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sexta-feira, 31 de julho de 2020

'Jeannie é um gênio'



          Eu terminei de assistir, na ordem, todos os 139 episódios das cinco temporadas da série ‘Jeannie é um gênio’ (‘I dream of Jeannie’), através da plataforma da operadora de TV paga que eu assino. Alguns episódios estavam faltando, mas eu consegui ver pelo Youtube. Este seriado passava na televisão quando eu era criança, em reprises. E valeu a pena, foi uma boa diversão.
Jeannie surgiu a pedido da emissora estadunidense NBC, para concorrer com o seriado “A Feiticeira”, que já passava na concorrente ABC um ano antes, desde setembro de 1964. A NBC encomendou o roteiro da nova série ao roteirista Sidney Sheldon, que também foi o seu produtor. Anos mais tarde, ele passou a ser um autor de livros de sucesso, deixando de escrever as estórias. Sheldon também criou roteiros para filmes e outras séries de TV, como ‘Casal 20’, de 1979 a 1984, com os atores Robert Wagner e Stefanie Powers.
A inspiração para a série ‘Jeannie é um gênio’ surgiu do filme ‘Um gênio entrou lá em casa’ (‘The brass bottle’), de 1964, do qual Barbara Eden participou, mas não no papel principal, de gênia, e sim como a namorada do ‘amo’. Nesse filme, dirigido por Harry Keller, o gênio é um homem, e a “garrafa” parece mais um vaso. 😄 😄
         A estreia de ‘Jeannie é um gênio’ na TV nos Estados Unidos foi no dia 18 de setembro de 1965, e a primeira temporada ainda foi em preto e branco, anos mais tarde colorizada em computador. E, desde então, ela é lembrada por aqueles que pegaram essa época, a partir da sua transmissão no Brasil, em 1966, ou, pelos que, como eu, puderam ver, anos depois, pelas reprises.


 
 

     A estória começa quando o foguete pilotado pelo capitão Anthony Nelson apresenta problemas e ele precisa saltar de paraquedas em uma ilha do Oceano Pacífico, onde encontra na areia uma garrafa. Após esfregá-la e abri-la, saiu de dentro dela uma gênia, a Jeannie. Curioso é que o capitão passa a chamá-la de Jeannie do nada, já que, inicialmente, ela não falava o seu idioma, nem lhe disse o nome (assista ao primeiro episódio, mais abaixo).
Em “A Feiticeira”, tinha uma bruxa; e em “Jeannie”, uma gênia. Duas mulheres com poderes para transformar em realidade o que quisessem, e os homens a quem amavam precisassem. Agradecida por ter sido libertada após mais de dois mil anos presa na garrafa por ter se recusado a casar com Blue Djinn, um poderoso gênio, ela piscou e um helicóptero de resgate apareceu no céu.
Jeannie se ofereceu para atender a todos os pedidos de Tony, e servi-lo como seu ‘amo’, mas ele preferiu libertá-la, por achar que não poderia explicar às pessoas como ela surgiu em sua vida. Além disso, nos primeiros episódios, ele estava noivo de Melissa (Karen Sharpe), filha do general Stone (Philip Ober), e iria casar em poucos dias. Jeannie, no entanto, entrou em sua garrafa e fez com que ela ficasse escondida entre os pertences do capitão, indo para sua casa, na Praia dos Cocos, na Flórida. Assista ao primeiro episódio da série, na íntegra, mais abaixo.
A gênia passou a morar na casa de Tony Nelson, procurando atender a todas as suas vontades, ou o que ela acreditava serem suas vontades, bastava ela piscar. Na maioria das vezes, a gênia decidia ela mesma o que era melhor para o seu amo, mesmo sem ele pedir, colocando-o muitas vezes em grandes confusões. Ciumenta, para impedir que o seu amo casasse, Jeannie sugestionou um antigo namorado de sua noiva que estava apaixonado por ela, e os dois resolveram se casar. Tony, no fundo, não se importou, porque percebeu já estar gostando de sua gênia.
  




        O capitão Anthony Nelson era um piloto da Força Aérea dos Estados Unidos, e astronauta da agência espacial NASA. A corrida ao espaço era um tema bastante atual na década de 1960, e estimulava muito interesse nos EUA. Aquele país disputava com a antiga União Soviética quem iria levar um homem à Lua, o que viria ocorrer alguns anos após a estreia da série.
         Muito correto, Tony não queria conseguir vantagens pessoais por ter uma gênia, eu até entendo e concordo. Mas, quem é que tem uma gênia e não usa isso a favor do que é certo? Tem muita coisa que uma gênia pode fazer sem ser antiético, inclusive para outras pessoas. Mas, apesar de ter uma linda gênia em casa, ele queria apenas uma amizade platônica com ela. E estava sempre reclamando, nunca lhe dava atenção, mantendo-a sempre em casa, sem sair com ela. Eu é que não tenho essa sorte... 😄 😄😄 😄
Os atores principais de ‘Jeannie é um gênio’ são Larry Hagman (1931-2012) e Barbara Eden, que, segundo a própria atriz conta, foi escolhida pelo próprio criador da série, Sidney Sheldon, sem sequer ter feito um teste. As outras atrizes que disputavam o papel eram morenas, altas, com um padrão de misses, segundo Barbara, que completará 89 anos mês que vem.
Quando começou a gravar a primeira temporada, a atriz estava grávida do seu único filho, Matthew Ansara, que nasceu poucas semanas antes do primeiro episódio ir ao ar nos Estados Unidos. Mas, no episódio de estreia (abaixo) pode-se ver Barbara bem magra (talvez tenham gravado com muita antecedência). O pai era o ator Michael Ansara, que chegou a participar de dois episódios da série como ator, e a dirigir um. O filho faleceu em 2001, aos 35 anos, vítima de uma overdose de drogas. Barbara Eden teve outros dois casamentos: Charles Donald Fegert e, desde 1991, com o atual marido, John Eicholtz.


 

Barbara Eden ainda interpretou outros dois personagens no seriado. A irmã mais velha, de mesmo nome, uma gêmea invejosa e que estava sempre querendo tomar o seu amo para casar com ela e fazê-lo seu escravo. O curioso é que, por mais que a irmã fazia, mentia e enganava, Jeannie sempre confiava nela, com muita ingenuidade. Quando estavam juntas na mesma cena, era usada uma dublê. E Eden também chegou a fazer o papel da mãe de Jeannie. Curiosamente, depois o papel foi interpretado pela atriz Lurene Tuttle, ainda na primeira temporada.
O maior amigo do capitão Anthony Nelson era o colega de farda Roger Healey, interpretado por Bill Daily (1927-2018). É um solteirão atrapalhado, ganancioso, metido a conquistador, e que não podia ver uma mulher bonita. Hoje em dia, o comportamento machista dele não seria muito bem visto, já que ele se orgulhava de suas conquistas, e era muito direto nas ‘cantadas’, abusado mesmo.  
Healey era o único a saber que Jeannie era uma gênia, e ajudava a manter o segredo, apesar de seu desejo de tê-la como sua, para torná-lo rico, e cheio de mulheres. O curioso é que demorou para ele conhecer Jeannie, o que só aconteceu no 12º episódio da primeira temporada, quando ele se ‘apaixona’ por ela. E apenas no 17º ele descobre que ela era uma gênia. Os dois são promovidos a major no episódio 23 da mesma temporada.
O coronel Alfred Bellows é o psiquiatra da NASA, personagem de Hayden Rorke (1910-1987). Ele passou as cinco temporadas sendo atormentado pelas incríveis situações em que flagrou Anthony Nelson, mas nunca conseguia provar nada ao general. Uma vez ele viu nevar somente em cima da casa de Tony, em plena Flórida, onde as temperaturas costumam ser elevadas.
  
 
 

E viu também um elefante na sala; em outra foi o carro de Tony que se locomovia sem motorista; objetos também voavam, e teve muitas outras situações hilárias. É bem verdade que o doutor Bellows entrava na casa do major com a maior liberdade, sem bater, esperava o quê? 😄😄 Apesar do bom relacionamento entre eles, o doutor Bellows acabava sempre desacreditado, como louco, tentando provar o que somente ele via.
Em 26 de maio de 1970, foi ao ar o último episódio inédito de ‘Jeannie é um gênio’ nos Estados Unidos. Muitos consideram que a razão do fim do seriado teria sido o casamento de Anthony Nelson e sua gênia, o que teria tirado muito do interesse do público. Eu penso que em ‘A feiticeira’, por exemplo, o seriado sempre mostrou a bruxa casada com James Stephens, e nem por isso deixou de fazer sucesso.
Larry Hagman ainda viria protagonizar outra série de sucesso mundial, ‘Dallas’, a partir de 1978, interpretando o vilão J.R. Ewing. Em 1995, ele precisou realizar um transplante de fígado devido a uma cirrose, que, segundo o ator, foi causada pelo seu vício em álcool, adquirido durante as gravações de ‘Jeannie é um gênio’. Barbara Eden tem filmes e outras participações em séries em seu currículo, mas, com certeza, Jeannie é o seu personagem mais marcante. Os dois trabalharam juntos também no filme ‘Uivos no silêncio da noite’, de 1971.
Curiosamente, a linda garrafa onde Jeannie foi aprisionada, e onde entrava para dormir ou quando o seu amo pedia que se escondesse de visitas não seria cenográfica. Ela teria sido escolhida pelo próprio Sidney Sheldon, e era uma garrafa de licor, da marca Jim Beam, com uma pintura especial. E nas cenas em que Barbara Eden aparece dentro da garrafa, ela está dentro de uma reprodução gigante (ver imagem nº 15).
  

A abertura da primeira temporada usava uma narração ao fundo, de apresentação:
“Diferente, divertido, surpreendente. Um programa verdadeiramente genial. A garota desse programa é um sonho, é um espetáculo, é muito viva. ‘Jeannie é um gênio’! Estrelando Barbara Eden, um provocante gênio das 1001 noites. E Larry Hagman, como seu amo e senhor. A Screen Gems orgulha-se em apresentar mais um original programa de ‘Jeannie é um gênio’. Versão brasileira da Arte Industrial Cinematográfica, São Paulo.”
Somente a partir da segunda temporada passaram a usar a abertura que se tornou clássica. Excluíram a narração, refizeram a animação e trocaram a música de Richard Wess pela de Hugo Montenegro e Buddy Kaye. O resultado ficou ótimo, tanto que a música tornou-se uma das marcas da série. Faça a comparação, assistindo aos vídeos abaixo.
A direção do seriado tem uma característica interessante. Eu contei 18 diretores diferentes nos 139 episódios das cinco temporadas, incluindo até mesmo o ator Larry Hagman, que dirigiu três episódios. Os dois com maior número de episódios dirigidos são Hal Cooper, com 57, e Claudio Guzman, com 49, o que, somados, representa 76% da série toda. Gene Nelson dirigiu os dois primeiros episódios da série; e Claudio Guzman o último exibido pela TV dos Estados Unidos.
Registro mais algumas curiosidades que eu notei assistindo aos episódios, como a data de nascimento de Jeannie. Na segunda temporada, o major Healey fez uma pesquisa, em segredo, em um moderno computador adquirido pela NASA. Utilizando as informações históricas passadas pela gênia, descobriu que ela nasceu em 1º de abril de 64 a.C.. Jeannie já tinha servido a outros senhores, antes do major Nelson. E tinha outras irmãs, todas com o mesmo nome.
O maior desejo de Jeannie era casar com o seu amo, o que só veio ocorrer no episódio 124, na última temporada. O seriado tem muitas passagens de comédia pastelão, principalmente com Larry Hagman, que se joga no chão, dá cambalhotas e passa por muitas outras confusões. O comportamento dos personagens é próprio da década de 1960, em que os homens tinham um emprego e as mulheres casadas cuidavam da casa. Não era costume se usar cinto de segurança nos carros.
Um gênio não tinha poderes para desfazer o que outro fazia. O mesmo acontecia na série ‘A Feiticeira’, da qual eu já escrevi aqui, no blog; um feiticeiro não podia alterar o feitiço de outro. No episódio 110, na quarta temporada, os majores Nelson e Healey viajaram ao redor da Lua, na Apolo 14;  e no 113, eles retornaram com sucesso da missão da Apolo 15. Os dois voos espaciais somente viriam ocorrer, realmente, em 1971, após o fim da série, sendo que no segundo ocorreu um pouso na Lua. Os episódios dublados no Brasil não tinham as tradicionais risadas ao fundo, como nos originais.
No episódio 137, da quinta temporada, o doutor Bellows precisou passar a noite na casa de Tony e Jeannie, devido a um furacão. Ao descer para a sala, o médico flagrou Jeannie piscando e fazendo mais uma de suas magias, e decidiu pedir demissão, internando-se para tratamento. O major Nelson, por sua vez, prometeu deixar a NASA e sair da Flórida, com Jeannie, indo morar onde ninguém os conhecesse.
Mas, no fim do episódio, Tony acordou e descobrimos que tudo não passou de um pesadelo! 😵 😵 😵 Eu não gostei, podiam ter criado uma estória bem melhor. Após o fim do seriado, foi feito um desenho para a TV, e dois filmes (leia mais abaixo). Quem assistiu ‘Jeannie é um gênio’, deve ter gostado de relembrar esse tempo, fique à vontade para comentar. fr

Um comentário:

Anônimo disse...

Também não gostei do final do episódio que o Dr Bellos descobre que Jeannie é um gênio e era apenas um sonho do major Nelson. Seria legal se tivesse continuado a série e o dr Bellos fosse um aliado do trio (Jeannie,Nelson e Roger) e que ajudasse nas peripersias de esconder Jeannie.Foi uma série de infância ,onde minha família e eu nos nos reunia-mos na sala pra assistir. Um tempo bom onde só havia a mais genuína imaginação de criança. Muito bom aos 52 anos rever a série, pena que eu não tenha mais vivos alguns membros da minha família, assim como muitos atores da série que também já faleceram.