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segunda-feira, 4 de setembro de 2023

Farofa de formiga é uma iguaria em parte do Brasil, você comeria?

        Você comeria formigas? Não responda tão rápido! No Vale do Paraíba, localizado entre os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, muita gente come farofa de içá (foto), iguaria feita com a parte inferior do abdome da tanajura, a fêmea da formiga saúva. A iça tem cerca de 30% de gordura e 15% de proteína, e o seu consumo originou-se com os índios. O escritor Monteiro Lobato, autor de “O Sítio do Pica-pau Amarelo” e nascido em Taubaté, no interior paulista, gabou do gosto em carta enviada para o colega mineiro Godofredo Rangel, em 1903:
        “Não és capaz, nunca, de adivinhar o que estou comendo. Estou comendo... Tenho vergonha de dizer. Estou comendo um companheiro daquilo que alimentava S. João no deserto: içá torrado! Sabe, Rangel, que o içá torrado é o que no Olimpo grego tinha o nome de ambrosia? Está diante de mim uma latinha de içás torrados que me mandam de Taubaté. Nós taubateanos, somos comedores de içás. Como é bom, Ragnel! Prova mais a existência do Bom Deus do que todos os argumentos do Porfírio Aguiar. Só um ser Onipotente e Onisciente poderia criar semelhante petisco!”
        “Ambrosia” era o nome do manjar dos deuses do olimpo na Grécia Antiga. As içás saem dos formigueiros aos milhares durante os meses de outubro e novembro para acasalamento. Azar é o delas, porque acabam sendo caçadas e delas retira-se apenas o abdome para ser torrado na panela com banha e sal, e, depois, servidas com farofa. Uma garrafa plástica de dois litros com içás torrados pode ser vendida por algo em torno de cem reais, inclusive pelas redes sociais, uma fonte de renda para muitas famílias da região. E, agora, deu água na boca? 😄 fr  

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