O
Botafogo tem o estádio Nilton Santos, que é arrendado à prefeitura do Rio de
Janeiro. Mas, o clube já teve um estádio próprio. Era o estádio que ficava na própria
sede de General Severiano, e que tinha justamente este nome. Ele foi construído
em 1912, e o seu primeiro jogo oficial ocorreu no ano seguinte, no dia 13 de
maio, com a vitória alvinegra sobre o Flamengo por 1x0, gol de Mimi Sodré, pelo
Campeonato Carioca. O casarão da sede, onde fica a tradicional sala de troféus
do clube, foi inaugurado em 1928.
Em
1938, o estádio foi ampliado, passando a ter uma arquibancada de cimento, e no
jogo amistoso de reinauguração, o Botafogo venceu o Fluminense por 3x2. (Coincidentemente,
o Botafogo venceu também o Fluminense no jogo de inauguração do Estádio Nilton
Santos, à época ainda chamado de João Havelange, em 2007, por 2x1, dessa vez
pelo Campeonato Brasileiro.)

Até
a construção do Maracanã, o Botafogo jogava muito no estádio de General
Severiano. O Botafogo foi campeão carioca duas vezes em seu estádio. Em 1934,
vencendo o Andarahy, por 2x1. E em 1948, com o estádio com sua lotação máxima
de 20 mil lugares totalmente ocupado, vencendo o Vasco da Gama por 3x1. Por
General Severiano passaram vários craques botafoguenses. E foi lá que Garrincha
treinou pela primeira vez, em 1953.
Em
1976, na gestão do então presidente do clube Charles Borer, o terreno da sede
foi vendido para a Companhia Vale do Rio Doce, por conta da enorme dívida que o
clube tinha com a União. (Uma curiosidade: o irmão do presidente Charles Borer,
Cecil Borer, foi policial e é citado no livro “Cidade Partida”, de Zuenir
Ventura, como tendo sido “símbolo da tortura” na primeira fase do golpe militar
de 1964.) A dívida do Botafogo no início daquele ano era superior a 48,6
milhões de cruzeiros (uma situação bem parecida com a de 2019!, só que em reais).
Em matéria de 1977, a revista 'Placar' detalhava a situação:
“Após
avaliação do terreno pela Bolsa de Imóveis do Rio, o Botafogo vendeu sua área
de 18.752m² no quarteirão das ruas General Severiano e Venceslau Brás e Avenida
Lauro Müller à Vale do Rio Doce por 90 milhões de cruzeiros. Desse total, 58,4
milhões foram pagos em dinheiro, enquanto 31,6 milhões foram representados por
quatro pavimentos num imóvel no centro da cidade, o edifício Clube da
Aeronáutica, com 16 vagas na garagem (após a transação, o Botafogo alugou os
quatro andares à própria Vale, obtendo assim uma receita mensal de 316 mil
cruzeiros). Dos 58,4 milhões em dinheiro, porém, o clube só pôde ficar com uma
parte, pois 48,6 milhões foram no mesmo ato transferidos à Caixa Econômica
Federal.”
O estádio General Severiano foi demolido. O casarão somente não foi abaixo para a construção da nova sede da Vale do Rio Doce por conta da mobilização de torcedores. Eles conseguiram o tombamento do prédio no Patrimônio Histórico e Artístico da Secretaria do Município do Rio de Janeiro, através da lei nº 477, de 15/12/1983. O Botafogo passou a treinar e jogar em um estádio em Marechal Hermes, e depois no Estádio de Caio Martins, em Niterói. E a área administrativa e a diretoria se mudaram para o Mourisco Pasteur e, depois, para o Mourisco Mar, de sua propriedade, também no bairro de Botafogo.
O estádio General Severiano foi demolido. O casarão somente não foi abaixo para a construção da nova sede da Vale do Rio Doce por conta da mobilização de torcedores. Eles conseguiram o tombamento do prédio no Patrimônio Histórico e Artístico da Secretaria do Município do Rio de Janeiro, através da lei nº 477, de 15/12/1983. O Botafogo passou a treinar e jogar em um estádio em Marechal Hermes, e depois no Estádio de Caio Martins, em Niterói. E a área administrativa e a diretoria se mudaram para o Mourisco Pasteur e, depois, para o Mourisco Mar, de sua propriedade, também no bairro de Botafogo.
O
Botafogo somente conseguiu voltar a General Severiano em 1994, graças à sua troca
com a Companhia Vale do Rio Doce pela área do seu ginásio coberto no Mourisco, na Praia de Botafogo.
Mas, o antigo estádio ficou apenas nos registros históricos e nas lembranças
dos mais idosos. No ano seguinte, o clube inaugurou um complexo esportivo, com
o casarão reformado e novamente como sede administrativa.
Foram construídos um campo de futebol para treinamento, três piscinas sociais e uma semi-olímpica, um ginásio para 1.500 pessoas, quatro quadras poliesportivas e um hotel-concentração para os atletas. Em 2004, o clube reformou e ampliou o espaço, inaugurando o Centro de Treinamento João Saldanha. Eu já estive em General Severiano algumas vezes, mas pretendo arrumar um tempo para voltar lá e publicar fotos aqui no meu blog. (Fontes de referência: página oficial do Botafogo; Wikipédia; e revista ‘Placar’ nº 354, 4/02/1977, p. 19 a 21, Maurício Azedo, “A luta por uma relíquia. O Botafogo perde o campo. Mas pela sede há uma guerra”.) fr
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