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domingo, 21 de novembro de 2021

Leitura do livro: "O lobo da estepe", Hermann Hesse

“O lobo da estepe”
, Hermann Hesse, tradução de Ivo Barroso; Rio de Janeiro, editora Record, s/ano, 224 páginas (Coleção Mestres da Literatura Contemporânea, vol. 19).
       Harry Haller é um “velho” de cerca de 50 anos, erudito, doente, insociável, que bebia e fumava muito. Solitário, abandonado pela esposa, ele se referia a si próprio como o “lobo da estepe”: “Sou, na verdade, o Lobo da Estepe, como me digo tantas vezes – aquele animal extraviado que não encontra abrigo nem alegria nem alimento num mundo que lhe é estranho e incompreensível”.
       A história foi publicada pelo sobrinho da proprietária da casa onde Harry morou por algum tempo, em um quarto alugado, e de onde saiu deixando um manuscrito relatando as suas experiências. Apesar de viver na burguesia, tinha ódio a ela, assim como era radicalmente contra as guerras, o que lhe trazia grande antipatia por parte de muitos. Triste, deprimido, pensava em suicídio: “O passado não me causava lástima. Lastimáveis eram o agora e o presente, todas essas horas e dias incontáveis que eu perdia, que eu vivia em sofrimento, que não me traziam nenhuma dádiva nem a menor comoção.”
       Em seu manuscrito, Harry Haller relata o período em que conheceu Hermínia, uma jovem mulher que o aproximou de um mundo muito distante. Ela lhe ensinou a dançar, algo impensável para alguém que não costumava sequer sorrir, e lhe mostrou como era possível ser feliz, mesmo que por pouco tempo. Assim como Harry, Hermínia se identificava com as características do “lobo da estepe” e pediu, em troca, que ele cumprisse uma última vontade, que ele a matasse.
       O livro foi lançado em 1927, e Hermann Hesse (1877-1962), escritor alemão, recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1946. Em “nota do autor” acrescida ao livro em 1961, ele lamenta que muitos não compreenderam o livro:
       “(...) Contudo, parece-me que de todas as minhas obras, o Lobo da Estepe é a que vem sendo mais frequente e violentamente incompreendida, e o curioso é que, em geral, a incompreensão parte mais dos leitores entusiastas e satisfeitos com o livro do que dos leitores que o rejeitaram. Em parte, mas só em parte, isto pode ocorrer com tal frequência em razão de este livro, escrito quando eu tinha cinquenta anos e tratando, como trata, de problema peculiares a essa idade, cair não raro em mãos de leitores muito jovens.
       Mas, entre leitores da minha própria idade, também tenho encontrado com frequência alguns que – embora bem impressionados com o livro – só percebem estranhamente apenas uma parte do que pretendi. (...) O livro trata, sem dúvida alguma, de sofrimentos e necessidades, mas mesmo assim não é o livro de um homem em desespero, mas o de um homem que crê. (...)” fr

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