Após a morte dos seus pais, Zak, de 21 anos, convida seus amigos a participar de uma roleta-russa no feriado de sete de setembro de 2008. Inspirados em uma tragédia que abalou os Estados Unidos, nove jovens insatisfeitos com os rumos de suas vidas se trancam no porão da casa de campo dos pais de Zak, em Minas Gerais, jogando a chave por baixo da porta. À base de muita bebida alcoólica e drogas, eles passam a demonstrar o pior lado do ser humano quando alguns resolvem desistir.
Alessandro, o melhor amigo de Zak, quer se tornar um escritor de grande sucesso e, com a concordância dos outros, enquanto estivesse vivo anotaria em tempo real todos os acontecimentos e mortes para que o seu tão desejado livro fosse publicado após sua morte. Um ano depois, a delegada responsável pelo inquérito policial reúne as mães dos jovens para ler o caderno com as anotações, na tentativa de esclarecer as motivações de cada um dos jovens e descobrir se a morte dos pais de Zak, em um acidente de trânsito, foi encomendada por um dos seus amigos.
Uma ideia muito ruim querer reunir mães enlutadas para fazê-las ouvir, em detalhes, como os seus filhos morreram. O resultado foi muito sofrimento, revolta e acusações mútuas, além de um final trágico. Eu não quero abordar passagens que possam estragar a surpresa de quem vai ler o livro. Fico imaginando, por exemplo, uma pessoa tendo que descrever em tempo real situações de extrema tensão, envolvendo mortes, tortura e brigas durante uma roleta-russa, estando diretamente envolvido, e ainda ter que fazer esse relato de maneira que seja um texto com estilo para ser publicado como livro. Acredito ser uma tarefa bastante difícil para qualquer um, mesmo em uma obra de ficção.
E pode-se esperar que uma pessoa com intenção de se matar deixe uma carta de despedida para a sua família, explicando o que fez tomar uma decisão tão radical assim. Nenhuma delas fez isso, daí terem ficado tantas dúvidas quanto as motivações dos suicidas, e as anotações feitas por Alessandro terem sido a única base para as investigações. Raphael Montes é um jovem escritor brasileiro, que já publicou sete livros, além de participações em antologias de contos e atuação como roteirista.
Este é o seu primeiro livro, escrito dos seus 16 aos 19 anos. Ele participou de um concurso da editora, não venceu, mas o livro foi publicado, quando ele tinha 22 anos. Recomendo “Suicidas” para quem curte histórias de suspense, com uma abordagem mais pesada sobre os piores defeitos do ser humano. O livro já teve os direitos comprados para ser adaptado e virar um filme. Eu já comentei o segundo livro de Raphael Montes aqui no meu blog, “Dias Perfeitos”, o meu preferido do autor. fr
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