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sábado, 15 de janeiro de 2022

Artigo de 1859 sobre D. Pedro II pode ser de Machado de Assis


       Um texto destacando a importância do imperador D. Pedro II publicado em “O Espelho” em 1859 foi apontado por uma pesquisadora da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) como podendo ser de autoria de Machado de Assis. A publicação é uma revista de literatura, modas, indústria e artes, e como o artigo não está assinado não chamou a atenção até a estudante de mestrado encontrá-lo, há alguns anos. A sua tese foi sobre a produção editorial da revista no período de 1859 a 1860.
       O texto foi publicado no número 10 da revista, em 6 de novembro de 1859, quando Machado de Assis tinha apenas 20 anos e ainda não era tão conhecido como escritor. O indício mais forte que leva a pesquisadora acreditar que o texto é do escritor foi a divulgação no número 6 de uma nota em que a revista anunciou que iniciaria a publicação de biografias, e que o “biógrafo” seria o sr. Machado de Assis. Nos próximos números não foi publicada nenhuma biografia, a primeira foi justamente sobre D. Pedro II.
       Machado de Assis foi justamente o colaborar mais assíduo da revista, tendo 38 textos seus publicados em quatro meses. No texto sobre o imperador, o escritor ressalta logo no início que não se trata de uma biografia: “Não é, pois, uma análise completa da vida do Imperador, que aqui pretendemos traçar: esta tarefa pertencerá mais tarde ao historiador”. A sua intenção foi relacionar os mais importantes momentos da vida de Dom Pedro II, sem analisá-los.
       Importantes dados de sua vida, como o seu nascimento; a declaração da maioridade legal para assumir o trono e a sua coroação; o seu casamento por procuração com a princesa Leopoldina, em Nápoles, na Itália; e o nascimento de seus quatro filhos, sendo que dois deles morreram ainda crianças. A mais velha, a princesa Isabel, era a sua herdeira e deveria assumir o trono, o que acabaria não acontecendo devido à proclamação da República, em 1889. A sua irmã era a princesa Leopoldina.
       O artigo é bastante elogioso a D. Pedro II, destacando o seu comportamento abnegado, e afirmando que ele chegou a abrir mão de construir um grande palácio para seu uso pessoal, destinando o dinheiro em benefício do país. E a sua constante preocupação com o povo, estando sempre a seu lado, principalmente durante os momentos de calamidades, quando muitos morreram. “Só Deus sabe quanto aquele coração se afligiria! Só Deus sabe o sentimento que ia ali dentro, quando, esquecendo-se de si mesmo, como Cristo, descia até a choupana de pobre para com mão amiga consolar os sofredores”.
       Elogia ainda a religiosidade e o amor do imperador a seu país, além da defesa da literatura nacional e de seus escritores. O texto afirma ser D. Pedro II amado pelo seu povo, e finaliza enumerando as condecorações recebidas por ele de vários países, em reconhecimento às suas “eminentes qualidades”. Enfim, esse artigo tem a sua importância por ser provavelmente da autoria daquele que é considerado o principal escritor brasileiro, Machado de Assis, a respeito provavelmente do também mais importante governante que o país já teve, D. Pedro II. fr  

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