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sábado, 25 de setembro de 2021

"Eva Luna", Isabel Allende

“Eva Luna”
, Isabel Allende, tradução de Luísa Ibañez; Rio de Janeiro, editora Record, s/ano, 328 páginas (Coleção Mestres da Literatura Contemporânea, vol. 12).
      O livro é narrado pela personagem-título, Eva Luna, que conta passagens de sua vida desde o seu nascimento, e se passa em um país da América do Sul, não informado, na primeira metade do século 20. Em meio a muita instabilidade política, esse país vive um período de censura e pouca democracia, e bem pode ser o Chile, país da autora, ou qualquer outro país vizinho, também mergulhado em ditaduras.
      Eva relata suas experiências trabalhando em casas de pessoas com mais posses, inicialmente com a mãe e, depois da morte dela, nos anos seguintes. Aos nove anos, conheceu Huberto Naranjo, um menino dois anos mais velho, que vivia na rua fazendo pequenos trabalhos e depois vivendo às custas de furtos e atividades desonestas, chegando aos 16 a ser chefe de uma quadrilha.
      Os dois ficaram anos sem se ver novamente, mas após Eva abandonar a casa de um ministro para quem trabalhava por se cansar de ter que limpar até as suas necessidades físicas, ela o encontrou novamente. Huberto, ainda um adolescente, a deixou com uma amiga, dona de uma casa de prostituição, para que ela cuidasse de Eva, com a condição de mantê-la longe da prostituição.
      Eva conheceu Mimi, um artista transformista, de nome Melécio. Meses depois, porém, a polícia passou a exigir mais dinheiro para deixar o local funcionar, e Eva teve que deixar a casa. Na rua, encontrou Riad Halabí, um imigrante turco próspero, que tinha lábio de leporino. Ele levou Eva para a sua casa, a fim de fazer companhia à esposa, Zulema, unidos por um casamento arranjado, em que apenas Riad a amava, mas não era correspondido.
      O comerciante turco ensinou Eva a trabalhar em sua loja, atendendo os fregueses, pediu a uma professora que lhe ensinasse a ler e a escrever, comprando-lhe livros e revistas. E, enfim, ela foi registrada em cartório, o que nunca tinha sido feito pela mãe. Eva Luna começou a desenvolver um prazer que tinha desde muito criança, criar estórias. Ela amava Riad Halabí como um pai.
      Zulema traiu o marido com o primo dele, Kamal, que foi enviado pelo pai para viver naquele “remoto país da América do Sul” a fim de fugir da difícil realidade em sua terra natal. Envergonhado por trair o primo, Kamal abandonou a casa, e Zulema entrou em grande depressão, sofrendo pelo amor que nunca teve, passando a ser cuidada por Eva, então com 15 anos, e que já passara a ver Riad de uma maneira diferente, apaixonando-se por ele.
      Dois anos depois, Zulema cometeu o suicídio, e Eva foi injustamente acusada de assassinato, sendo presa. Para tirá-la da cadeia Riad precisou subornar a polícia. Eva e Riad passaram uma noite juntos, mas no dia seguinte ele lhe disse que não podiam continuar morando na mesma casa, já que a população do local estava acusando Eva de ter matado Zulema para ficar com o marido. Após cinco anos, os dois se separaram.
      Eva Luna voltou para a capital, e passou a morar com Mimi, que tinha se tornado uma artista de muito sucesso, passando a trabalhar durante o dia e escrever contos à noite. E reencontrou Huberto, agora um guerrilheiro lutando contra o governo, conhecido como o comandante Rogélio, e passaram a manter encontros esparsos. O livro relata também a vida de Rolf Carlé, que deixou a Europa após o pai ser assassinado, um professor que abusava da sua mãe e era odiado pelos alunos, que acabaram por matá-lo.
      Carlé foi para esse mesmo país da América do Sul, morar com os tios, passou a trabalhar com um jornalista e cineasta, e tornou-se uma figura conhecida nacionalmente no noticiário. A ditadura foi derrubada, mas em seu lugar assumiu um governo que convivia com figuras do antigo regime, repetindo erros do passado. Rolf Carlé passou a cobrir a guerrilha, e conheceu Huberto e, mais tarde, Eva Luna. Mimi faz sucesso com atriz de novela e Eva passa a escrever roteiros para a televisão.
      Huberto é ajudado por Mimi e Eva para realizar um ambicioso resgate de presos políticos de um presídio, que consegue ser bem sucedido. Eva escreve o roteiro de uma novela em que relata passagens de sua vida, inclusive os do resgate, contrariando o governo. Huberto segue na vida clandestina, e Rolf e Eva descobrem-se apaixonados.
      O pai da escritora Isabel Allende era primo-irmão do presidente chileno Salvador Allende, deposto pelo golpe militar do general Augusto Pinochet, em 11 de setembro de 1973. Fica o registro da minha leitura. fr

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