
“Ressurreição”, Machado de Assis, São Paulo, Editora
Globo, 1997, ‘Obras Completas de Machado de Assis’, 118 páginas
Eu terminei de ler o último dos romances de
Machado de Assis que faltava, e, com esta postagem, terei publicado comentários
sobre todas essas leituras. Além desses dez romances que Machado publicou, ele escreveu
também 215 contos, dez peças teatrais, cinco coletâneas de poemas e sonetos e
mais de 600 crônicas. “Ressurreição” é o primeiro romance do autor,
publicado em 1872, e pertence, portanto, à primeira fase de sua produção
literária, a chamada fase romântica, ou de amadurecimento.
Félix, médico de 36 anos, era “um rapaz vadio
e desambicioso” que recebera quando mais jovem uma herança que lhe trouxe
estabilidade financeira. Apesar de não ser propriamente bonito, mantinha
relacionamentos amorosos curtos, de não mais de seis meses, nunca desejando
compromissos mais sérios. Com Lívia, uma jovem viúva, mãe de um filho pequeno,
porém, acabou apaixonando-se. A partir daí teve início um relacionamento
difícil entre os dois, por conta do grande ciúme e desconfiança de Félix. Chegaram
a marcar a data do casamento, mas uma carta anônima enviada ao noivo alertando
para uma possível traição fez com que ele terminasse o relacionamento.
Depois, arrependido por acreditar em
suspeitas baseadas em maledicências, Félix pediu
desculpas e tentou reatar, mas Lívia já não aceitou mais. Ela lhe disse que
ainda o amava, mas os dois nunca poderiam ser felizes porque sempre haveriam
novas dúvidas, novas inseguranças e o relacionamento deles não sobreviveria.
Segundo o narrador do livro, que o narrava em primeira pessoa, Félix era o tipo
de homens que “perdem o bem pelo receio de o buscar”, e nunca saberia aceitar a
felicidade por estar sempre duvidando dela.
Félix acabou por esquecer o amor que dizia ter por Lívia, e até
por considerar ter sido melhor não ter casado. Lívia, por sua vez, passou a
dedicar-se exclusivamente ao filho, tornando-se reclusa em sua casa. O livro
relata, enfim, a estória de um relacionamento abusivo, em que um dos envolvidos
é extremamente ciumento e possessivo. Como se vê, não é uma situação nova, comum
somente ao século 21. fr
Nenhum comentário:
Postar um comentário