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sábado, 2 de setembro de 2023

Universidade na Dinamarca tem arquivo com milhares de cérebros desde o fim da Segunda Guerra Mundial

        Pouca gente no mundo sabe, mas existe na Dinamarca um arquivo com cerca de 10 mil cérebros humanos, preservados em formol. São 9.479 cérebros retirados de pacientes que morreram em institutos psiquiátricos naquele país ao longo de 40 anos, sem conhecimento ou autorização dos próprios ou de seus familiares. Esse arquivo de cérebros teve início em 1945, após a Segunda Guerra Mundial, e está localizado em um porão na Universidade do Sul da Dinamarca, uma das mais importantes de lá.
        Os pacientes que sofriam de transtornos mentais e morriam em uma instituição psiquiátrica tinham os seus cérebros removidos na autópsia e enviados para o Hospital Psiquiátrico Rissov, em Aarhaus, onde funcionava o Instituto de Patologia Cerebral. A prática somente foi interrompida e tornou-se pública em 1982, quando o hospital foi transferido para um outro prédio e não tinha mais orçamento para manter o arquivo. A fim de evitar que os cérebros fossem destruídos, a Universidade do Sul da Dinamarca aceitou recebê-los.
        A questão suscitou um debate ético quanto aos direitos dos pacientes psiquiátricos e ao fato de terem sido removidos e estarem sendo conservados os cérebros de milhares de cidadãos sem autorização e conhecimento. Chegou-se a defender a destruição dos cérebros ou que eles fossem enterrados. Após anos de discussões, o Conselho de Ética da Dinamarca aprovou a conservação do arquivo humano e a sua utilização para a pesquisa científica, mesmo sem a concordância dos familiares.
        Reconheceu-se a gravidade do que foi feito durante anos, mas decidiu-se dar uma destinação que possa ser útil ao avanço do tratamento do transtorno mental, ao invés de simplesmente destruir o arquivo. Os cérebros humanos possuem identificação, diagnóstico e os exames dos pacientes, e tudo está disponível, com algumas restrições, a qualquer pesquisador, dentro ou fora do país. Os interessados devem apresentar os seus projetos à avaliação de um comitê da universidade, e os estrangeiros devem aceitar trabalhar com cientistas dinamarqueses.
        Devido ao alto custo da pesquisa, não tem havido muita procura, a não ser pela indústria farmacêutica, mas esta preocupa-se mais com o desenvolvimento de novas drogas, não com a descoberta das causas que provocam os transtornos mentais. O atual diretor do arquivo, Martin Wirenfeldt Nielsen (foto), porém, destaca a importância do material para pesquisas que podem, no futuro, resultar em grandes inovações no tratamento das doenças mentais. (Fonte que eu usei: https://www.bbc.com/portuguese/articles/c6plyjp8gwxo) fr  

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