerada como ultrassecreta, e a sua base submarina ficava a 150 metros abaixo do Instituto Nelson de Pesquisas Náuticas, em Santa Bárbara, na Califórnia: “Poucos homens sabem de sua existência, e menos ainda chegam, sequer, a suspeitar de seu objetivo”. “Forças mundialmente poderosas” e seus “agentes do mal” pretendiam matar o almirante Nelson e destruir o submarino. Ao sair do seu Instituto para uma reunião em Washington, o carro onde estavam o almirante Nelson e o capitão John Philips foi metralhado por um helicóptero. O atentado resultou na morte de Philips, que foi substituído pelo capitão Lee Crane, com outro ator, David Hedison. Curiosamente, o ator que interpretou o primeiro capitão, William Hudson, fez uma participação relâmpago de menos de cinco minutos e sem tem aberto a boca para falar nada!
        A série foi gravada em plena Guerra Fria, e, no início, os inimigos do Seaview eram os países inimigos da democracia e da liberdade, ou seja, as nações comunistas. O submarino sofria constantes sabotagens e espionagem, e o grande medo à época era um possível confronto nuclear. A partir da segunda temporada, novos inimigos passaram a ameaçar a tripulação. Eram monstros marinhos e seres extraterrestres que sempre eram hostis e pretendiam dominar o planeta Terra, assunto que despertava bastante interesse por conta da corrida espacial, disputada à época pelos Estados e a antiga União Soviética. Outras ameaças eram fantasmas, e até mesmo figuras mitológicas como duendes, lobisomens, o abominável homem das neves, sereias e múmias.
        A tripulação ainda enfrentou animais pré-históricos e nazistas em “estado de animação suspensa”. Ao final do episódio piloto, o almirante comentou: “A tarefa do Seaview jamais termina. Enquanto houver forças malignas ativas no mundo, enquanto houver mistérios na natureza a explorar, temos uma tarefa a cumprir. Missões tão ou mais perigosas que essa.” O engraçado é que, apesar de estarem acostumados a enfrentar todas essas ameaças, os tripulantes não acreditavam quando um companheiro alertava o surgimento de um novo monstro. 😄😄😄 Os efeitos especiais eram os que existiam à época, os “monstros” eram homens vestidos com fantasias, mas, mesmo assim, a gente curtia bastante. A tecnologia, por sua vez, era bem desenvolvida para a década de 1960, e os computadores eram enormes, comparados aos atuais.        
      Na terceira temporada, a ABC fez reduções no orçamento, o que resultou no comprometimento da qualidade dos efeitos especiais, cenários, figurinos e equipe de roteiristas. Ela foi exibida nos Estados Unidos em 1966, simultaneamente a duas outras séries de Irwin Allen: “Perdidos no Espaço” e “O Túnel do Tempo”. “Viagem ao Fundo do Mar” terminou em sua quarta temporada, segundo comentários da imprensa devido ao descontentamento dos atores principais Richard Basehart e David Hedison com os roteiros.
      Elenco: Almirante Harriman Nelson (Richard Basehart, 1914-1984): entre seus trabalhos, eu destaco a participação no clássico “Moby Dick”, de 1956, com Gregory Peck. Capitão Lee Crane (David Hedison, 1927-2019), que protagonizou o filme “A Mosca da Cabeça Branca”, em 1958, do qual eu já comentei aqui, no meu blog. Hedison não queria aceitar o convite de Irwin Allen, mas quando soube que Richard Basehart estava confirmado no papel do almirante, mudou de ideia. Eu vou publicar, mais à frente, em breve, o trecho de uma entrevista em que David Hedison conta como se deu a sua entrada na série, é muito interessante, não deixe de ver!
       A tripulação do Seaview tem, ainda, o tenente-comandante Chip Morton (Robert Dowdell, 1932-2018). O “Chefe” foi interpretado por dois atores: Curley Jones (Henry Kulky, 1911-1965, atuou na primeira temporada, até falecer, vítima de ataque cardíaco), e Sharkey (Terry Becker, 1921-2014). O marinheiro Kowalski (Del Monroe, 1932-2009), no filme o seu nome era Kowski. O marinheiro Patterson (Paul Trinka, 1932-1973); e o médico do Seaview, chamado somente de “doutor” (Richard Bull, 1924-2014).
      Entre os atores convidados a participar dos episódios da série, eu destaco alguns, que também atuaram em outros seriados que eu curtia: Yvonne Craig, a Batgirl de “Batman & Robin”; James Doohan, o engenheiro-chefe Scott, e George Takei, o oficial-tenente Sulu, ambos da série “Jornada nas Estrelas”. June Lockhart, a Maureen Robinson de “Perdidos no Espaço”; Edward C. Plat, o Chefe de “Agente 86”; James Darren, o doutor Tony Newman, John Zaremba, o doutor Raymond Swain, e Whit Bissell, o general Heywood Kirk, todos da série “O Túnel do Tempo”. Kevin Hagen, o inspetor Kobick, de “Terra de Gigantes”; e Vincent Price, ator muito conhecido pelos seus filmes de terror.
      Mais algumas curiosidades: no episódio “O Monstro das Profundezas” da segunda temporada, dois prisioneiros fogem de uma prisão nas Bahamas e são resgatados pelo Seaview, de onde tentam fugir no mini submarino voador para o Brasil, “onde não há extradição”. No episódio “Os Terríveis Brinquedos” da terceira temporada, seres extraterrestres colocam uma espécie de controle remoto em brinquedos que são enviados para o Seaview. Imagine, seres muito mais avançados do que nós, humanos, e o máximo que eles conseguem é usar brinquedos com controles remotos para dominar o Seaview...😄
        Alguns episódios aproveitam passagens já utilizadas em outros, por economia. E o respeito à hierarquia militar chegava a ser engraçado. Mesmo estando um ao lado outro, quando uma ordem devia ser transmitida ela era passada do almirante para o capitão, que a repassava para o vice, que a dava para o chefe, que a transmitia à tripulação. Em uma tripulação de 125 homens, o marinheiro Kowalski era sempre o “voluntário” escolhido pelo Chefe para qualquer missão mais perigosa. E constantemente os atores eram sacudidos de um lado para o outro, em praticamente todos os episódios; “curiosamente” os objetos em cima das mesas permaneciam imóveis. 
        Como eu costumo fazer com as séries clássicas que eu maratono para comentar aqui, no meu blog, anotei 23 diretores diferentes nos 110 episódios. Os que mais trabalharam foram: Justus Addiss, em 16 episódios; Jerry Hopper, em 15; Sobey Martin, em 14; e Harry Harris, em 12. Irwin Allen, o criador da série, dirigiu dois episódios da primeira temporada, incluindo o primeiro. Amanhã, eu também vou publicar a abertura de “Viagem ao Fundo do Mar”. Fontes principais que eu usei para pesquisa: Wikipédia e Infantv. fr

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