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quinta-feira, 10 de julho de 2025

Presidente dos EUA faz ameaças a Lula e comporta-se como xerife do mundo


         Donald Trump é o reflexo do pensamento dos estadunidenses: consideram-se os donos do mundo, com direito a decidir o destino do planeta; não consultar a opinião de ninguém e a intervir em questões internas de qualquer país, sejam assuntos políticos, econômicos ou culturais. O presidente dos Estados Unidos postou, ontem, uma carta aberta endereçada a seu colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, através da rede social Truth Social, de propriedade de Trump.
     Trump dirige-se ao presidente do Brasil com uma linguagem dura e ameaçadora, totalmente inapropriada entre líderes de países soberanos, mais parece o patrão cobrando de um reles empregado. Alegando que o Brasil mantém uma relação comercial injusta com os Estados Unidos, devido a políticas tarifárias e não tarifárias e barreiras comerciais, Donald Trump anunciou a cobrança de uma tarifa de 50% sobre “todo e qualquer produto brasileiro enviado” a seu país, além de todas as tarifas setoriais.
        E, dirigindo-se a um presidente de um país soberano sem nenhum respeito, com o pronome “você”, ao invés do “vossa excelência” tradicionalmente usado entre chefes de Estado nas relações diplomáticas, como se estivesse tratando com um empresário concorrente de uma de suas empresas, Trump faz mais ameaças: “Se, por qualquer motivo, você decidir aumentar suas tarifas, qualquer que seja o número escolhido para aumentá-las, ele será adicionado aos 50% que cobramos.”
        A carta toda é uma sucessão de ameaças. Interferindo em questões internas do Brasil, o presidente estadunidense qualifica como uma “vergonha internacional” o tratamento da Justiça brasileira ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que vem respondendo a graves acusações, como tentativa de golpe de Estado e organização criminosa armada, Trump faz exigências descabidas: “Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma caça às bruxas que deve terminar IMEDIATAMENTE!”
        O Brasil não foi o único atingido pelo aumento de tarifas por parte dos Estados Unidos, mas foi o que foi atingido pela maior tarifa. Outros países que foram pressionados: África do Sul, Cazaquistão, Malásia, Mianmar e Laos (40%); Tailândia e Camboja (36%); Sérvia e Bangladesh (35%); Indonésia (32%); Bósnia e Herzegovina (30%) e Tunísia (25%).
        O presidente Lula, através de redes sociais, afirmou que o processo judicial contra acusados de tentar um golpe de Estado é de competência única e exclusivamente da Justiça brasileira, e que responderá às agressões com base na lei da reciprocidade: “O Brasil é um país soberano, com instituições independentes, que não aceitará ser tutelado por ninguém.”. De acordo com Lula, as acusações feitas por Trump são falsas, já que as “estatísticas do próprio governo dos Estados Unidos comprovam um superávit no comércio de bens e serviços com o Brasil da ordem de 410 bilhões de dólares ao longo dos últimos 15 anos.”.
        Em reunião, ontem, no Itamaraty, a embaixadora brasileira responsável pela América do Norte e Europa, Maria Luis Escorel, quis saber do encarregado de negócios da Embaixada dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, se o teor da carta era verdadeiro, já que o governo do Brasil apenas tomou conhecimento de sua existência através da imprensa. Um presidente querer intimidar outro publicamente é tão absurdo que foi difícil acreditar. Mas, com a confirmação recebida pelo representante estadunidense, a embaixadora disse considerar a carta “ofensiva e inaceitável” e disse que o Brasil a devolvia para o governo dos Estados Unidos. O ex-presidente Jair Bolsonaro usou as redes sociais para agradecer a Donald Trump, apesar do prejuízo que o aumento das tarifas dos EUA aos produtos brasileiros vai representar para a economia do nosso país e, consequentemente, para empresários e trabalhadores brasileiros. Leia a íntegra da carta de Trump a Lula abaixo. fr

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