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domingo, 4 de outubro de 2020

Anne Frank registrou em seu diário os anos de sobrevivência ao nazismo

        Em setembro, eu assisti a dois filmes baseados no livro “O Diário de Anne Frank”, que mostra os sentimentos da adolescente alemã judia de mesmo nome em seu diário durante o nazismo e a Segunda Guerra Mundial. Os dois têm o mesmo título do livro, em português. Um é estadunidense, de 1959, e em preto e branco, eu já tinha assistido há algum tempo. Outro é bem mais recente, de 2016, e é alemão. Eu registro aqui, no blog, alguns comentários meus sobre os dois. E, claro, indico ambos. Escrever sobre o assunto reforçou o meu desejo de ler o livro. 
        Antes, é importante orientar aqueles que não conhecem a história. Amsterdã, Holanda ocupada pelos nazistas, 1942, para onde Anne Frank, então com 13 anos, e sua família, todos alemães e judeus, foram morar anos antes, devido à crise econômica e ao radicalismo de Hitler na Alemanha. Eles não conseguiram sair da Holanda para fugir da crescente perseguição aos judeus na Europa. Além de Anne, a família era composta pelos pais (Otto e Edith) e a irmã (Margot), poucos anos mais velha.
 

        A irmã de Anne, Margot, foi convocada para um dos campos de trabalhos na Holanda. Desesperado, Otto decidiu se esconder, para não entregar a filha aos nazistas. Ajudados por um casal amigo, Hermine ‘Miep’ Gies e Jan Gies, passaram a morar em um sótão de um imóvel, onde funcionava uma pequena fábrica, atrás de uma porta escondida por uma estante. 
        Mais à frente, eles receberam outra família no local, os Van Pels (ou Van Daan, como anotado no diário), um casal e o filho também adolescente, com o seu gato; e, depois, ainda um outro adulto, o dentista Fritz Pfeffer, descrito no diário pelo pseudônimo Albert Dussell. Todos judeus fugindo da perseguição. O espaço, já reduzido, tornou-se ainda mais apertado, e a comida mais controlada. 
        No dia de seu aniversário de 13 anos, Anne ganhara do pai um livro de autógrafos, que ela passou a usar como diário, anotando acontecimentos e seus comentários. Ela considerava não ter amigas, apenas colegas, e passou a tratar o seu diário como um amigo de verdade, a quem podia falar sobre tudo, e deu a ele o nome de ‘Kitty’. 
        No esconderijo, ela escreveu o que acabou sendo a mais conhecida história de uma família judia durante a Segunda Guerra Mundial. Ela registrava o que acontecia no sótão, que ela chamava de ‘anexo secreto’, e registrava os seus sentimentos e opiniões. As páginas do diário ficaram todas preenchidas, e Anne teve que usar outras folhas avulsas e cadernos que pedia a ‘Miep’. 
        As oito pessoas tiveram que dividir o pequeno espaço, sem poder fazer barulho durante o expediente dos trabalhadores, nem ir à janela, para não serem vistos pelos vizinhos. Tinham que evitar serem vistos ou ouvidos, a fim de não serem denunciados às autoridades. Com o tempo, a convivência entre elas, em situação tão adversa e tensa, demonstrou-se muitas vezes muito difícil. 
      Além da diferença de personalidades, a necessidade de sobrevivência fez surgir conflitos entre elas. Anne Frank era uma adolescente em uma fase de descoberta da sexualidade, de afirmação e contestação, o que também criou atritos entre ela e os adultos. O seu jeito rebelde e sem medo de responder às pessoas incomodava. 
     Foram pouco mais de dois anos escondidos, sobrevivendo dia a dia, e suportando o medo de serem descobertos pela Gestapo e enviados a campos de trabalhos forçados. À época, eram como a maioria conhecia os campos de concentração nazistas. Aquelas pessoas precisaram abrir mão de suas antigas vidas e passaram a ter que conviver em um espaço reduzido, sem privacidade ou conforto, e tendo que dividir o pouco que tinham. 
        Em agosto de 1944, os nazistas invadiram o prédio e levaram Anne e todos os outros. Acredita-se que um dos empregados da fábrica fez a denúncia, após ter ouvido barulhos suspeitos vindo do sótão. Todos foram enviados a campos de concentração, e o único a sobreviver foi Otto Frank. Anne Frank morreu no campo de concentração de Bargen-Belsen, na Alemanha, em fevereiro de 1945, aos 15 anos. 


       O diário foi entregue a seu pai por Hermine ‘Miep’ Gies, que o tinha encontrado e guardado após a prisão de sua família. Otto Frank o publicou em 1947, e, desde então, o livro já foi traduzido para dezenas de idiomas em diversos países. Foi também considerado como patrimônio da humanidade pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). O pai de Anne morreu em 19 de agosto de 1980, aos 91 anos. 
       Anne escreveu em seu diário a intenção de publicá-lo, após a guerra terminar, e de se tornar uma escritora de sucesso. Infelizmente, não conseguiu viver para ver o seu desejo realizado. O diário teve início no dia do seu aniversário, em 12 de junho de 1942, quando ela começou a escrevê-lo, e sua última anotação foi no dia 1º de agosto de 1944, dias antes de sua prisão. 
       A autenticidade do diário chegou a ser contestada, e a acusação era que o pai de Anne Frank teria censurado algumas partes e inserido outras, não escritas pela filha. Houve uma investigação, que acabou por confirmar a sua autenticidade, em 2007. O imóvel onde Anne e os outros se esconderam é, atualmente, um museu, a ‘Casa de Anne Frank’, onde está o original do diário. (Fonte de referência: Wikipédia.)  fr

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