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sábado, 26 de dezembro de 2020

Praça da Bandeira

     A Praça da Bandeira foi onde eu trabalhei pela primeira vez, com carteira assinada, em um banco privado, o Bradesco, por pouco mais de dois anos. O local fica entre a Zona Norte e o Centro. De acordo com minha pesquisa, a bandeira do Brasil foi hasteada naquela praça pela primeira vez em 19 de novembro de 1889. Porém, é preciso lembrar que a atual bandeira nacional foi oficializada justamente nesse dia.
     A região passou a crescer, com a construção de casas, a partir dos anos 1920, e, mais tarde, de prédios, beneficiando-se da reforma urbana iniciada na gestão do prefeito do Distrito Federal, Pereira Passos, em 1902-1906. Com o tempo, a praça deu o nome ao bairro, criado em 1981, emancipado do bairro do Maracanã. 
     A localidade é muito conhecida também pelas enchentes, principalmente durante as chuvas de Verão. Eu mesmo fiquei preso por lá em uma dessas enchentes, e tive que dormir na agência, em cima de uma das mesas. Lembro que foi em uma sexta-feira, e, de dentro da agência, podia ver até carros boiando pela Rua Mariz e Barros. Só consegui sair no dia seguinte, e todo o entorno estava coberto de lama.
     Em 29 de dezembro de 2013, o então prefeito Eduardo Paes, eleito este ano para voltar ao cargo, no que será sua terceira gestão, inaugurou um reservatório de água pluviais, mais conhecido como “Piscinão”, com 20 metros de profundidade, e 35 de diâmetro. Ele foi construído abaixo da Praça da Bandeira, e tem o objetivo de acumular a água das chuvas desviadas das galerias pluviais, a fim de evitar o transbordamento dos rios próximos e, consequentemente, enchentes. 
     A capacidade do reservatório é de 18 milhões de litros de água, que é liberada depois, à medida que os rios vão baixando. O objetivo, de acordo com a prefeitura à época, não é impedir, mas diminuir a ocorrência de enchentes, o que o reservatório vem conseguindo, ao longo dos anos. Mas, em 2016, fortes chuvas superaram sua capacidade, e ocorreu uma enchente no bairro. Outros três reservatórios foram construídos em bairros próximos; além do desvio de parte do curso do rio Joana, diretamente para a Baía da Guanabara, concluído em 2019.
     Após a conclusão do reservatório, a Praça da Bandeira ainda permaneceu mais de um ano em obras, para a sua reurbanização. Em 7 de fevereiro de 2015, o prefeito reinaugurou a praça, com novos bancos, brinquedos para crianças, canteiro arborizado, espaço para idosos fazerem exercícios e caminhar e uma pista para patinação (veja as minha fotos, abaixo).


     O que, evidentemente, muita gente não sabe é que durante muitos anos, funcionou na atual Praça da Bandeira o ‘Matadouro’ Público do Distrito Federal, e, por isso, a região era conhecida então como ‘Largo do Matadouro’. Instalado em 1853, no local, a antiga Chácara do Curtume, eram mortos os animais para venda da carne, e com as condições de higiene da época, em pleno século 19, o forte cheiro e a presença de urubus faziam o lugar ser muito ruim de ser frequentado. 
     O Matadouro Público era composto de “duas casas para administração, dois currais, dois pátios e quatro casas para abate”. Em 1881, o matadouro foi transferido para o bairro de Santa Cruz, onde passou a funcionar por décadas, até ser desativado. Após deixar de ser utilizado para o abate de animais, no Largo do Matadouro, a construção foi demolida. Restou no local apenas o pórtico do Matadouro, atribuído ao arquiteto José Maria Jacinto Rabelo, localizado atualmente junto à Escola Nacional do Circo, na Rua Elpídio Boamorte. 


     Sem a presença do matadouro, o nome do local foi alterado para ‘Praça da Bandeira’ em 1911, por determinação do então prefeito do Distrito Federal, Bento Ribeiro, atendendo à solicitação de uma comissão de moradores. De acordo com o jornal ‘Correio da Manhã’, em sua edição de 19 de novembro daquele ano, a mudança foi oficializada pelo Decreto nº 842. 
     A justificativa alegada para a mudança foi ter sido naquele local onde passaram a se realizar as primeiras cerimônias festivas em homenagem àquele símbolo nacional, em 1908. Era um momento de fortalecimento do espírito nacionalista da recém-implantada República. Vejam as minhas fotos e as antigas, em preto e branco. fr 
(Fontes de referência: Wikipédia; texto “Do Largo do Matadouro à Praça da Bandeira”, de Luiza Ferreira, gerente de pesquisa do Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, publicado na página da Brasiliana Fotográfica, em 13/7/2018; texto de Marcello Ferreira, publicado no grupo ‘A Tijuca de antigamente’, no facebook.)

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