O controverso presidente estadunidense Donald Trump organizou um jantar na Casa Branca em homenagem ao príncipe herdeiro da ditadura da Arábia Saudita, Mohammed Bin Salman, na terça-feira, dia 18. Trump afirmou um dia antes que pretende vender caças F-35 para a Arábia Saudita, cada um a 100 milhões de dólares, o correspondente a 533 milhões de reais. Esses caças são muito avançados tecnologicamente, e, até o momento, apenas Israel os têm em ser arsenal na região do Oriente Médio. Se a Arábia Saudita consegui-los irá fazer frente à superioridade militar israelense. Mas a verdade é que os Estados Unidos estão mais preocupados em ganhar dinheiro, pouco importa se a Arábia Saudita seja uma ditadura, com um dos regimes mais opressores do mundo atual. Naquele país, uma monarquia absoluta onde o rei manda e desmanda à vontade, não existe liberdade política, religiosa ou de imprensa, e as mulheres são constantemente desrespeitadas. O rei Salman Bin Abdulazzi Al Saud está afastado, de acordo com informações não confirmadas estaria sofrendo de mal de Alzheimer.
Chamou muita a atenção a presença nesse jantar do jogador português Cristiano Ronaldo, de 40 anos, que já foi um dos melhores jogadores do mundo e atualmente joga no Al-Nassr, da Arábia Saudita, onde procura completar mil gols. Os portugueses ficaram divididos. Grande parte ficou deslumbrada por ver um português participando de um jantar na Casa Branca e sendo recebido pelo presidente dos Estados Unidos, consideram isso um honra para Portugal. Igualmente, muitos portugueses criticam Cristiano Ronaldo por deixar ser usado como garoto-propaganda de uma ditadura para tentar fugir do isolamento mundial, e de um presidente estadunidense que já estimulou o golpe de Estado nos Estados Unidos e não demonstra o menor respeito aos princípios básicos da democracia e dos direitos humanos.
A Anistia Internacional, por exemplo, considerada a principal organização não governamental em defesa dos direitos humanos do mundo, critica, de maneira veemente, Cristiano Ronaldo por deixar uma ditadura usar o seu prestígio internacional para melhorar sua imagem perante o mundo. Em 2023, quando o português começou a jogar no Al-Nassr, Dana Ahmed, pesquisadora da Anistia Internacional para o Oriente Médio cobrou uma postura diferente do jogador: "Cristiano Ronaldo não deve permitir que sua fama e status de celebridade se tornem uma ferramenta de sportswashing [quando usa-se o esporte para melhorar a imagem de uma ditadura] saudita. Ele deveria usar seu período no Al-Nassr para falar sobre as questões de direitos humanos no país!".
Tudo isso faz com que eu me lembre de um ditado popular: “Diz-me com quem andas e eu te direi quem és!” Eu gosto do jogador Cristiano Ronaldo pelo seu profissionalismo, determinação e esforço pessoal, que veio de uma infância pobre e conseguiu tornar-se uma das pessoas mais ricas do mundo, pelos seus méritos. Mas não admiro a pessoa Cristiano Ronaldo, extremamente vaidosa, que vive fazendo elogios a si próprio, considerando-se o melhor jogador de todos os tempos (o que não é!), desrespeitando tantos craques muito melhores do que ele ao longo da história. E que, no final de carreira, deixa que uma ditadura use o seu prestígio para melhorar sua imagem e deixa, também, um presidente polêmico, como Donald Trump, usá-lo como troféu em busca de aceitação popular. É uma mancha em sua biografia que Cristiano Ronaldo nunca vai conseguir apagar! fr

Nenhum comentário:
Postar um comentário