1822: Como um homem
sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram D. Pedro a
criar o Brasil – um país que tinha tudo para dar errado, Laurentino Gomes,
Rio de Janeiro, editora Nova Fronteira, 2010, 352 páginas.
Prêmio Jabuti de livro do ano de 'não-ficção', em 2011. No
segundo livro da trilogia, o autor analisa os momentos que antecederam o
rompimento do Brasil com a metrópole, resultado de forte pressão portuguesa,
que desejava que o Brasil voltasse à condição de colônia. À época, fazíamos
parte do Reino Unido a Portugal e Algarves. O período de consolidação da
independência do novo país foi difícil, com combates durante quase dois anos entre
tropas do governo e portugueses, inconformados com a independência. Entre dois
a três mil pessoas morreram.
As dificuldades eram muitas. A maioria da população era
constituída de escravos, negros alforriados, mulatos, índios ou mestiços; pobre
e analfabeta. Os riscos de uma revolta e de uma guerra civil e a consequente
separação territorial eram grandes. As finanças estavam desfalcadas. Ao
retornar a Portugal, D. João VI esvaziou os cofres do Banco do Brasil, e levou
também o ouro, diamantes outras pedras preciosas do Tesouro. E para conseguir o
reconhecimento da independência, ainda pagamos uma quantia a título de
"indenização" a Portugal, em grande parte usada para que os
portugueses pagassem suas dívidas com a Inglaterra.
Primeiro imperador do Brasil, D. Pedro I tinha um
temperamento difícil, autoritário. Em um casamento arranjado, casou-se com
Maria Leopoldina, uma mulher culta e preparada, mas a quem considerava feia
demais, e com quem teve sete filhos, incluindo o seu futuro sucessor, D. Pedro
II. Infeliz no casamento, e constantemente desrespeitada pelo marido, que tinha
várias amantes (a mais conhecida a Marquesa de Santos) e não as escondia, ela
faleceu muito jovem, às vésperas de completar 30 anos de idade. Sua segunda
esposa, Amélia Augusta, com quem casou três anos depois, era jovem e bonita.
Outros personagens importantes do livro são José Bonifácio,
considerado o patriarca da independência, e o escocês almirante Cochrane, um
mercenário que foi contratado para lutar nas guerras do Brasil, Chile e do
Peru, em troca de muito dinheiro. D. Pedro I abdicou do seu trono em 1831 em
favor do filho, o príncipe Pedro de Alcântara, de apenas cinco anos, e foi para
Portugal lutar com o irmão, D. Miguel I, pelo trono português, no que viria a
ser "a mais longa e cruel guerra civil" da história portuguesa. Vitorioso,
assumiu como Pedro IV, recolocou a filha no trono como rainha de Portugal, a
carioca D. Maria II, que viria a reinar por quase duas décadas. Ele veio a
falecer em 1834, no mesmo quarto em que nasceu, no Palácio
Real de Queluz, em Lisboa. No Brasil, o imperador D. Pedro II estava apenas no
começo de sua longa gestão, e que durou até a proclamação da República, tema do
último livro da trilogia de Laurentino Gomes. fr

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