
O Caso dos Dez Negrinhos, Agatha Christie, tradução de Leonel
Vallandro, São Paulo, Abril Cultural, 1981, 202 páginas.
Li e gostei muito do livro. Dez pessoas que
não se conhecem são convencidas a ir para uma mansão localizada na Ilha do
Negro, recentemente vendida para um misterioso milionário. Algumas recebem um
convite para se hospedarem no local imaginando ser de uma pessoa conhecida, a
quem não veem há anos; outras são contratadas através de uma excelente proposta
de trabalho. Todas têm em comum um acontecimento nebuloso em seu passado: um
juiz aposentado; uma secretária, contratada para um serviço de férias; e um
capitão, pago por uma semana de trabalho, no máximo. Além destes, uma senhora,
de 65 anos; um general; um médico, contratado para examinar a esposa do
proprietário; um ex-inspetor da Scotland Yard; um jovem playboy; e o casal
contratado para atender aos convidados.
Ao chegarem, são surpreendidos pela ausência
dos anfitriões, e por uma mensagem gravada que acusa a todos de terem cometido
crimes pelos quais não foram punidos. E o pior: seriam julgados naquela ilha.
Isolados e sem terem como se comunicar com o continente ou sair do local, o
medo e a desconfiança começam a dominá-los quando passam a ser mortos, um a um.
A partir daí, todos são suspeitos e desconfiam uns dos outros, mas o verdadeiro
assassino somente é revelado nas últimas páginas do livro. Uma das hóspedes
encontrou em seu quarto uma estória infantil que lhe fez lembrar dos tempos de
criança, mas que escondia, na realidade, uma antecipação trágica do que estava
para acontecer:
“Dez negrinhos vão jantar enquanto não chove;
Um deles se engasgou e então ficaram nove.Nove negrinhos sem dormir: não é biscoito!
Um deles cai no sono, e então ficaram oito.
Oito negrinhos vão a Devon de charrete:
Um não quis mais voltar, e então ficaram sete.
Sete negrinhos vão rachar lenha, mas eis
Que um deles se corta, e então ficaram seis.
Seis negrinhos de uma colmeia fazem brinco;
A um pica uma abelha, e então ficaram cinco.
Cinco negrinhos no foro, a tomar os ares;
Um ali foi julgado, e então ficaram dois pares.
Quatro negrinhos no mar; a um tragou de vez
O arenque defumado, e então ficaram três.
Três negrinhos passeando no Zoo. E depois?
O urso abraçou um, e então ficaram dois.
Dois negrinhos brincando ao sol, sem medo algum.
Um deles se queimou, e então ficou só um.
Um negrinho aqui está a sós, apenas um;
Ele então se enforcou, e não ficou nenhum."
O título do livro acabou sendo alterado nas
edições mais recentes devido a críticas por conta de racismo. Ele pode ser
encontrado também com o título “E Não Sobrou Nenhum”, péssima escolha, porque
acaba induzindo os leitores para o final da estória. Esta obra de Agatha
Christie tem sido adaptada para o cinema, TV e o teatro no mundo todo. Boa
leitura! fr
Nenhum comentário:
Postar um comentário