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terça-feira, 29 de agosto de 2023

Obelisco e Memorial da Revolução Constitucionalista de 1932 (São Paulo) I

 

        O Obelisco e Mausoléu aos Heróis da Revolução Constitucionalista de 1932 ficam no complexo do Parque Ibirapuera, mas fora dos seus portões, na Avenida Pedro Álvares Cabral s/nº. Eu os conheci este ano e fiz um registro da minha visita com vídeo e fotos. No mausoléu, estão os corpos daqueles que morreram em defesa da causa paulista, combatentes e também civis. Em 1934, foi organizada uma campanha para arrecadar verba para a construção de um monumento em homenagem aos mortos na guerra civil. E três anos depois foi escolhido, através de concurso, o projeto do escultor ítalo-brasileiro Galileo Ugo Emendabili (1898-1974), cuja coordenação acabou sendo do engenheiro alemão, radicado no Brasil, Ulrich Edler.
        A colocação da pedra fundamental aconteceu em 9 de julho de 1949, porém as obras tiveram início no ano seguinte e somente foram concluídas em 1970, após várias interrupções por falta de recursos, tendo levado mais de 30 anos para serem finalizadas! Em 1954, teve início a chegada dos corpos dos combatentes, transferidos de diversos cemitérios de São Paulo. Apesar de não terminado, o monumento foi inaugurado em 9 de julho de 1955, um ano após a abertura do Parque do Ibirapuera. O dia 9 de julho é considerado o início da guerra civil.
        O obelisco é de puro mármore travertino e é considerado o maior monumento da cidade de São Paulo, com 72 metros de altura. Em suas quatro faces, ele tem figuras em alto-relevo sobre o conflito e versos de Guilherme de Almeida, combatente conhecido como o “poeta da revolução” e que também tem os seus restos mortais no mausoléu. Na entrada, está a frase do jornalista Antônio Benedicto Machado Florence: “Viveram pouco para morrer bem; morreram jovens para viver sempre”. O interior do mausoléu tem a forma de cruz, onde estão localizadas mais de 800 urnas funerárias e três capelas, além de painéis feitos com pastilhas de mosaico veneziano representando o nascimento, o sacrifício e a ressurreição de Jesus Cristo.
        Recentemente, o obelisco esteve fechado por 12 anos para reformas, sendo utilizado durante esse período somente em poucas ocasiões festivas, tendo sido reaberto em 9 de dezembro de 2014. É impressionante como as obras no lugar costumam demorar tanto! A Revolução Constitucionalista de 1932 foi uma guerra civil que causou muito sofrimento no país, e um número estimado de três mil mortes nos dois lados. O gaúcho Getúlio Vargas tinha assumido a presidência, com a chamada “Revolução de 1930”, derrubando o governo de Washington Luís e interrompendo a alternância das elites de São Paulo e Minas Gerais, com a promessa de ser um governo provisório até a convocação de novas eleições.
        Mas Getúlio revogou a Constituição, interviu nos estados e passou a governar através de decretos. Inconformadas com as perdas de privilégios, as elites paulistas passaram a pressionar pela aprovação de uma nova Constituição e eleições gerais. Na noite de 23 de maio, um grupo tentou invadir a sede do PPP (Partido Popular Paulista), apoiador de Getúlio. Uma forte repressão policial resultou em vários feridos e mortos, entre eles os estudantes Mário Martins, Euclides Miragaia, Dráusio Marcondes e Antônio Américo Camargo, que deram origem à sigla MMDC e a um movimento civil armado clandestino para derrubar Getúlio Vargas. Os seus restos mortais também estão no Mausoléu.
        Em 9 de julho, teve início o levante armado contra Getúlio Vargas, com a declaração de guerra do estado de São Paulo ao governo federal, apoiado por parte de Minas Gerais, Mato Grosso, Amazonas e Bahia. Foi organizado o recolhimento de donativos e alistamento de voluntários. A guerra civil transcorreu no território paulista, e terminou em 2 de outubro, com a vitória do governo federal, que contava com muitos mais homens e armamentos. Calcula-se que o lado de São Paulo teve 35 mil homens contra 100 mil do governo federal. Getúlio acabou por promulgar uma nova Constituição em 1934. O dia 9 de julho tornou-se feriado estadual em São Paulo. Em um dos murais da exposição permanente no interior do mausoléu eu li uma definição bastante interessante:
        “O Mausoléu ao soldado desconhecido não homenageia militares, mas homens e jovens que morreram na revolução ou pela revolução, por acreditarem em seus ideais. Pais, irmãos, filhos, padeiros, artesãos, advogados, carpinteiros. Povo paulista. A exposição propõe esta pequena imersão para reavivar a preservação da ideia da constituição, democracia e direitos humanos na nossa cidade.”
        O Obelisco e o Mausoléu aos Heróis da Revolução Constitucionalista de 1932 são tombados pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueólogo, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo). A visitação é gratuita, de terça-feira a domingo, de 10 às 16 horas. Fontes principais que eu pesquisei: Wikipédia, prefeitura de São Paulo e demonumenta.fau.usp.fr

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