“Todos os fogos o fogo”, Julio Cortázar, tradução de Glória Rodrígues; Rio de Janeiro, editora Record, s/ano, 157 páginas (Coleção Mestres da Literatura Contemporânea, vol. 18).
Livro lançado em 1966, com oito contos do escritor, tradutor e professor argentino nascido em Bruxelas, na Bélgica, Julio Cortázar (1914-1984). No conto “Senhorita Cora”, os narradores vão alternando, e mudam no mesmo parágrafo, e até mesmo em uma mesma frase.
Em “A saúde dos doentes”, uma família de Buenos Aires esconde de uma idosa com problemas de pressão e diabetes notícias ruins sobre os seus parentes. Quando a tia Clélia ficou doente e precisou ser internada, inventaram uma viagem de descanso ao interior.
Pior ainda, não contaram à idosa que o filho, Alejandro, havia morrido há quase um ano em Montevidéu, vítima de um desastre de automóvel. E criaram uma história para tentar justificar a sua ausência por tanto tempo: o rapaz, engenheiro, havia viajado para trabalhar em Recife, no Brasil, e não tinha tempo para tirar férias.
Até mesmo datilografar supostas cartas do filho à mãe, contando como estava, fizeram; e elas eram enviadas de Recife pelos Correios por um conhecido. Tia Clélia também morreu. E as mentiras prosseguiram para evitar o sofrimento da idosa, até a sua própria morte.
“Três dias depois do enterro chegou a última carta de Alejandro, na qual, como sempre, perguntava pela saúde de mamãe e de tia Clélia. Rosa, que a recebera, abriu-a e começou a lê-la sem pensar e, quando levantou os olhos, porque de repente as lágrimas a cegavam, percebeu que enquanto lia a carta estivera pensando de que forma haveriam de dar a Alejandro a notícia da morte de mamãe.” fr
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