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quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Em jogo da Libertadores de 1981, árbitro carioca expulsa 5 do Atlético Mineiro para o Flamengo se classificar


          É discussão comum na mesa de bar ou similares, em qualquer lugar do mundo, falar que o seu time foi roubado pelo árbitro. Discussão que gera debates acalorados e sempre sem chegar a uma conclusão que agrade a todos. Mas se tem um jogo que parece ter se aproximado mais do consenso, este é o polêmico jogo de 21 de agosto de 1981, há exatos 38 anos, pelo grupo 3 da fase de grupos da Copa Libertadores da América daquele ano.
 
O Flamengo desclassificou o Atlético Mineiro, e foi para a semifinal, acabando depois sendo campeão. Os clubes paraguaios Olimpia e Cerro Porteño também faziam parte do mesmo grupo. Ainda em 1981, o Flamengo disputou e venceu em jogo único no Japão, o Liverpool, e foi campeão da Copa Toyota, também chamada Intercontinental de clubes, que nem existe mais. A mesma que os flamenguistas querem chamar de “Mundial”. 😄 😄 😄    
          O jornal inglês “The Guardian”, um dos mais respeitados e tradicionais do mundo, em coluna semanal em que responde perguntas de seus leitores, em março de 2017 analisou o jogo. E citando o livro "Club Soccer 101", de Luke Dempsey, qualificou o que aconteceu aquele dia como “uma farsa”.
          Para quem não conhece a história, vou relembrar. O jogo foi realizado no estádio de Serra Dourada, em Goiânia, estádio neutro. Estava sendo decidido quem passaria à semifinal da competição, já que Flamengo e Atlético Mineiro terminaram a fase empatados com 8 pontos. Os dois primeiros jogos entre eles terminaram empatados em 2x2. O primeiro jogo foi em 3 de julho, no Mineirão, e o segundo em 7 de agosto, no Maracanã.

A polêmica começou logo antes do apito inicial. O árbitro do jogo, o carioca José Roberto Wright (foto), viajou para Goiânia no mesmo avião do Flamengo. E, pior, hospedou-se no mesmo hotel do clube do Rio de Janeiro. Logo aos 10 minutos do primeiro tempo, Wright deu cartão vermelho a Reinaldo, principal jogador do clube mineiro, em uma falta considerada normal que ele fez em Zico. Logo depois, foi a vez de Éder a ser expulso.
Além dessas duas expulsões, quatro outros jogadores do Atlético já tinham recebido cartão amarelo nos 30 primeiros minutos do primeiro tempo. Aos 34 minutos, Wright expulsou, então, mais dois do Atlético Mineiro: Palhinha e Chicão. A partir daí uma confusão generalizada se instalou no campo, com a invasão dos dirigentes atleticanos, da imprensa e a presença da polícia, e o jogo teve que ser paralisado.
Wright expulsou também todos os reservas do Atlético Mineiro. Uma confusão mesmo! Após o jogo ter sido reiniciado, os jogadores de Minas estavam revoltados, e começaram a cair em campo. Osmar Guarnelli foi o quinto expulso. Depois disso, o árbitro encerrou o jogo, ainda aos 37 minutos do primeiro tempo, já que só restaram seis jogadores do lado do Atlético Mineiro, e nenhum reserva para substituir qualquer eventual contundido.
Mas, mesmo com o adversário sendo enfraquecido com a expulsão de seus jogadores, o Flamengo não conseguiu fazer nenhum gol, e o jogo terminou empatado em 0x0. Apesar de toda a confusão, e o descontrole visível do árbitro José Roberto Wright, o clube carioca foi declarado vencedor pela Conmebol, passando à próxima fase da Libertadores.
Telê Santana, treinador da seleção brasileira nos Mundiais de 1982 e 1986, foi comentarista convidado da TV Globo neste jogo, e afirmou que José Roberto Wright estava extremamente nervoso, e foi o responsável por estragar a decisão. Este jogo, então, passou a ser apontado como o maior roubo do futebol brasileiro, e um dos maiores do futebol mundial. Muitos torcedores espalhados pelo Brasil costumam rir, e chamar, de forma irônica, a Libertadores de 1981 de “Copa Wright”. Ou então dizer que ele foi o grande destaque do time do Flamengo daquela competição.
Em dezembro do mesmo ano, o Flamengo disputou no Japão um único jogo com o Liverpool, da Inglaterra. Venceu por 3x0, e foi campeão da Copa Toyota, empresa patrocinadora do torneio. Por pressão da UEFA e da Conmebol, a FIFA resolveu, em 2017, reconhecer os vencedores da extinta Copa Toyota como “campeões mundiais”. Mesmo a Copa Toyota sendo disputada em um único jogo; com a presença apenas de duas seleções, da Europa e da América do Sul.
           Enfim, pode até ter sido reconhecida pela FIFA para pôr fim às pressões que sofria, mas a Copa Toyota não chega a ter o mesmo reconhecimento pelo grande público, como um Mundial organizado pela FIFA e com a participação das melhores seleções de todos os continentes. E especificamente em 1981, por causa da maneira como o Flamengo conseguiu a classificação para a semifinal da Libertadores. Não dá para relevar tudo isso. Paixões à parte, é evidente que aquele jogo de agosto de 1981 ficou como uma mancha na campanha rubro-negra. fr 

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